segunda-feira, 30 de junho de 2014

Nota dez para a alma e cinco para o corpo


Bela visão do escritor e jornalista Ruy Castro para o Futebol brasileiro no Mundial. Ficou emocionado por tudo que viu diante do Chile. As reações comoventes em lágrimas dos jogadores encorpados em um objetivo, depois da dramática classificação. Conseguiram passar o sentimento para todos os brasileiros no estádio e cantos do País. Ainda destacou a emoção no momento da execução do Hino Nacional. Uma comoção geral. Para ele, não tem como não dar nota dez para tudo que nossos olhos estão tendo a oportunidade de contemplar. Maravilhoso. Mas em seguida ele questiona o corpo. É aquela questão que os críticos observam  há anos sobre o Futebol brasileiro. E a bola? Ela está fazendo questão de fugir da nossa qualidade e consequentemente o nosso corpo não pode receber mais do que nota cinco para o que estamos produzindo dentro de campo.

A Seleção Brasileira tem decepcionado. Há a pressão natural por estarmos em casa, talvez nosso maior adversário, por não termos uma Seleção experiente, como destaquei nos primeiros artigos sobre o Mundial. Apoiamos Felipão quando ele deixou de fora Ronaldinho Gaúcho, Kaka, Robinho e outros, mas e agora? Na bola, eles não têm mais a eficiência, mas a história mostra que sabem enfrentar estas pressões.

Um time campeão não pode em quatro jogos obter duas vitórias e dois empates, marcar oito gols e sofrer três. Poderia até com esta campanha estar seguro, mas a questão é que nas vitórias não convenceu e nos empates poderia ter sido engolido. A pressão é enorme para este jogo de sexta-feira contra a Colômbia, que tem vencido e convencido. Mas a gente sabe como é o Futebol. Nem sempre este retrospecto indica o vencedor. Esta é a grande chance do Brasil, principalmente se a história entrar em campo mais uma vez. A que fim chegamos. É a nossa chance para obtermos uma vaga nas semifinais. Um quadro triste para quem no passado entrava em campo para dar espetáculos, vencer e seguir naturalmente para as conquistas. Os cinco títulos dizem tudo.
  
Os gigantes vão chegando

Os primeiros resultados das oitavas de final mostram o poder das grandes potenciais do Futebol mundial. Os emergentes tentam e não conseguem. Brasil e Holanda já estão nas quartas. Apenas a Costa Rica quebrou esta regra, derrotando a Grécia, que também seria um estranho no ninho. Hoje passaram também França e Alemanha, com sufoco. A Argentina vem por aí. A grata surpresa é a Colômbia. São quatro vitórias. Está se sentindo em casa. Se passar pelo Brasil naturalmente terá de ser vista como um gigante querendo chegar para ficar. 





sábado, 28 de junho de 2014

Tem de ser no grito

                                                                   

Está faltando futebol a Seleção Brasileira. Nosso desempenho não é ainda de time campeão. Apenas emocionalmente recebe nota dez, mas não é o suficiente para ganhar uma Copa. Vamos precisar de uma melhor estrutura tática e técnica e crescermos coletivamente. O modesto Chile quase nos tirou do Mundial. Foi justo o empate por 1 a 1 e nos pênaltis (3 a 2) a sorte esteve ao lado dos brasileiros. Esta é a verdade. Agora vamos ver como será o comportamento contra a Colômbia, que está jogando e convencendo. São quatro vitórias;

Não estamos aqui para passar nenhum tipo de ilusão ao torcedor brasileiro. Neste ritmo nossos dias estarão contados. Vamos morrer nas palavras, porque nossa bola não apresenta o tamanho desejado para o vencedor.

Um torcedor do Rio de Janeiro, mais de 50 anos acompanhando Futebol, flamenguista, foi muito objetivo ao analisar o que estava acontecendo com o Brasil, com dificuldades para se impor diante do Chile, no Mineirão. “Nos faltam craques. Temos apenas um e se ele não joga fica terrível”. Cem por cento de precisão. É isso mesmo. O Chile errou muito na saída de bola, com passes errados. Foi emocionalmente muito pressionado, tentou ganhar no coração, mas se tivesse uma melhor qualidade técnica nos 90 minutos teria feito à vantagem e deixado o Brasil batendo palmas. Não há sequer nos quatro primeiros jogos um item que podemos apontar como de perfeição.
Nossa melhor atuação foi contra o fraco Camarões, que nos deu espaço para jogar. Fernandinho, que entrou no segundo tempo, e fez um dos gols da goleada por 4 a 1, já diante do Chile não foi aquela bola toda. Tão normal que se fosse com Paulinho o time poderia ter fluido mais.

Tudo caminha para que tenhamos de impor no grito, na pressão, partindo com tudo e às vezes até com um futebol suicida. Façam uma análise voltando no tempo e lembrarão da Alemanha, em 1974; Argentina, 78; e França, em 98. Quando faltou bola, o que ainda não tivemos, estas Seleções ganharam no grito.

Para encerrar, no ano passado, o Atlético foi o campeão da Copa Liberadores com um time modesto, mas na hora de decidir no mata mata, uma estrela brilhou a cada jornada. Victor, Ronaldinho Gaúcho, Tardelli, Leonardo Silva, Jô e Bernard fizeram a diferença, diferencial que está faltando para o Brasil. Exceto quando a bola chega aos pés de Neymar. Hoje Júlio César na defesa de dois pênaltis. É muito pouco. O jogo teria de ter sido decidido no tempo normal.










sexta-feira, 27 de junho de 2014

O saldo não poderia ser melhor



A primeira fase do Mundial está concluída e o saldo não poderia ter sido melhor. Na visão dos especialistas da bola, como o competente técnico italiano Fábio Capello, que não conseguiu levar a Rússia para a segunda fase, depois do empate por 1 a 1, com a Argélia, esta é a melhor Copa desde 1970. Pelo nível técnico, aplicação dos jogadores, alguns diferenciados, participação dos torcedores e cenários dignos para os espetáculos. Palavras dele: “Um espetáculo”.

E vejam que a partir de agora é que teremos realmente os jogos mais equilibrados e com as Seleções mais exigidas, o que naturalmente vai elevar o nível técnico dos jogos. Errar será proibido. Foram embora 16 times. Alguns farão muita falta. Iriam abrilhantar ainda mais a festa, como as campeãs Itália, Espanha e Inglaterra, além das tradicionais Rússia, Portugal (nunca a vi como gigante) e Camarões. O Futebol africano, com três Seleções fora, conseguiu classificar Nigéria e Argélia. Uma façanha. Foram embora Camarões, Gana e Costa do Marfim, que vieram com muitos problemas internos e até com ameaça de greve dos jogadores por compromissos financeiros não honrados.

O destaque fica para a América do Sul, liderada pelo Futebol do Brasil, Argentina e Colômbia, os três invictos e postulando a finalíssima. Os colombianos são a mais grata surpresa, com três vitórias irretocáveis, fortalecidos pela presença de 30 mil torcedores no País.

Chama mais a atenção Brasil x Chile amanhã, no Mineirão. Um duelo para  preencher todas as expectativas do mundo da bola. O Brasil é o mais forte. Tem tudo para ganhar, mas se a vitória for chilena, com certeza, vai ganhar toda a força para chegar a uma finalíssima pela primeira vez, mesmo não tendo um time nota dez. Apenas determinado e obediente taticamente, o que tem feito a diferença. Se a história entrar em campo vai ficar mais fácil para o Brasil.  

É uma Copa tão bela, que nem a mordida de Suarez deixa manchas. Apenas os uruguaios estão com o coração doído, porque seu artilheiro fará falta.





De leve, uma de Romário


Lúcio dos Santos, também chamado de Tito Zagalo pelos amigos, foi um dos maiores incentivadores do Futebol Feminino nos Anos 80, em Minas Gerais. Chegou a armar um time forte no Atlético, com o apoio do diretor de esportes especializados, Carlos Moreira. Nas horas vagas, Lúcio também preparava times em Belo Horizonte (um junta junta) para jogar no interior, levando ex-jogadores, jornalistas, artistas e quando as cidades exigiam na caravana iam estrelas de outros Estados para abrilhantar as festas. Participei de algumas. Uma delas, em Lavras, com Kafunga, Telê Santana, Reinaldo etc.

Com o apoio de Carlos Alberto Silva, que tinha sido técnico de Romário na Seleção Brasileira (sua estreia foi em 1987, contra a Irlanda, lançado pelo treinador mineiro) e do falecido Gilberto Santana, outro que fazia parte dos maravilhosos programas, Lúcio conseguiu contratar para uma das viagens a Zona da Mata mineira, nada menos do que Romário. O baixinho dava os primeiros passos no Futebol, com destaque, jogando pelo Vasco e já tinha suas histórias. Ele aceitou jogar, já que era período de férias e iria levar um troco. Mas, na verdade, jogou pelo prazer, como diz Neymar. A vontade de tocar na bola fascina, principalmente para os iniciantes. Não há cansaço. Jogar hoje e amanhã é festa.  Se a bola fosse algo proibido, muitos a levariam para casa e dormiriam abraçados a ela. Romário estaria na lista dos primeiros.

Ele chegou à cidade com sua simplicidade, trocou de roupa no acanhado vestiário e foi para o campo. Para marcá-lo um zagueirão de quase dois metros, que batia até na sombra. Romário tentava e não dava nada. Depois de tudo foi muito engraçado ouvi-lo contar o que aconteceu com o seu marcador.  No primeiro tempo poderia dizer que nem entrou em campo, totalmente anulado. Quando o árbitro apitou o final da primeira etapa, o craque não hesitou e disse ao zagueiro: “Meu amigo. Você joga muito. Não pode ficar aqui. Tem é de jogar no Rio”. O rapaz assustou e abriu bem os olhos. Ficou sem entender. E falou: Será que estou jogando tanto assim? O astro começou falando que ele deveria ir para o Bangu. Para empolgá-lo garantiu uma vaga como titular no Vasco. Ele não acreditou. Romário esperto pediu ao promotor do jogo que recomendasse ao becão para não bater tanto. Mas nem foi preciso porque o rapaz ficou tão fascinado  e emocionado que na segunda etapa nem teve força para tocar na bola.
Romário fez o que quis. Mais de cinco gols. Produziu o espetáculo que o torcedor pagou para ver. Foi carregado para o vestiário e na festa apareceu o zagueiro, já com a sua malinha, pronto para a viagem até o Rio. Tímido se dirigiu ao craque. Romário olhou, olhou e levantou a cabeça, indagando o jogador de pelada ou baba como dizem os baianos. Silêncio total para ouvi-lo: "Cara não estou entendendo o que você está falando ". O zagueiro então repetiu alto o diálogo do intervalo. Todos ouviram. Era o que o craque desejava. A partir daí, foi só farra no vestiário. O rapaz timidamente deu as costas e foi embora. Assim era Romário. Mas tem muito mais.





quinta-feira, 26 de junho de 2014

Agora teremos futebol de Copa


Ainda restam quatro jogos para ser concluída a primeira fase do Mundial, mas a disputa já está sendo chamada de Copa das Copas pelos gols (média de quase três por jogo), estádios cheios, belos espetáculos envolvendo os torcedores, uma integração social mundial e um nível técnico que agrada. Aqueles que viveram a experiência de um Mundial dentro de campo mandam o aviso: “Copa começa agora”. Não tenho nenhuma dúvida. Melhor para o Futebol. A emoção vai tomar conta do mundo da bola. Agora, em dose dupla.

O melhor de tudo é que algumas estrelas estão chamando a responsabilidade e fazem com que o show fique completo quando a bola está nos pés. Exemplos de Neymar, Messi, Di Maria, Robben, James Rodriguez, Benzema, o suíço Shaqiri e o alemão Schweinsteiger, este último chegando aos poucos.

Não cito nenhum chileno, costarriquenho ou mexicano, porque a força de suas equipes está no futebol de solidariedade, uma integração de setores ou conexões, como queiram, com muita aplicação. Também os uruguaios estão ausentes na lista, porque vejo o Cavani como um jogador completo pelos fundamentos, força física, mas não um diferencial no talento. Ainda poderíamos destacar Suarez. Porém, precisamos saber se será punido ou não pela Fifa. É um finalizador, que acrescenta muito para o Futebol, especialmente para o Uruguai, mas sua atitude, uma possível mordida no italiano Giorgio Chiellini mancha sua passagem pelo Mundial. Pode até sepultar a bela imagem do goleador nos dois gols que ele fez na vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra e que salvou seu País.

A exemplo do Brasil, a Argentina cresce, fortalecida emocionalmente pelo apoio recebido pela sua massa torcedora na vitória por 3 a 2 sobre a Nigéria, em Porto Alegre. Caminha para ser uma Copa da América, caso tenhamos também os Estados Unidos nas oitavas de final. Apenas o Equador foi embora da América do Sul e mais Honduras, da América Central. Para ambos, faltou futebol.

Punição merecida
 
Luis Suarez pediu e recebeu a punição merecida da Fifa: nove jogos, mais quatro meses suspenso do Futebol, além da multa de 100 mil francos suíços. O Mundial não terá mais seu futebol. Que seja um aviso para aqueles que estão esquecendo da bola para praticar o antijogo.





quarta-feira, 25 de junho de 2014

Jogar pelo empate é pedir para perder

Carlos Barria/Reuters

Nos capítulos de ontem do Mundial, Colômbia 4 x 1 Japão;  Grécia 2 x 1 Costa do Marfim; Uruguai 1 x 0 Itália e Costa Rica 0 x 0 Inglaterra, o que mais chama a atenção é a derrota das equipes que tinham a vantagem do empate para seguir em frente e terão de voltar para casa. Sempre se fala no Futebol que não se pode ser covarde. Tem de jogar em busca do gol: aqueles que tentam ficar atrás, esperando o tempo passar para garantir um placar, acabam pagando um preço muito alto. Costa do Marfim e principalmente a Itália poderiam ter sido melhores sucedidos. Uma decepção muito grande, especialmente para os italianos que nos dois últimos Mundiais saíram na primeira fase.

Apostava muito na Itália, depois do fracasso de 2010, na África do Sul, mas como comentou o ex-zagueiro William, no Sportv, ficou claro que depois de duas derrotas em três jogos em Mundiais, havia problemas internos no grupo. Foram pouco compromissados com uma conquista ou pelo menos com uma campanha dentro da grandeza da Itália. O melhor exemplo foi o goleiro Buffon . Como lutou. Como desejou que sua equipe desse a alegria da vitória ao seu povo. Não com apenas palavras, mas com o comportamento dentro de campo. A Itália é um gigante. Perde o Futebol, porque na etapa final, em grande fase, poderia nos contemplar com belos espetáculos.





segunda-feira, 23 de junho de 2014

Hoje, festa. Depois, tem de ter bola


O Brasil fez a sua melhor partida no Mundial e goleou Camarões por 4 a 1,em Brasília, chegando as oitavas de final para enfrentar o Chile, sábado, no Mineirão. Os chilenos, no último amistoso de nossa Seleção, no Mineirão, 24 de abril de 2013, com Ronaldinho Gaúcho em campo, conseguiram um empate por 2 a 2, num jogo equilibrado e de dificuldades para o Brasil. Foram muitas vaias. Não se pode garantir que somos hoje o mais equilibrado entre os 16 times que chegam às oitavas, mas fortalecemos.  

Ainda é cedo para dizer que seguimos firmes para o hexa, porque algumas peças precisam evoluir – laterais, Oscar, Hulk e Fred. O diferencial é Neymar. Um show e eficiente com seus gols.  Diferente dos outros 10. Mas espero que os demais façam o seu melhor, assim nossa Seleção estará a cada jogo mais fortalecida. O que será necessário, porque o grau de exigência agora será muito maior. 

Que o torcedor brasileiro faça festa hoje, mas saiba que nossa Seleção terá de trabalhar com todos os cuidados possíveis e o técnico Felipão estudar bem o que terá pela frente. Não sou técnico, mas como a maioria dos brasileiros faço a seguinte leitura do jogo para sábado: os chilenos virão para marcar forte, atrás da linha da bola e de posse dela atacar no máximo com oito jogadores, no mesmo ritmo, os 90 minutos. Para o Brasil, o segredo será fugir desta marcação e impor nosso jogo. Vamos conseguir? Não sei. Mas ficou claro que, depois da goleada sobre os camaroneses, subimos de cotação. A confiança  aumentou.

Nunca vi no Futebol um marketing motivacional tão bem feito pelos jogadores, membros da Comissão Técnica e parte da mídia. Há ainda as peças publicitárias. Tudo muito lindo para emocionar e fazer com que todos nós estejamos seguros de que o hexa está a caminho. Mas, também, ainda há uma certeza: nossa bola ainda não está nas alturas.

Chegou a hora também das previsões e podemos dizer que a Holanda que terá o México pela frente, seguramente estará nas quartas de final.








Mundial 2014 -Tudo muito em aberto



Concluída a segunda rodada da fase de Grupos do Mundial (32 jogos disputados) ainda é cedo para fazermos as previsões, diante das boas surpresas e consequentemente as decepções, como as desclassificações da Espanha, Inglaterra e com o caminho aberto para Uruguai ou Itália e ainda Portugal. Acho que a Itália escapa da degola.

Acontece que este Mundial não se difere dos demais. O que estão fazendo Costa Rica, Chile, México (não garantido na próxima fase), um pouco a Bélgica são filmes que foram produzidos também por Dinamarca, Croácia, Camarões e não levaram nada. Também pelos países que foram sedes, como os Estados Unidos (1994) Coréia do Sul e Japão, em 2002. Na hora da verdade confessaram.

Drama para quem está indo embora e tem de tirar lições para uma recuperação em 2018, na Rússia. Campeã em 2010, a Espanha foi a maior decepção; a Inglaterra, que levantou a taça em 1966, idem. Entretanto, já se sabe que mais uma equipe do Grupo D, Itália ou Uruguai, irá entrar para a mesma relação. Considerada a mais difícil da Copa, esta chave reúne três campeões mundiais. Entretanto, o único com a classificação garantida é a Costa Rica -  a única que nunca venceu a competição. O Mundial-2014 repete a marca da edição de 2002. Naquela ocasião, as seleções da França, do Uruguai e da Argentina foram desclassificadas também de forma precoce.

A verdade é que algumas seleções, mesmo aquelas que conhecemos como gigantes, chegaram derrotadas. Não vieram para disputar o título e com apenas duas rodadas estão de malas prontas. A Itália deixou uma boa impressão nos 2 a 1 sobre a Inglaterra, na primeira rodada. Deu para acreditar. Depois não conseguiu andar diante da Costa Rica e levou de 1 a 0. Conseguiu chegar apenas duas vezes com perigo com Balotelli. Esta não pode ser a postura de time que deseja o primeiro lugar. Portugal, diante dos Estados Unidos, também foi uma decepção nos 2 a 2. Cristiano Ronaldo, maior esperança, foi um atacante de uma única jogada. O cruzamento para o gol de Varela. Assim não dá. Portugal respira por aparelhos.

O empate do Brasil diante do México assustou, porque nossa seleção não jogou, mas o que dizer da Alemanha diante de Gana, depois do empate por 2 a 2? Os alemães são fortes. Primeira fase é isso. As equipes se estudando, adaptando ao clima, ganhando força e depois jogando na hora da verdade. Já aqueles que chegaram como livres atiradores, jogaram com liberdade e conseguiram impor, mas no mata mata a história  será outra. A obrigação de vencer os tornam pressionados. Esperem. Quando chegarmos as quartas de final aí sim teremos Copa.  Por enquanto, apenas a França jogou e não foi sufocada.  







sábado, 21 de junho de 2014

Costa Rica detona os gigantes



Nunca na história dos Mundiais (estamos na 20ª edição), uma Seleção considerada pequena conseguiu eliminar todas as previsões, tornando-se uma ameaça às grandes potencias do Futebol e pode pensar até em terminar entre os primeiros. Não tem ainda o futebol de campeão, mas aparece não como um fantasma. Tem  o poder de  assustar quem está dentro das quatro linhas, mesmo sem usar um arsenal pesado. Que digam Uruguai e Itália.  Seria um novo gigante?  O que lhe condena é a história como um pequeno. Esta Costa Rica é algo para um estudo sobre o comportamento dos atletas que pouco ou nada representam no Futebol, mas conseguem derrubar duas de nossas mais poderosas escolas campeãs com as vitórias por 3 a 1 e 1 a 0.

 
Até então, o mundo da bola vivia com a zebrona de 1950, no Independência, em Belo Horizonte, quando os Estados Unidos derrotaram a Inglaterra por 1 a 0. Claro que houve outros momentos surpreendentes, com derrotas de Seleções tradicionais. Mas, como agora, jamais. A Costa Rica está fazendo uma série. Se derrotar a eliminada Inglaterra, seu último adversário na primeira fase, chegará aos nove pontos, como primeiro absoluto do Grupo e com direito a anunciar para o mundo que tem bola para fazer outras vítimas, independente da cor da camisa. Bom para o Futebol.

Hoje o mais importante não é destacar a queda de mais um gigante, a  Inglaterra, que arruma as malas. O destaque é a Costa Rica, com o futebol da América Central (tem quase 5 milhões de habitantes), sem qualquer tradição em termos de equipes e Seleções. Compete com Managua, Panamá, Honduras, Nicaraguá etc, sem uma maior exigência tática e técnica.  Até então um verdadeiro saco de pancadas. Difícil evoluir, mas a globalização encarregou de nos proporcionar a maior surpresa de todos os tempos, exatamente no Mundial do Brasil. O futebol dos costarriquenhos é simples, com obediência tática. Depois, marcação. Uma boa condição física e vontade. A maioria dos jogadores atua no exterior, mas nenhum em um time de ponta. Não há um irreverente Balotelli, que muitas vezes canta de Galo e não resolve nada. Muito menos o talento de um Pirlo, referindo-se aos italianos. Ou ainda um Suarez ou  Cavani por parte dos uruguaios, mas seu futebol vai atropelando. Foi assim nos dois jogos e como a humanidade é propicia a abraçar e carregar os mais humildes, pelo menos é o que se prega, chegou a hora da Costa Rica.





sexta-feira, 20 de junho de 2014

Roger fala e companheiros assustam


A temporada de 2012 não foi nada boa para o Cruzeiro, sem conquistas e perspectivas. Na linguagem do Futebol se diz: uma draga, mesmo tendo encerrado o Campeonato Brasileiro, na nona colocação, com 52 pontos. Sabe-se perfeitamente que em Minas os dois grandes fazem questão de um não tirar o olho do outro, especialmente quando o rival está em um patamar superior, com conquistas e uma boa equipe. O Atlético conquistou o Campeonato Mineiro e partia para um Brasileiro seguro (foi vice-campeão) e o Cruzeiro logo trocou de técnico para o Brasileiro: Vagner Mancini por Celso Roth.

No meio da temporada, exatamente no dia 19 de junho, o armador Roger foi à sala de imprensa (não seria um dos convocados para a entrevista, porque não estava entre os titulares) e anunciou, chorando, seu desligamento e, ainda, o fim da carreira. Uma turbulência porque aquilo não estava relacionado à pauta do dia para os jornalistas. Imediatamente a mente de todos foi buscar o seu histórico no Clube para se descobrir porque ele, aos 33 anos, tomou tal decisão, já que tinha a outra metade da temporada pela frente.  Poderia ser as sequelas dos atritos com o lateral Gilberto, que havia saído nove meses antes? Insatisfação com Celso Roth, o técnico, porque não estava sendo usado? Falta de relacionamento com os companheiros, já que tem uma formação cultural diferenciada em relação aos boleiros? as contusões? o fim do relacionamento com a atriz Deborah Secco, que depois veio a se confirmar ou porque sua cabeça estava bem distante das quatro linhas? 

Um ou dois meses antes, no vestiário, na Toca da Raposa II, ele falou algo que assustou a todos, principalmente àqueles que não sabiam o destino no Cruzeiro para as próximas temporadas. Roger fazia o curso de jornalismo na Faculdade Estácio de Sá (Confidenciou que raramente ia as aulas) e Secco, numa das entrevistas ao programa do Fastão, anunciou que seu marido já estava  com futuro determinado. Seria como comentarista da Globo, no Mundial de 2014. Até falamos a respeito. Então, voltando ao vestiário, Roger disse alto: “Gente, correm muito porque para 2014 apenas eu estou com o contrato garantido”. Ninguém entendeu. Por que um reserva falaria aquilo naquele instante? E completou: “E não serei reserva”.

Já estava seguro de rescindir o contrato e um ano depois seus ex-companheiros souberam exatamente o que ele dizia naquela mensagem no vestiário. Apesar do comentário não ser 100% preciso, porque não tem sido usado no time titular da Globo como comentarista. O posto está com Ronaldo Fenômeno e Casagrande.  Pode mudar daqui para frente, porque ainda resta um jogo da primeira fase, e se o Brasil disputar o título, mais quatro partidas. Mas a tendência é que nos jogos de nossa Seleção, Roger vai bater palmas, como nos seus últimos dias tentando correr atrás da bola.