sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Mãe de Natal pega vassoura para Cincunegui


Os primeiros clássicos no Mineirão, a partir de setembro de 1965, foram espetaculares. Não que sejamos saudosistas, mas os shows eram completos. As torcidas divididas chegavam ao delírio. O Cruzeiro tinha um timaço. Conquistou seu primeiro título nacional, em 1966, a Taça Brasil, derrubando o Santos de Pelé. Disputou a Copa Libertadores pela primeira vez e rodava o mundo em excursões  históricas, graças aos seus talentos, como Natal, Dirceu Lopes, Piazza, Evaldo, Hilton Oliveira, Raul, Marco Antônio, Zé Carlos e principalmente Tostão. O Atlético fazia o possível para tentar acompanhá-lo. Tinha um time razoável, com a necessidade de contratar jogadores experientes e de qualidade. Foi buscar em Montevidéu, no Uruguai, o lateral Cincunegui que já havia atuado pela Seleção de seu País e que tinha um estilo muito peculiar: a bravura celeste. Para ele, a alma estava na ponta da chuteira. Brigava tanto que havia uma suspeita: será que ele não joga sob efeito de algum medicamento (doping)?. Cincunegui era um gigante.

O lateral uruguaio veio especificamente para anular a peça principal do ataque cruzeirense: Natal. Um ponta que pode ser considerado um dos grandes do Futebol brasileiro e seguramente está entre os três melhores de sua posição na história em Minas. Pela dinâmica em campo. Um estilo que tenta ser copiado por Luan, atacante do Atlético. O ponta era rápido, finalizava bem e jogava sempre em direção ao gol. Foi durante quatro anos titular. Jogou na Seleção Brasileira, Corinthians e encerrou a carreira em clubes do Nordeste do País. Cincunegui para marcá-lo usava todas as ferramentas possíveis. Batia muito, mas Natal escapulia e fazia gols espetaculares, mostrando que os grandes jogadores se postam nos jogos decisivos. “Até machucado eu queria estar presente e conseguia fazer a minha parte”, conta com orgulho.

Em um dos primeiros clássicos contra Cincunegui recorda que depois do jogo (vitória do Cruzeiro por 1 a 0), mesmo com marcas por todo o corpo, consequência da dura marcação do rival, ainda no gramado, disse a Cincunegui que haveria uma festa em sua casa, no bairro Pompéia, para comemorar o resultado e ele estava convidado. Para surpresa de Natal, duas horas depois, o uruguaio chegou, todo sorridente. Natal então foi a sua mãe e lhe disse: “Mãe, é o Cincunegui”. Ela não gostou nada. Correu na cozinha, pegou a vassoura e lhe disse: “Como você tem coragem de vir a minha casa depois do que fez com meu filho. Veja as marcas em seu corpo. Vai embora daqui seu animal”. Cincunegui sorriu e soltou mais uma das suas frases:  “Senhora,  seu filho está em meu coração”.  O coração de dona Nadia ficou ainda maior. A raiva voou e ela abraçou o uruguaio. Começou ali uma amizade que perdura até hoje. 

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4 comentários:

  1. Hector Carlos de Los Santos Cincunegui. Nos anos 60 não havia exame anti dopping. Corria 18 kilometros por jogo. Melhor lateral esquerdo do Atlético.

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  2. ...que história fantástica....Alex F.

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  3. Alex,
    Há cada história que não dá para acreditar. Dá para editar um livro. Grato pela presença no blog e acompanhando meu trabalho

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  4. Abraços também para o Silveira. Cincunegui foi um dos maiores da história em sua posição no Galo.

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