sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Lola, o que encantava com a bola e longe dela era um terror


Se alguém falar o nome de Raimundo José Correa no Atlético será um desconhecido, mas se esta pessoa disser Lola, imediatamente receberá como resposta: foi um dos maiores camisas 10 da história do Galo.  Se a pessoa não o viu em ação, já ouviu alguém garantindo: um menino de jogadas endiabradas, técnica e arte. Não tinha medo de cara feia. Tanto que sofreu várias contusões e lesões em que os médicos, na época, devido aos poucos recursos, anunciavam: será difícil ele recuperar suas condições para voltar a competir em alto nível. Foi craque. Fez gols antológicos. Não importava se no Maracanã, contra o Flamengo; São Paulo ou Corinthians, em São Paulo; nos clássicos no Mineirão ou em outros países, como no México. Se o gol era de Lola, tinha o carimbo da genialidade. Deu um show no México, em uma das excursões do Atlético e, em 1974, os mexicanos investiram alto para que ele jogasse pelo América e, em seguida, no Universitário Monterrey, onde foi campeão nacional em 1975. Por sua habilidade e seus belos gols, foi apelidado pela torcida mexicana de "El Torero" (toureiro).  Jogou 196 partidas pelo Atlético e fez 51 gols. Foi campeão nacional de 1971.

Quando abandonou o Futebol – seu último clube foi o Botafogo de Ribeiro Preto, em 1983 - decidiu fixar na cidade do interior paulista, onde fez o curso de Educação Física e, ainda, criou uma escola de Futebol, revelando bons jogadores para o cenário brasileiro. Faz questão de dizer que é “Galo Doido”. Indica jogadores para o Clube. Alguns deles, o goleiro Diego Alves, hoje da Seleção Brasileira – atua pelo Valência, da Espanha; Éder Luís, Lima e Zé Antônio. Sempre há uma promessa chegando a Cidade do Galo com o seu aval e recebe uma atenção especial. Se ele enviou, com certeza, é alguém que merece ser olhado com atenção. Na base atual há jogadores recomendados por ele.

Lola era uma pintura como jogador. Pelé o admirava e o indicou como um de seus sucessores, previsões feitas também para Cláudio Adão, Careca (este que jogou no Cruzeiro) e outros. Em uma outra dimensão, fora de campo, era o tipo que merecia atenção 24 horas, porque ele presente, alguma coisa de estranho iria acontecer. Nos anos 60 e 70 era comum a formação de seleções nos Estados para as disputas nacionais e Lola fazia parte de todas as listas de convocados de Minas. Desde a base, até a do 12 RI (Regimento de Infantaria) do Exército. Em uma delas, a concentração para os treinamentos foi na recente inaugurada Toca da Raposa, em 1973. Lola desaparecia depois dos treinamentos. Quem o conhecia sabia que ele estava preparando algo. Simplesmente andava pelas proximidades, matas fechadas, procurando cobras. As recolhia e guardava em seu quarto. Em uma das noites depois de espalhar pelo menos duas delas em cada um dos quartos, partiu em desespero pelo corredor gritando: “Tem cobras nos quartos”. Ninguém dormiu mais.





2 comentários:

  1. Naquela época também tinha o Dirceu Lopes. Como havia favorecimento aos jogadores paulistas e cariocas, o Dirceu Lopes era sempre convocado na posição, por Minas Gerais, mas o Lola tinha até melhor perfil para Seleção Brasileira.

    ResponderExcluir