Duas boas surpresas

A 55ª edição da Copa Libertadores deu o pontapé inicial com duas boas surpresas: o Independiente Santa Fé, da Colômbia, e o Morelia, do México. Os colombianos confirmaram o bom futebol do ano passado quando chegaram as semifinais da competição. Os mexicanos mostraram um jogo bem agressivo e saíram com a vitória por 2 a 1. Agora será importante vê-los como visitantes, jogando em Bogotá. 

O vencedor deste confronto, válido pela chamada Pré-Libertadores, vai estar no Grupo do Atlético e com todas as credenciais para chegar as oitavas de final. Foram os dois times que mostraram o melhor futebol. Pena que um vai sobrar. 

As outras equipes apenas demonstraram entusiasmo. Botafogo e Atlético-PR, pelos resultados nos jogos de ida, podem chegar à fase de Grupo.

No Campeonato Mineiro, só resta à participação do Nacional e do Tombense para que tenhamos uma ideia exata da competição, mas já é possível antecipar o domínio absoluto dos grandes, como sempre, essencialmente de Atlético e Cruzeiro, que continuam muito a frente dos demais, em todos os sentidos. 

O empate do Atlético por 0 a 0 diante do Minas Boca, em Sete Lagoas, surpreende pela qualidade do Galo e a fragilidade do adversário, mas as circunstanciais determinavam perfeitamente o que foi visto: os donos da casa entusiasmados, correndo muito para conseguir um resultado histórico. Deu certo. Mas vão quebrar cabeça para permanecer na elite. Já os outros resultados da primeira rodada do Estadual foram absolutamente normais.

Estrangeiros, a cereja do bolo

O ex-jogador Seedorf, que deixou recentemente o Botafogo para ser técnico do Milan, fez história no futebol brasileiro

A CBF ampliou de três para cinco estrangeiros por jogo, dentre os relacionados na súmula e os clubes estão tirando proveito. O Vasco é o que tem procurado mais reforços de fora. Já conta com Guiñazu, Montoya, Aranda e Martín Silva, mas o técnico Adílson Batista  vislumbra a possibilidade de mais um reforço internacional. Ainda esta semana pode chegar o quinto. Dois já superaram todas as expectativas: o goleiro Martin Silva, que foi o destaque do Olimpia na Libertadores de 2013 e o colombiano Montoya. Eles fizeram a diferença na goleada por 6 a 0 sobre o Friburguense. Podem dizer que é um resultado que representa pouco, diante da fragilidade do adversário. Mas a verdade é que o Vasco vinha quebrando cabeça e agora há a esperança.

O São Paulo também tem de agradecer ao zagueiro Lugano pela indicação do lateral uruguaio Álvaro Pereira. Como a torcida esperava, já que foi a principal contratação do Tricolor para a temporada, o uruguaio fez uma estreia muito boa no Morumbi nos 2 a 1 no Oeste. Tanto que os primeiros ataques partiram dos seus pés, pela esquerda. O lateral também deu uma assistência, em cobrança de escanteio em que saiu o segundo gol de Antônio Carlos. Muricy o elogiou.

Os estrangeiros estão presentes nos principais clubes do País. É bom que os torcedores saibam que esta é uma decisão que não agrada muito aos jogadores brasileiros, já que muitas portas fecham para eles aqui, mesmo podendo também aproveitar das transferências para o exterior, onde o mercado é livre para a maioria, essencialmente para os países asiáticos e o mundo árabe.

Para os amantes da bola, que fazem questão de aplaudir esta arte, que venham mais, principalmente os diferenciados. Claro que alguns não dão certo, como Forlan e Scocco, mas há um espaço que precisamos preencher. Agora, queiram ou não, com estrangeiros.  Por enquanto, nos clubes. Será triste quando for uma necessidade também para a Seleção.

A bola rola e aumenta a expectativa

Os primeiros jogos do Campeonato Mineiro não apresentaram nada de excepcional. O Cruzeiro venceu sem problemas a URT, mesmo com o placar de apenas 1 a 0. Criou chances do primeiro ao último minuto e deixou a porta bem fechada para o adversário, o que confirma a solidez do esquema tático.

Importante ressaltar que é uma estrutura técnica do ano passado e que a tendência não será a evolução. O América empatou com o Tupi em um jogo complicado para o Coelho, já que o Galo Carijó de Juiz de Fora demonstrou estar organizado e vai dar trabalho. Pode ser a grata surpresa do interior, com dois outros fortes concorrentes: Tombense, que pode vir mais forte ainda em relação ao ano passado e o Boa ao mostrar sua cara, fazendo 2 a 1, no Villa Nova.

Por enquanto, todos estão à espera do melhor, inclusive o Atlético, que vai lutar pelo tri mineiro e faz a estreia quarta-feira, contra o Minas Boca.

Nada a acrescentar

Começa 2014 e os torcedores estão na expectativa. Alguns sonhando alto. Outros apreensivos, já que conhecem as deficiências de suas equipes e começam a temer pelo pior. Não pelo resultado no primeiro jogo do ano (derrota por 3 a 2 para o Madureira), mas pelo desempenho no ano passado, o Fluminense vive uma interrogação.  Sabe que sua defesa é uma das piores da Série A do Brasileiro e o Clube procura sem sucesso reforços. Todos os nomes que surgiram foram vetados por Renato Gaúcho. 

Os outros grandes do futebol carioca estão estacionados. O Botafogo é que perdeu, com a saída de Seedorf. Vai fazer muita falta. O Vasco está envolvido nas eleições presidenciais, o que poderá atrapalhar a caminhada na Série B e, naturalmente, também no Campeonato Carioca. Já o Flamengo, sem o volante Elias, que era o termômetro do time, mesmo com a chegada de Elano e outros seis novos jogadores, não avançou em sua formação para 2014. Apenas, mais uma vez, fortalecido por sua tradição, a massa torcedora e o Maracanã.

No futebol paulista, o Palmeiras foi o que mais contratou, mas individualmente nenhum diferenciado. O Santos deve perder Montillo e conta com Leandro Damião. Também sem a pinta de quem vai brigar no topo. Osvaldo de Oliveira está valorizando a base. Começou o jogo contra o XV Piracicaba com seis da base e terminou com sete. O Corinthians, de Mano Menezes, ainda não apresentou as credenciais de grande. O mesmo aplica-se ao São Paulo, claro que com doses ainda menores. 

O Grêmio não tem a identidade para 2014. Quem vai disputar a Libertadores deveria ter feito muito mais.  Apenas desfez de peças importantes, o mesmo acontecendo com o Inter, este com a política da renovação. Pegou o goleiro Dida, ainda diferenciado.

Diante deste quadro, procurei conversar com algumas pessoas do mundo da bola e elas ainda não têm uma base do que será  2014. O técnico Adílson Batista foi curto e grosso: “Não dá para prevê nada hoje. Nem para aqueles que teoricamente mantiveram a base de 2013”.  Preciso, Souza, aquele que no ano passado estava na Portuguesa e antes foi do Cruzeiro, falou algumas coisas que merecem análises: “O São Paulo não vai dar nada”.  E ele acertou, pelo que jogou contra o Bragantino... Horrível. Outra dele: “Respeitem o Cruzeiro pelo que fez em 2013”. E o Atlético? “Brincando fez a pontuação dos oito primeiros do Brasileiro. E se levar a sério?”. Questionei sobre Ronaldinho Gaúcho: “Tem de ficar porque só acrescenta”. Para completar,  um dirigente, com mais de 50 anos no futebol,  deu sua opinião: “Foi outra jogada de marketing do Galo manter o Ronaldinho. É dinheiro que chega. E o clube precisa”. Agora, tecnicamente, ele está seguro de que o craque não vai apresentar nada de novo.  Pediu para não divulgar seu nome.  Respeitei.  Mais ainda suas palavras. 

Agora vamos ver a bola rolando para saber se 2014 será um ano de ouro ou de algumas decepções.  Para Minas Gerais repetir 2013 a varinha mágica terá de estar presente.

Para um 2014 dos sonhos

É muito importante que o torcedor saiba que para que 2014 seja uma temporada dos sonhos será decisivo o crescimento de todos os times, essencialmente dos três da capital: Atlético, Cruzeiro e América. Se apenas um caminhar para o topo, com certeza, será um ano sem as vitórias desejadas, depois de em 2013 Minas surpreender a todos. As vitórias do ano passado só foram alcançadas devido ao trabalho com seriedade e para repetir o sucesso, as exigências serão muito maiores. Para sermos precisos: muitas vezes é fácil chegar, o complicado é permanecer na ponta. As chances são muitas: Copa Libertadores, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Mas serão necessários muitos ingredientes para que os resultados venham.

A receita inclui decisões acertadas dos dirigentes, sem dar espaço para o chavão usado por alguns jogadores "eles brincam que pagam os salários e nós que estamos treinando e jogando"; trabalho, comprometimento dos jogadores, com humildade e união - os que marcham contra precisam sair do grupo e da comissão técnica e, por fim, a massa torcedora. Sem ela é impossível pensar nas conquistas.

Para começar 2014, algumas informações para que os torcedores façam suas reflexões e saibam que, por exemplo, o Atlético não vai conseguir desbloquear os R$ 54 milhões retidos na Receita Federal, relativos à venda de Bernard. A partir do momento em que o Clube deixou de pagar a dívida do Refis (Programa de Recuperação Fiscal), o órgão apenas usou a receita do Clube, vinda do exterior, para uma quitação, o que é uma praxe. Não há retorno nestas situações. Não há espaço para decisões políticas no caso.

Cruzeiro

O grupo está pronto para começar a temporada. A partir de agora haverá apenas reajustes. A palavra é do presidente Gilvan.

Atlético

O grupo não está formado ainda para a temporada. Dos contratos vencidos, foi renovado apenas um: Ronaldinho Gaúcho. Sinal de que os outros terão destino diferente.

América

Acertou em contratar jogadores em melhores condições físicas e técnicas, também com larga experiência. Jogador não vai mais tentar entrar em forma ao longo da temporada.

URT

O time de Patos de Minas está de volta a elite do Futebol Mineiro e tentou, sem sucesso, contratar um jogador para sacudir sua torcida e começar em alta. Magno Alves, Túlio e Fábio Júnior foram as tentativas e não houve dinheiro para concluir nenhuma delas. Esta é a realidade do interior.