sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Lola, o que encantava com a bola e longe dela era um terror


Se alguém falar o nome de Raimundo José Correa no Atlético será um desconhecido, mas se esta pessoa disser Lola, imediatamente receberá como resposta: foi um dos maiores camisas 10 da história do Galo.  Se a pessoa não o viu em ação, já ouviu alguém garantindo: um menino de jogadas endiabradas, técnica e arte. Não tinha medo de cara feia. Tanto que sofreu várias contusões e lesões em que os médicos, na época, devido aos poucos recursos, anunciavam: será difícil ele recuperar suas condições para voltar a competir em alto nível. Foi craque. Fez gols antológicos. Não importava se no Maracanã, contra o Flamengo; São Paulo ou Corinthians, em São Paulo; nos clássicos no Mineirão ou em outros países, como no México. Se o gol era de Lola, tinha o carimbo da genialidade. Deu um show no México, em uma das excursões do Atlético e, em 1974, os mexicanos investiram alto para que ele jogasse pelo América e, em seguida, no Universitário Monterrey, onde foi campeão nacional em 1975. Por sua habilidade e seus belos gols, foi apelidado pela torcida mexicana de "El Torero" (toureiro).  Jogou 196 partidas pelo Atlético e fez 51 gols. Foi campeão nacional de 1971.

Quando abandonou o Futebol – seu último clube foi o Botafogo de Ribeiro Preto, em 1983 - decidiu fixar na cidade do interior paulista, onde fez o curso de Educação Física e, ainda, criou uma escola de Futebol, revelando bons jogadores para o cenário brasileiro. Faz questão de dizer que é “Galo Doido”. Indica jogadores para o Clube. Alguns deles, o goleiro Diego Alves, hoje da Seleção Brasileira – atua pelo Valência, da Espanha; Éder Luís, Lima e Zé Antônio. Sempre há uma promessa chegando a Cidade do Galo com o seu aval e recebe uma atenção especial. Se ele enviou, com certeza, é alguém que merece ser olhado com atenção. Na base atual há jogadores recomendados por ele.

Lola era uma pintura como jogador. Pelé o admirava e o indicou como um de seus sucessores, previsões feitas também para Cláudio Adão, Careca (este que jogou no Cruzeiro) e outros. Em uma outra dimensão, fora de campo, era o tipo que merecia atenção 24 horas, porque ele presente, alguma coisa de estranho iria acontecer. Nos anos 60 e 70 era comum a formação de seleções nos Estados para as disputas nacionais e Lola fazia parte de todas as listas de convocados de Minas. Desde a base, até a do 12 RI (Regimento de Infantaria) do Exército. Em uma delas, a concentração para os treinamentos foi na recente inaugurada Toca da Raposa, em 1973. Lola desaparecia depois dos treinamentos. Quem o conhecia sabia que ele estava preparando algo. Simplesmente andava pelas proximidades, matas fechadas, procurando cobras. As recolhia e guardava em seu quarto. Em uma das noites depois de espalhar pelo menos duas delas em cada um dos quartos, partiu em desespero pelo corredor gritando: “Tem cobras nos quartos”. Ninguém dormiu mais.





quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Vantagem para Cruzeiro e Flamengo, mas ...



O Flamengo ( 2 a 0 sobre o Atlético) e o Cruzeiro (1 a 0 diante do Santos), saíram em vantagem nos jogos de ida das semifinais da Copa do Brasil. Ambos jogando em casa. A melhor situação é do Rubro Negro que fez dois gols em casa e não levou nenhum. Cheguei a escrever aqui o que está determinado para aquele que deseja ser o campeão: dois grandes jogos (um nas semifinais e outro na finalíssima) para administrar o da volta. Só que a regra não pode ser aplicada 100%. Os vencedores alcançaram resultados perigosos. Terão de jogar bem novamente para que obtenham a vaga na finalíssima. Indiscutível a confortável posição do Flamengo, porque se fizer um gol no Mineirão ficará próximo de repetir o feito do ano passado. Só que o Galo tem uma cartilha vitoriosa que está sendo usada com sucesso: semifinais e finalíssima da Copa Libertadores de 2013 (perdeu os dois primeiros jogos por 2 a 0) e levou ambos para a decisão por pênaltis e, ainda, 2014, quartas de final da Copa do Brasil. Perdeu por 2 a 0 para o Corinthians, em São Paulo, levou um gol de saída no Minerão e mesmo assim chegou ao placar de 4 a 1 e a classificação. Só que os atleticanos têm de ficar atentos porque esta regra um dia vai cair. A torcida flamenguista deseja que seja na próxima quarta-feira. Já a do Galo é que ela esteja mais viva do que nunca.

No Mineirão, o Cruzeiro se impôs diante do Peixe. Não foi com aquele espetáculo capaz de assustar todos os concorrentes, mas o suficiente para deixar o Santos sabedor de que vai necessitar de não operar milagres, mas jogar muito para atingir o seu objetivo. Não vai ser fácil e ainda tem de agradecer ao assistente que acusou impedimento de Júlio Baptista no lance do gol de Ricardo Goulart. Ele errou. E muito. No último texto sobre a Copa do Brasil havia assinalado que exceto o Flamengo, diante do Coritiba, os outros jogos tinham sido limpos, sem qualquer interferência das arbitragens. Já o de ontem no Mineirão fica manchado. Custa caro para um time que esperava fazer uma maior vantagem como mandante. A torcida celeste, porém, está esperançosa. Com razão. O time evoluiu. Está cansado, mas com capacidade para fazer a estrela azul brilhar. O jogo de volta na Vila Belmiro será histórico.

No Maracanã, com Edcarlos quebrando cabeça e Dátolo, muito mais, errando tudo e Levir Culpi o mantendo no jogo, o Galo caiu na armação do Flamengo e, mesmo sendo tecnicamente superior, não aguentou. O placar foi justo. A torcida do Galo ficou decepcionada, mas importante destacarmos que foi um jogo de muitos erros, principalmente de passes. Também um com medo do outro e, no final, o Flamengo achou seu gol para se agigantar. Ganhou tanta força que chegará com autoridade absoluta ao Mineirão para obter mais uma finalíssima. Ao Atlético, restam as promessas de Levir Culpi, um dos culpados pelo fracasso de ontem, se não o maior, porque mexeu em toda a estrutura do time para tentar surpreender e colocou tudo a perder. Ele promete um time capaz de devolver o resultado, com um grande futebol, e a mística de que no Mineirão, o Galo canta alta. E muito alto. Será necessário. O Flamengo é o mais fraco dos semifinalistas, mas na hora decisiva cresce e pode sentenciar o que o jornal Lance publicou depois de confirmado este duelo: “Vem freguês”. Nem tanto. Contudo são provocações que fazem parte dos grandes clássicos.

Decisão histórica do boxe

Minha geração sabe perfeitamente o que estou escrevendo aqui sobre o boxe. Hoje a ESPN, às 21h, apresenta a decisão mundial dos pesos pesados, mitos norte-americanos, imortalizada em documentários, livros e até no teatro, a Luta do Século, Muhammad Ali (Cassius Clay) x George Foreman, no dia 30 de outubro de 1974, com 100 mil pessoas no estádio em Kinshasa, a capital do Zaire (atual República Democrática do Congo), na África Central. No oitavo round, Ali começou a desferir uma sequência de golpes de direita e esquerda, todos no rosto de Foreman, e faltando só dois segundos para o gongo soar, ele acertou violento gancho de direta no queixo do rival. Foreman foi à lona em queda livre, sem conseguir se levantar, na sua primeira derrota em 40 lutas. Vale a pena ver.





terça-feira, 28 de outubro de 2014

Copa do Brasil – Dois grandes jogos e o título


A receita é simples para os quatro times que começam, a partir de amanhã, as semifinais da Copa do Brasil 2014. Precisam fazer dois grandes jogos para a conquista do título e a vaga para a Copa Libertadores.  Há o nivelamento técnico e quem souber fazer a primeira vantagem, bastará administrá-la no jogo de volta. Haja emoções para Cruzeiro x Santos no Mineirão e Flamengo x Atlético, no Maracanã. Interessante é que estes são os times que chegaram por merecimento, sem a participação de terceiros, exceto o Flamengo, ao eliminar o Coritiba nos pênaltis (3 a 2). Perdeu o jogo de ida por 3 a 0 e devolveu o placar no Rio. O Coritiba ficou revoltado com a arbitragem de Wagner Reway pelos pênaltis marcados durante o jogo.

Pela primeira vez no sorteio, o Flamengo não teve a sorte de fazer a decisão em casa. Não sei se é correto referirmos ao fato desta forma ou apontarmos que não foi possível armar desta vez. Mas o clima está quente para o jogo. O jornal Lance estampou em manchete, referindo-se ao Atlético: “Vem Freguês”.  Um Flamengo x Galo decisivo cria-se este clima ainda mais tenso.  O que tem de ser dito no momento é que dentro de campo, o Atlético está melhor preparado, com jogadores e a qualidade técnica. E em um melhor momento. Os pontos no Brasileiro dizem tudo. O Flamengo venceu, com Luxemburgo, cinco jogos seguidos e depois parou em sua limitação. Uma vitória aqui, outra ali e derrotas intercaladas. Não tem uma estrutura para reivindicar muito. Seu poder maior está em sua massa torcedora.  Sem a menor dúvida, o mais eficiente jogador brasileiro.  Para quem duvida, entre no Maracanã e veja. Os boleiros falam: o “bafo vem forte”.

No Mineirão, o Cruzeiro receberá o Santos, empolgado depois dos 5 a 0 que aplicou no Botafogo para chegar as semifinais. Já os celestes caíram de ritmo no Brasileiro e não foram efetivamente testados na Copa do Brasil. Chegou a hora da verdade. O principal trunfo é voltar a jogar no ritmo da primeira fase do Brasileiro. É possível porque o Santos partirá para o jogo e dará espaços. Um duelo muito interessante.  A diferença não será a qualidade, muito menos o fator campo. Chegará a final quem errar menos e aproveitar as chances. Ambos têm a maturidade necessária para um digno desafio de uma semifinal. Ganhou o Futebol.     

Luto

Na última semana perdemos Antônio Nascimento Júnior, amigo de infância, torcedor do América que fez de sua vida um sonho. Trabalhou na extinta TV Itacolomi e na SLU. Fez a sua obra. Pena que nos deixou muito jovem (66 anos) e com um coração alegre que pedia muito mais. 




segunda-feira, 27 de outubro de 2014

De novo os extremos para Atlético e Cruzeiro


A última rodada do Campeonato Brasileiro acentuou novamente os extremos para Atlético e Cruzeiro. Na primeira fase, o time celeste voava e somava pontos. Jogava bem, enquanto o rival quebrava a cabeça com contusões, jogadores fora de ritmo e nada de subir na classificação. Mesmo assim, o discurso estava na ponta da língua: “Vamos disputar o título”. É o que se ouvia dos dirigentes, jogadores, Comissão Técnica. Só os torcedores estavam apreensivos, com razão, porque na temporada anterior o time era eficiente e independente do adversário havia a certeza de que seria mais uma jornada vitoriosa. A Libertadores de 2013 diz tudo.

Agora, reverteu-se a moeda. O Cruzeiro tenta se arrumar e não consegue um ritmo. Já o Atlético, mesmo com muitos desfalques, vai subindo na classificação e aparece com sete pontos atrás do líder. Dormiu as duas últimas noites como vice-líder e pode perder a posição esta noite, caso o São Paulo vença o Goiás, o que será o resultado mais lógico. Apesar de ser um jogo em que o Tricolor terá problemas para se impor.  Agora, ao Atlético resta subir  mais na classificação, somando pontos como visitante. O próximo jogo, diante do Atlético-PR, em Curitiba, será a melhor prova para se estabilizar de vez como um dos times com a vaga para a Copa Libertadores 2015. Vejo que o Galo jamais pensou em outra possibilidade. O que foi dito como pretendente ao título foi apenas para criar o astral de confiança. Um discurso que faz parte do Futebol.

O Cruzeiro terá a chance, diante do Botafogo e, em seguida, contra o Criciúma, ambos em casa, de voltar aos seus grandes momentos. Não importa que seja sem aquele futebol arrasador. Tem é de vencer. E se preparem, porque estes adversários virão com um reforço a mais. Na linguagem do Futebol, com a mala de dinheiro dos sonhadores para tentar neutralizar os celestes.

Chegou a hora decisiva no Brasileiro. Tanto na disputa na parte de cima como na de baixo, que o técnico Vanderlei Luxemburgo chama o da bagunça e dos desesperados. O que posso antecipar é que torcedores de Figueirense, Palmeiras, Chapecoense, Vitória, Botafogo, Coritiba, Bahia e Criciúma devem se preparar porque a disputa entre eles será dramática, com os quatro últimos a caminho do rebaixamento.   

Opinião do torcedor

Mais uma falha. Aliás várias falhas. Assim podemos descrever mais um jogo do Cruzeiro neste final de semana. Impressionante como o Cruzeiro está sendo refém dos próprios erros. Em um jogo onde a preguiça estava nítida em campo, o time do Cruzeiro, conseguiu em um grande esforço ceder o empate ao Figueirense. Cansaço, maratona de jogos, falta de treinamento são as desculpas prontas. A verdade é que um time que está treinando junto a mais ou menos dois anos, está mal posicionado em campo, errando passes e jogando com falta de vontade. Erros que deram ao Figueirense o empate. Erros na escalação de jogadores que estão mal tecnicamente. Erros de posicionamento no time em campo, principalmente da defesa e meio. Displicência na hora da conclusão a gol de seus atacantes. A torcida começa a duvidar da conquista do Brasileiro, a Copa do Brasil está dando como certo a eliminação para Santos. Medo de sofrer uma goleada para o time santista e sua meninada. Acorda Cruzeiro enquanto há tempo!





domingo, 26 de outubro de 2014

Uma caixa de maribondos para Minelli


No Futebol, quanto mais autoritários os técnicos, os jogadores aproveitam para imitá-los em palestras, orientações táticas e técnicas, broncas e nas entrevistas, usando o tom de voz deles. É um teatro. Oswaldo de Oliveira, Joel Santana, Vanderlei Luxemburgo, Ney Franco, Cuca e sua medalhinha, Mano Menezes, Muricy Ramalho, Marcelo Oliveira, Levir Culpi, Givanildo Oliveira, Abel Braga, Luiz Felipe Scolari e Adílson Batista são alguns dos que viram personagens de seus próprios comandados.  No Grêmio, recentemente, Marcelo Moreno pegou no pé de Luxemburgo, o técnico não gostou e o liberou. Foi para o Flamengo e de lá para o Cruzeiro. Há momentos que as gozações são feitas para descontrair o ambiente. Até os técnicos gostam de vê-los em imitações. Alguns profissionais demonstram que não são artistas apenas da bola. No momento, Joel Santana e Luxemburgo são as maiores vitimas dos boleiros.

Mas houve uma época em que os jogadores também assustavam os técnicos, usando mascaras de monstros, durante a noite, nos hotéis onde hospedavam as delegações. Esperavam dar duas, três horas da manhã para que um deles fosse à portaria e solicitasse a chave mestre do apartamento do técnico, que usa quarto individual. Reuniam uns cinco ou seis, porque nem todos são adeptos das brincadeiras. No momento certo, eles abrem a porta e uns quatro mascarados, usando velas nas bocas, se colocam ao lado da cama. Batem na cabeça do técnico e um eles, fala: “Viemos te buscar”. As reações são as mais incríveis. Os técnicos normalmente até que aceitavam cair nestas armadilhas, porque jamais pediram à Diretoria que multasse aqueles que participavam.

Nos anos 80, foi o auge no Atlético. Lá estavam João Leite, Miranda, Nelinho, Reinaldo, Jorge Valença, Catatau, Elzo, Luizinho, Edvaldo,  Cerezzo, Pereira  etc. Os treinamentos eram na Vila Olimpica e os jogadores, em 1984, observaram que no intervalo dos treinamentos, o técnico Rubens Minelli cumpria um ritual. Apitava, liberando os jogadores para que tomassem água ou fossem ao banheiro, próximo do campo.  O técnico sempre ia ao banheiro exclusivamente da Comissão Técnica. Ficava lá uns dois minutos e saia. Os jogadores viram que na Vila Olimpica havia uma caixa de marimbondos e não hesitaram em preparar uma surpresa e oferecer algumas ferroadas para o técnico. Um deles, Miranda, chegou mais cedo para o treinamento, tudo articulado. Ele colocou a caixa de marimbondos dentro de um saco e a escondeu num local próximo ao gramado. Providenciaram que a janela do banheiro ficasse aberta. Eles ficaram esperando o momento do técnico ir para o banheiro. Quando entrou e fechou a porta. Recebeu o seu presente, a caixa de maribondos, jogada  pela janela. Gritou, gritou e saiu de  lá todo vermelho, mais parecendo um pimentão.

Minelli, um dos maiores vencedores do Futebol brasileiro, hoje com 85 anos, não sabe quem foi o autor da farra. Não teve como punir nenhum jogador. Só que não houve mais treinamento, porque o técnico foi para o Departamento Médico. Hoje Nelinho conta a história. Não como o autor, mas apenas relando os fatos. Diz que  ninguém pode imaginar a cara de Minelli. Ele estava transtornado.  Parecia que tinha dito um encontro com um demônio de 100 ferrões. Seu  rosto virou uma bola.





sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Dunga mostra a sua cara

Neymar terá que se adaptar as novas regras de Dunga na Seleção

Quando Dunga foi indicado para comandar a Seleção Brasileira pela segunda vez postei aqui: a pior das opções.  Não pelo seu passado como atleta, louvável e respeitável, mas como técnico. Não tinha nem currículo e já estava no comando para cometer seus erros. Mas jamais os admitiu, como o soberano e dono da verdade. O resultado final foi o fiasco no Mundial de 2010, na África do Sul. O Brasil não convenceu. Foi até longe demais, sendo eliminado pela Holanda nas quartas de final.  Jorginho, aquele que foi lateral da Seleção e do Flamengo, era o seu orientador técnico, já que esta não é a especialidade de Dunga. O negócio dele é comandar. Dar ordens. Apenas isso.

Não deixou nenhum legado – é importante que fique bem claro isso – e mesmo ainda sem nenhum acréscimo em seu currículo, voltou para o comando. O Brasil foi ao fundo do poço, depois do Mundial de 2014. Pelo futebol que jogamos e as humilhações. Nem é preciso repetir os resultados.  As quatro primeiras vitórias no comando do técnico (100% de aproveitamento) eram até previsíveis, diante da necessidade brasileira de alto afirmação, porque bola não deixamos de saber jogar.  Precisamos  de gente capacitada para armar os esquemas, orientar, tirar os espinhos do caminho e determinar:  vamos jogar o que sabemos. E Dunga não tem e jamais terá este perfil.

Como em um grupo escolar, ele agora, apresentou mais uma na Seleção:  a cartilha disciplinar, que veta uso de brincos, bonés, chinelos, uso de celulares em determinados momentos, etc. A Comissão Técnica diz que apenas são ajustes, mas faz questão de expor a cartilha. Por estas e outros é que perdemos nosso lugar no pódio.  O Brasil necessita de professores da bola que sabem ensinar.   Criar, mostrar que tem a sabedoria na mente e na ponta da língua.  Jogador de Futebol, mesmo os da Seleção, sente esta carência. Hoje, Tardelli, Kaká, Robinho, etc estão elogiando o estilo Dunga. Claro que não podem expor o contrário, mas na realidade precisam é passar para o grande público o que mais queremos ouvir: Dunga ensinou que demos jogar assim, assim....

Há coerência nas convocações, o que não podemos negar.  Agora chamou apenas jogadores do exterior para os amistosos contra a Turquia e a Áustria. É bom dar chance para os novos. Mas nem tanto. Foi só Luiz Adriano, do Schakhtar, fazer cinco gols em um jogo para estar no grupo. É muito para a gente que exige uma história de eficiência dentro de campo para ser depois convocado.  Mas, como o mesmo critério não foi usado para a escolha do técnico, é bom esperar estes absurdos. Nem parece Seleção.




quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Outra rodada excelente para o Cruzeiro


Mesmo sem jogar dentro de sua real capacidade, o Cruzeiro teve outra rodada excelente em termos de disputa pelas primeiras colocações. Exceto o Corinthians que derrotou o Vitória por 2 a 1, justiça seja feita, no sufoco, os demais times que estão na parte de cima da tabela não obtiveram os resultados esperados. O São Paulo empatou com a Chapecoense (0 a 0), o Atlético por 1 a 1, com o Bahia e o Internacional levou de 2 a 0 do Flamengo. De repente, o time de Vanderlei Luxemburgo está provando que não é o fantasma apenas dos mineiros, já que derrotou o Atlético e o Cruzeiro, mas os que estão a sua frente estão provando de seu veneno, especialmente no Maracanã. Aviso para o Galo na Copa do Brasil.

Fluminense e Grêmio  conseguiram resultados importantes, especialmente o Tricolor das Laranjeiras que venceu na Vila Belmiro, o que não é fácil, e ainda quebrou uma série de bons resultados do Peixe. Era outro que falava em G-4. Todas as vezes em que aproxima leva uma chinelada e silencia. Não vejo Grêmio e Fluminense disputando as três primeiras colocações. Não que esteja ignorando ambos, principalmente o Grêmio que terá uma boa sequência e poderá subir na classificação, mas a irregularidade destas equipes mostra que não são para a chegada. O Internacional está com cara que tem chances de ser o representante gaúcho na Libertadores. Contudo, restam oito rodadas e haverá surpresas.

O torcedor celeste, depois da vitória por 1 a 0 sobre o Vitória, em Salvador, esperava um Cruzeiro próximo do seu futebol inicial na competição, fazendo com que os jogos sejam totalmente favoráveis, graças à harmonia no toque de bola, aproximação dos setores, poucos passes errados e precisão na conclusão das jogadas. O ritmo caiu e o Cruzeiro não liquidou o Palmeiras como se esperava. Passou por um sufoco, fazendo o gol de empate nos instantes finais. O Brasil inteiro sabe quem será o campeão, porque não há sequer um adversário capaz de ameaçar o líder. O Cruzeiro se dá o luxo de jogar pela necessidade. Foi o que aconteceu em Salvador. Vinha de duas derrotas na competição e precisava reagir. Deu a resposta exata. Já contra o Palmeiras, não que estivesse de salto alto, mas não jogou com aquela ganância pelos três pontos. Passou pelo susto e diante do Figueirense, com certeza, terá de jogar como campeão para eliminar as dúvidas e, ainda, não carregar no futuro aquela frase costumeira usada pelos derrotados: “ ganhou porque não teve adversários”. É melhor ouvir outra: “campeão porque atropelou”. E esta segunda não encaixa na realidade do momento. Foi apenas na primeira fase do Brasileiro.





quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O Galo teve tudo para dormir vice


Na última rodada (29ª) todos os concorrentes do Cruzeiro ficaram torcendo para um novo tropeço celeste e o time aplicou 1 a 0 no Vitória. Foi uma ducha gelada para todos, exceto para os cruzeirenses. Momento de felicidade.  Os atleticanos abriram a rodada ontem, diante do Bahia, em Salvador, esperando que o time alcançasse mais uma vitória. Seria a quarta consecutiva, contando com os 4 a 1 sobre o Corinthians, pela Copa do Brasil. Também pela primeira vez na vice liderança para pontuar mais uma vez o poder do Futebol mineiro. Foi pura ilusão. No final o castigo: o empate por 1 a 1. Fez 1 a 0 e poderia ter ampliado pelo que jogou na segunda etapa. Carlos e Tardelli tiveram a bola do segundo gol nos pés e não aproveitaram. O castigo veio a cavalo. O Bahia aproveitou a chance que teve, nas costas de Marcos Rocha, e fez o gol de empate. Resultado justo.

O Atlético jogou fora mais dois pontos. Aliás, a chance de recuperar os pontos que deixou de fazer contra o Bahia, no Independência.  Com eles, seria vice líder, claro que ainda sem os resultados de hoje a noite de São Paulo, Internacional e Corinthians. Se é que podemos afirmar, o importante é que como visitante somou um ponto e subiu mais uma posição na classificação até conclusão da 30ª rodada. Agora pode ser  superado pelo Corinthians e o Internacional e não terminar a rodada entre os quatro primeiros. Depois do jogo Tardelli ainda lembrou que o Galo distanciou ainda mais do líder Cruzeiro.

Para você que não viu o jogo, é bom que saiba que o Galo criou muitas oportunidades.  Poderia ter feito pelo menos três gols, mas ofereceu chances para o Bahia - um time que tem cheiro de segunda divisão - de reagir e alcançar o empate. Algumas observações:  Dátolo continua errando muito. A bola passa sempre pelos seus pés e ele deveria ter um aproveitamento melhor.  Jogar simples, como Douglas Santos, na lateral esquerda. Viram o preciso lançamento que fez para o gol de Luan. Outro detalhe: Carlos fez alguns bons jogos e não tem aproveitado seu potencial nas últimas partidas. Contra a Chapecoense perdeu gols incríveis. Ontem não foi feliz nas finalizações. Trabalho para você, Levir. Se é um atacante com tanto potencial, já teria de ter repetido atuações como nos 3 a 2 sobre o Cruzeiro. Técnico competente mostra sua capacidade nestas situações.

O Atlético perdeu jogadores que farão muita falta contra o Sport. Mais dor de cabeça para o técnico. Contudo será no Horto, onde o Galo  cresce e poderá chegar aos 54 pontos. Seguramente vai alcançar uma melhor classificação. Para finalizar: Marcos Rocha, você não viu ainda que todos os times jogam apenas em suas costas? E você, Levir, também vai continuar fingindo que não está enxergando?





segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Cruzeiro, uma ducha gelada nos sonhadores

O retorno de Éverton Ribeiro ajudou na reação do time celeste que continua isolado na ponta

O Cruzeiro fez o que está determinado para os times que caminham para o título. Depois de duas derrotas seguidas na competição, conseguiu quebrar a sequência com um resultado fora de casa, 1 a 0 sobre o Vitória, que é mais do que uma ducha gelada para os que ainda sonham em derrubá-lo da ponta. Vitória da superação.  O time celeste tem sete pontos de vantagem sobre o São Paulo, segundo colocado; nove dos que estão com 50 pontos – Internacional e Atlético; e dez do Corinthians, quinto.  A briga pelas vagas na Libertadores está entre eles e outro número que chama à atenção é que mesmo não repetindo na segunda fase do Brasileiro o mesmo aproveitamento inicial, a diferença mínima do Cruzeiro para o segundo colocado foi de quatro pontos. Justamente o São Paulo, quando o Tricolor fez 2 a 0 na Raposa, no Morumbi. Em resumo, não houve uma real ameaça. O Cruzeiro segue absoluto mesmo no período em que esteve em queda.

Agora, no futebol, o time celeste subiu de produção novamente. Não com aquele ímpeto inicial, mas o suficiente para vencer e não deixar dúvidas. O toque de bola de Éverton Ribeiro trouxe novamente qualidade e criação. Jogou com maior sentido coletivo e no campo do adversário. Poderia até ter vencido de mais e defensivamente correspondeu. Que chance real teve o Vitória? Como São Paulo, Corinthians e Atlético venceram e apenas o Internacional caiu diante do Corinthians, a briga segue ferrenha entre eles.  Já o Grêmio não conseguiu fazer gols  no Goiás (0 a 0).  Não pode ser descartado para chegar entre os  primeiros, pela estrutura técnica da equipe e ainda o comando de Felipão. O Futebol gaúcho colocará Internacional ou Grêmio na Libertadores.

Na briga contra o rebaixamento, os sete últimos não conseguiram vencer. O Botafogo empatou e os demais perderam.

O Atlético fez 1 a 0 na Chapecoense, resultado justo. Não conseguiu repetir o desempenho ofensivo dos 4 a 1 diante do Corinthians, o que é mais do que normal. O adversário jogou fechado, sem dar espaços, como sabe jogar e, ainda, porque o Galo está cansado. Diante do Bahia ainda poderá enfrentar os reflexos da maratona e exigências dos últimos jogos. A melhor receita no momento é o descanso para poder, dentro de campo, empregar o ritmo que o credencia  para a chegada no Brasileiro e na Copa do Brasil.

Títulos do  Sada- Cruzeiro e do Praia Clube

Depois de dominar o Vôlei mineiro por décadas, o Minas Tênis Clube  tem de se contentar com os títulos de vice-campeão. Perdeu no Feminino o Campeonato Mineiro para o Praia Clube, agora tetracampeão, por 3 a 0, em Uberlândia. E, no Masculino, o hexa é do Sada-Cruzeiro depois de fazer 3 a 0, no rival, num jogo em que novamente foi só a bola subir para impor a sua superioridade, no ginásio do Riacho, em Contagem.  O importante é que foram conquistas justas e que retratam o bom nível de nosso Vôlei em condições de dar muitas alegrias nas disputas nacionais. Parabéns também para os técnicos campeões: Ricardo Picinin, do Praia e Marcelo  Mendez, do  Sada Cruzeiro.

Opinião do torcedor

O Cruzeiro começou a voltar aos trilhos. Em um jogo regular, o time celeste mostrou sua superioridade técnica sobre o Vitória. Apesar dos desfalques em ambas as equipes, o jogo mostrou uma disposição maior do time. Mesmo errando muito nos passes finais e nas finalizações o time mereceu a vitória. Ainda não sendo a zaga ideal, o sistema defensivo mostrou um equilíbrio melhor. O meio campo do Cruzeiro está falho na marcação e errando passes simples. As jogadas estão sendo criadas, porem a finalização está ruim. O Cruzeiro mostrou a vontade de vencer, correu e lutou. Faltava isso nos jogos. Se não faltava pelo menos era o que se transmitia para a torcida. Esperemos o jogo contra o Palmeiras.





sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Joel Santana, no Cruzeiro: “Ô da Mercedes”


A tecnologia, a globalização e a facilidade para obtermos hoje as informações, com imagens do que está acontecendo no mundo em minutos, sendo que no passado levava-se meses e até ano para termos os documentos dos fatos, muitas vezes com uma simples fotografia, mudaram a relação humana. Quando éramos crianças nossos pais exigiam o maior respeito aos idosos, porque eles tinham a sabedoria da vida na ponta da língua. Houve o inverso da moeda. Agora, são os experientes, para não chamá-los de velhos, que são os mais contestados pelos jovens. Foi embora o respeito. Aqueles que têm a responsabilidade de fazer a opinião, através da comunicação, têm de ter o devido cuidado para não ferir aqueles que fizeram sua história, mas que cometeram alguns deslizes.  O que é mais do que natural. Uma destas pessoas é o técnico Joel Santana, o Papai Joel como faz questão de ser chamado.  Não completou nem quatro meses como técnico do Cruzeiro e deixou lá muitas histórias, duas delas fantásticas. Ele apresentava dificuldades para memorização e acima de tudo problemas físicos para ser o comandante técnico. Por estas razões não pôde concluir o seu trabalho. Os dirigentes eram obrigados a fazer muitas manobras para que os jogadores não percebessem que estavam sendo dirigidos por uma pessoa um pouco ou bem debilitada para o Futebol.

No primeiro momento todos observaram que ele não conseguia fixar os nomes dos jogadores. Os repórteres também e em respeito, não perguntavam a ele a formação. Nos treinamentos, ficava claro que Joel sabia o nome de poucos. Nos jogos, saia do banco de reserva e perguntava ao seu assistente, Marcelo Salles, que era obrigado acompanhar todas os seus movimentos, o que estava acontecendo. Dava a nítida impressão de que sua mente não estava ali no campo de jogo. Numa das preleções, os jogadores então viram como Joel Santana estava longe da noção dos fatos: “Você da Mercedes vai jogar pela ponta, caindo por onde gosta, puxando o contra-ataque”. Todos sabiam que ele referia-se ao atacante Thiago Ribeiro (hoje atacante do Santos) e foi aquela gargalhada, quando alguém perguntou: “Mas quem é o da Mercedes?”. Joel não conseguiu fixar seu nome. Apenas ficou forte em sua mente que era o proprietário de uma Mercedes,  a máquina dos sonhos do menino Joel Santana. Todo dia ele fazia questão de admirá-la e repetir: “Como é lindo este carro”. A mesma cena hoje e amanhã. Era festa quando percebia que ele caminhava para o estacionamento para ver o carro.

O outro fato também ocorreu no vestiário. É sabido no Futebol, que ele é adepto de despachos, acreditando que uma boa “terreirada” é capaz de levar o time à vitória, mesmo consciente de que se fosse real na Bahia, todos os jogos terminariam no empate. No Cruzeiro havia os católicos, maioria, evangélicos e budistas. Também os ateus. Os evangélicos não admitem atos de umbanda ou candomblé no trabalho. Em uma das preleções, Joel estava pouco ligando para as regras da relação humana e religiosa, soltou o verbo, com seus devidos apetrechos nas mãos: “Meus amigos, a fase não é boa. O ambiente aqui está muito carregado e nós temos de fazer uns trabalhos para que domingo seja um dia de vitória”. Um de seus auxiliares carregava incensos, que foram acesos. Passaram pelas mãos de A, B, C. E Joel falou: “Agora é a vez do Fábio. Ele fica lá atrás e precisa estar ainda mais forte. Coloque nas  mãos dele”. O nome  do goleiro  o técnico guardou. Fábio ficou possesso. “De maneira nenhuma. Meu Deus não permite”. Poucos dias depois, Joel não era mais técnico do Cruzeiro. 

Por estas e outras, agora ele diz que vamos jogar no 4-1, 4-1. Ele tem espaço ainda no Futebol, do contrário não estaria dirigindo o Vasco. Meu respeito, Papai Joel.