sexta-feira, 10 de outubro de 2014

É jogo do Cruzeiro? Então eu quero apitar


Quando um jornalista adquire, como se diz no Futebol, muitos anos de janela, o meu caso, fica sabendo de cada história que deveria estar publicada em livros. São temas para  mini série na TV e porque não de filmes. Um velho amigo que trabalhou muitos anos para o falecido ex-presidente do Cruzeiro, Felício Brandi, tido como um dos maiores articulistas do nosso Futebol, revelou-me algumas façanhas daquele que chamava de mestre.  Não devia nada, na esperteza, nem para os experts do Rio, São Paulo e Confederação Brasileira de Futebol. Os famosos mafiosos. Ele sabia fazer suas armações. Nem sei quantas vezes ouvi Felicio justificando quando alguém lhe questionava: “Felício, você armou esta, não foi ?”. Ele sorria e tinha sempre a resposta na ponta da língua: “Como, se o árbitro é atleticano?”. E tinha sempre justificativas para aqueles acusados de ter beneficiado o Cruzeiro. Jamais foram reconhecidos como torcedores celestes. O dirigente sempre comentava que era difícil conseguir pelo menos uma igualdade quando estava em campo times do Rio e de São Paulo, diante do Cruzeiro. Dizia que o próprio nome do clube determinava respeito a quem tinha a responsabilidade de comandar os jogos. Na dúvida, assinalava as inflações favoráveis ao Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Corinthians etc.  

O auge de Felício foi nas três primeiras participações do Cruzeiro, na Copa Libertadores, de 1967, 75 e 76. E fez escola. Pesquisem e verão que o Cruzeiro não sabia o que era perder em casa na competição. Os árbitros do Paraguai (principalmente), argentinos, uruguaios e chilenos gostavam tanto de trabalhar nos jogos da Raposa, em Belo Horizonte, que faziam até plantão na sede da Confederação Sul-Americana de Futebol, em Assunção, no Paraguai, para que seus nomes fossem os escolhidos para o trio. Ou então ficavam ligando com insistência para a sede da Confederação para que fossem os escolhidos. Público e notório a preferência deles para a viagem a Belo Horizonte. Era só ter jogo do Cruzeiro para se ouvir nos corredores da entidade sul-americana: “Esta viagem tem de ser minha”.

Já no aeroporto eram recepcionados por um representante do Cruzeiro, com transporte para leva-los até o hotel. A hospedagem era no melhor que a cidade oferecia. Na época, o hotel Del Rey, na Praça Afonso Arinos. Havia ainda o Internacional Plaza e o Brasilton, este mais retirado, próximo ao Carrefour de Contagem, as margens da Fernão Dias . No hotel, inicialmente, recebiam um kite com os artigos do clube: camisa, uniforme de viagem, macacão, agasalho. Também canetas, cadernos, chaveiros, agendas etc. O marketing celeste foi sempre nota dez neste quesito. Os árbitros faziam questão de chegar dois dias antes dos jogos, porque as noitadas eram regadas do melhor que Belo Horizonte, com fama nacional, apresentava as garotas da boate News Sagitário, Skorpius e de outras famosas casas noturnas.  Antes das 23h, normalmente, elas chegavam aos apartamentos dos hoteis, com uma recomendação especial: o tratamento vip. Ou melhor: inesquecível. Mas tinha mais: quando deixavam o hotel, para surpresa, se é que não tinham certeza do que iria acontecer, as contas estavam pagas. Mesmo assim podiam levar o recibo do pagamento da hospedagem.

A fama celeste de recepcionar bem expandiu até a Copa Mercosul e Supercopa e o time praticamente foi imbatível, no Mineirão, nas duas competições. Se há dúvida, pesquisem também. Com certeza, em outros centros, Rio e São Paulo, isto já foi uma praxe. Só que sem o tempero mineiro. Quem experimenta, jamais esquece.





4 comentários:

  1. Melane, que maravilha a verdade um dia iria aparecer, porém vale alguns detalhes;
    A sede da Confederação Sul Americana de Futebol até 30/04/1986, era em LIMA - PERU, presidida pelo Sr. Teofilo Salinas Fuller, a partir de 01/05/1986, passou para cidade de LUQUE (região metropolitana de Assunção Paraguai) a partir daí com Sr. Nicolás Leoz. Então em 1967, 1975 e 1976 era em LIMA. Me intriga, sempre os Paraguaios eram mais malas, desculpe mas no geral todos super malas incluindo os Brasileiros. Juízes Brasileiros adoram apitar fora também e aprontam Melane. Finalizando, agora com absoluta certeza, todas as conquistas do Cruzeiro foram realmente ajeitadas e arrumadas, nunca dentro das quatro linhas e na moral. Seja Campeonato Mineiro, Brasileiro, Copa do Brasil, Super Copa e Libertadores sempre na sujeirada, conforme seu texto acima posso imaginar e agora com certeza absoluta desta imundice. Da mesma as "conquistas" maneira o Flamengo, Vasco e Corinthians. O Felício só não aguentou o Vascão em 1974, gastou e os cara de lá investiram mais, mas é o de menos. Esquenta não, o tal do Cruzeiro teve muitas conquistas arrumada conforme texto acima. Bom Melane valeu, nós torcedores sentimos aliviados com as verdades aparecendo.

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  2. Diaz,
    VC tem muitas informações da Confederação. Mais do que. Posso acrescentar no texto apenas mais dois itens:o Nicolás Leoz babava para vir a BH. Como gostava. Numa das viagens trouxe a mulher dele. Agora, o Cruzeiro faria questão de dar uns regalos para os filhos dos árbitros e suas esposas. Quando eles chegavam, o representante do clube informava nome da esposa ou namorada e dos filhos. Mais tarde recebiam os kites com os produtos do clube. Um marketing perfeito. Abraços, Melane

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  3. É Melane, tudo na base do ajeitado e arrumado, todas conquistas do cruzeiro, principalmente as internacionais manchadas por rolos, falcatruas e ajeitamento. Os árbitros com regalo$$$$, isso aí, sempre foi assim. Na bola e na moral fica complicado mesmo. Quanto as informações da confederação, achei necessário informar o correto e valeu por você relatar todas as verdades sempre arrumadas deste time de BH. Valeu Melane.

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  4. O Felício Brant tinha uma fábrica de Macarrão na Amazonas para enrolar todo mundo

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