Nunes comemora o terceiro gol do Flamengo e do título
1º de junho de 1980. Local: Rio de Janeiro, Maracanã. Uma
tarde de muito sol, apesar de estarmos à beira do início de mais um inverno.
Expectativa praticamente em todo o país para mais uma decisão do Campeonato
Brasileiro, especialmente no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Um duelo de
gigantes: Flamengo x Atlético, segundo jogo da decisão. Maracanã lotado. Os
números oficiais indicam que 154 mil torcedores viram o espetáculo, mas muito
mais estavam presentes. Milhares pularam as roletas na ansiedade de entrar o
mais rápido possível no estádio. Não se podia imaginar a ansiedade dos
jogadores, técnicos e árbitros. Os atleticanos estão até hoje revoltados com a
arbitragem de José de Assis Aragão, que beneficiou o Flamengo. Inclusive, nas
redes sociais, ironicamente, está registrado: parabéns aos árbitros que deram
ao Flamengo os títulos de 1980 (Brasileiro) e 1981 (Copa Libertadores). Exceto
Carpegiani, volante do Flamengo, os demais jogadores não haviam conquistado um
título nacional. Depois da vitória do Atlético por 1 a 0, no primeiro jogo, no
Mineirão, eles estavam anestesiados e eufóricos. O volante Cerezo, do Atlético, mesmo tendo
vivido experiências fantásticas no futebol, com Copas do Mundo, Libertadores e
decisões europeias, diz que ainda se emociona ao se lembrar daquele jogo. “Veja
como estou arrepiado”. Um dos fatos marcantes aconteceu no vestiário. Os times
estavam no aquecimento, minutos antes do início, quando um som forte invadiu o
vestiário do Atlético: “Se a canoa não virar, olê, olê, olá. Vai dar Galo”. O
Maracanã tremeu. No vestiário atleticano, os jogadores entenderam perfeitamente
o aviso da arquibancada. Cerezo fez questão de olhar seus companheiros e
observou todos bem concentrados e emocionados para o início da partida. Minutos
depois, já com o estádio totalmente lotado, um outro som invadiu o vestiário
atleticano, o grito da torcida do Flamengo, que fez um dos mais belos
espetáculos do futebol naquela tarde, usando um refrão da Escola de Samba Império
Serrano: “Bum bum praticumbum prugurundum
. Vai dar Mengão “. Reinaldo, que fez dois gols, estava em um dos cantos do
vestiário e ouviu como os demais os recados da arquibancada. Ficou ainda mais confiante com o grito da
massa atleticana. Depois, fez um sinal negativo com a cabeça, ao ouvir o canto do
Flamengo. Cerezo o questionou quando a torcida do Flamengo se manifestou: “O
que foi Reinaldo?”. O atacante um intelectual com a bola e rebelde nas palavras
e atos, respondeu: “Cerezo, não dá para entender. Eles estão no Século XX e nós
no passado, no outro Século, com este olê, olê, alá”. Uma marchinha de carnaval
dos Anos 40. E completou: “Vem chumbo
grosso aí”. E como veio, apesar dele ter silenciado o Maracanã, com uma perna
(estava machucado), por duas vezes. O Flamengo conquistou seu primeiro título
nacional numa decisão histórica e o Atlético ficou nas lamentações. Mas, com
certeza, no próximo Século, ainda estarão falando desta decisão.
Estava lá nesta capítulo da história do futebol brasileiro.
ResponderExcluirTambém estava lá. Foi um grande jogo, digno de uma finalíssima. O Atlético foi muito prejudicado pela arbitragem. Se ganha aquele jogo (tinha a vantagem do empate) com certeza teria conquistado um maior espaço no futebol brasileiro. Mas naquela época Rio e São Paulo estavam com maiores poderes. Hoje, pelo menos, graças a mídia, temos maior transparência e eles têm dificuldades para as armações.
ResponderExcluirFoi uma roubalheira só
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