Antônio Melane com Nélson Piquet na redação do Estado de Minas
Um dos
personagens da nossa história recente do esporte faz aniversário
hoje (17-08), o tricampeão mundial de Fórmula-1, Nélson Piquet. Completa 63
anos, sem o glamour dos tempos da velocidade, mas cercado e admirado pelos
amigos. Por meio do Jornal Estado de Minas, que abriu as portas para que eu
pudesse chegar a todos os continentes, conheci Piquet. Foi precisamente no GP
do México, disputado no dia 26 de outubro de 1986, na Cidade do México, vencido
por Gerhard Berger, com Alain Prost, em segundo (foi o campeão da temporada);
Ayrton Senna, em terceiro e Piquet, em quarto. Estava dando os meus primeiros
passos em coberturas internacionais. Fui criado no Parque Riachuelo e Caiçara, na época bairros
da periferia de Belo Horizonte, com recursos limitados e enfrentei dificuldades para
entender o que era aquele show, um dos esportes economicamente mais poderosos
do mundo. Vejam as empresas que participam dos eventos. Só perde para o Mundial
de Futebol e os Jogos Olímpicos. E, por obra do Criador, fiz uma amizade com o
piloto a partir daquela tarde. Assustou-se quando disse que estava ali fazendo
a cobertura para o Grande Jornal dos Mineiros. “Mas como? O Estado de Minas
agora vai acompanhar a F-1. Verdade?”. Contou-me a corrida que fez alguns anos
antes, muito moleque e irresponsável (veio com um Fusca de uma pessoa que deixou o carro em uma oficina em Brasília para alguns ajustes), na pista da área externa do Mineirão; de alguns detalhes de sua vida,
claro que dos fenômenos que o acompanhava (estou falando de mulheres) e foi em
frente. Encerrou com o sinal que me deu segurança para o trabalho: “Conte
Comigo”. Nélson tirou as pedras do caminho e pude fazer durante dez anos, a
cada GP, coberturas que foram bem postas nas páginas. Fiquei encantado. Afinal,
ali estava um dos maiores ídolos de toda a história do nosso esporte. Um menino
rebelde, mas que alcançava através de sua irreverência, os sonhos de toda uma
geração, com carrões, motos, iates, belas modelos e dinheiro. Histórias
fantásticas que deixaram os jovens brasileiros encantados. Voava para a glória.
A rivalidade com Senna, evidente com certa dose de ciúmes, mudou um pouco
o rumo do estrelato de Nélson, mas ele está perpetuado na história. Chegamos a
fazer uma homenagem para ele em 1991, em Belo Horizonte. Mas, com certeza, a
maior ainda fará parte do calendário daqueles que o respeitam como ídolo. Será
em praça pública, em Belo Horizonte. Encerro com uma das lições obtidas nas
conversas que tínhamos no período do ronco dos motores: “Meu amigo. Não queira
ser o melhor. Tem é de se preparar para ser o melhor. Aqueles que só desejam
muitas vezes conseguem chegar, mas os ventos mudam de rumo, nem é necessária
uma tempestade para eles não serem mais os melhores”.
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