quinta-feira, 30 de abril de 2015

Caldense, que maravilha


A Caldense pode conquistar no domingo (3/5), em Varginha, o título de campeã invicta do Campeonato Mineiro (101ª edição), o que será uma das maiores façanhas para de sua história. No caso de empate, por ter tido a melhor campanha, comemora o feito. Se vencer, melhor ainda. Vai rolar a festa. Portanto todos os méritos possíveis para um grupo que chegou desacreditado a competição (Boa Esporte, Tupi e Tombense eram os mais cotados como representantes do interior), apenas para marcar presença e nos premia com um salto gigantesco, graças ao trabalho e a mobilização em Poços de Caldas. Uma campanha que enche de orgulho o Sul de Minas. São 14 jogos, onde levou apenas quatro gols. E nos detalhes observamos perfeitamente que não chegou por acaso. O principal é que desafiou os três grandes e levou apenas um gol deles: o do Cruzeiro, no empate por 1 a 1, no Mineirão. Desde a primeira rodada, quando fez 6 a 1 no Mamoré, em Poços, já apresentou suas credenciais. Mas poucos se importaram. Hoje sabemos perfeitamente porque a Veterana chegou. Que toda esta estrutura permaneça para que numa competição nacional possa seguir em êxito e, em 2016, chegar mais forte ainda ao nosso Campeonato. 


Pela terceira vez na história a decisão será numa cidade do interior. Em 1937, Siderúrgica e Villa Nova decidiram o título, em Sabará, com a conquista do Siderúrgica; e, em, 2006, Ipatinga x Cruzeiro, em Ipatinga, com o Cruzeiro sagrando campeão. Só que Varginha apenas cede o seu campo. No passado já teve o seu Flamengo como seu representante na Série A (Anos 70), mas jamais chegou a uma decisão estadual. É outra cidade que deveria investir mais, mesmo tendo o Boa Esporte como seu filiado e que já ganhou alguns adeptos na região. Mas fica ainda aquele sentimento de que falta uma maior identidade com a cidade, porque sua origem é Ituiutaba. Os grandes resultados são capazes de transformar em uma chama forte. Tem de ser uma construção sólida para que nenhuma tempestade seja capaz de levar tudo por água abaixo. Varginha espera.  Desde 1988, quando o Flamengo chegou às portas, a cidade espera realmente poder voltar em grande estilo ao Futebol. Se tivermos grandes forças no interior, com certeza, Minas, especialmente em disputas nacionais, terá muito mais vitórias. Que assim seja.

Por acompanhar o Campeonato Mineiro há 50 anos, estou muito feliz pelo que jogou a Caldense. Fez tudo certinho. Independente do resultado de domingo, quem ama o esporte tem por obrigação aplaudir. E muito.


Zezé Perrella

O senador Zezé Perrella continua seu trabalho nos bastidores para ser candidato nas próximas eleições no Cruzeiro, em 2017. Sabe fazer política e virá forte. Aguardem.

América, 103 anos

Parabéns Coelho. Sua história orgulha toda sua gente. Que a partir de maio possa conquistar grandes vitórias na Série B e, em 2016, quem sabe estar novamente na elite do Futebol brasileiro. Lá é o seu lugar. A torcida mais uma vez terá uma parcela importantíssima nesta caminhada.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

O Tigres a caminho das quartas

O brasileiro Rafael Sóbis é um dos responsáveis pela boa campanha do Tigres do México na Libertadores

O Tigres, segundo melhor da fase de Grupos da Copa Libertadores, deu ontem uma ideia exata de sua capacidade, ao fazer  2 a 1 no Universitário de Sucre, na Bolívia. Começou quebrando cabeça, possivelmente enfrentando o fantasma da altitude, o que não é novidade para ele, já que no México também enfrenta cidades acima do nível do mar, o que prejudica muito o esporte de alto nível e favorece os que estão adaptados. Mas depois que entrou no clima do jogo - ou como queiram o espírito de Libertadores - fez mais do que o dever de casa. É importante nesta fase, até as semifinais, fazer o gol como visitante que vale em dobro no desempate, mas conseguiu muito mais, com toda justiça. Na frente tem o brasileiro Rafael Sóbis, com história de campeão na Libertadores com o Internacional e o equatoriano Guerrón, outro campeão, pela LDU. Eles estão jogando bem e fazendo a diferença. Guerrero esteve no Cruzeiro e não aconteceu. Aliás, nem veio.  Foi só ele sair ontem para o Tigres virar e seguir invicto. Vai em frente, porque em casa deve despachar com facilidade os bolivianos.


Apresentei  esta abertura para que vocês tenham a ideia do que o Atlético escapou nas oitavas de final. Como segundo colocado entre os segundos, seria o adversário do Tigres. Inicialmente teria maiores dificuldades contra os mexicanos, no Independência e, em Monterrey, além da longa viagem, enfrentaria um time mais bem estruturado. Só não podemos dizer que é superior tecnicamente,  mas se voltarmos um pouco no tempo, vamos observar que na história recente da Libertadores  não temos boas lembranças quando o Galo pegou times mexicanos. Teve problemas. Não venceu nos quatro últimos confrontos. Empatou por 2 a 2 e 1 a 1 com o Tijuana e perdeu os dois jogos para o Atlas por 1 a 0. Isso não quer dizer que o desafio não será do mesmo nível ou pior diante do Internacional. Pode ser maior, porque são equipes que se conhecem e o segundo jogo será no Beira-Rio, o que não deixa de ser outra dor de cabeça. A verdade é que neste exato momento, mesmo o Atlético, sem Guilherme, não se pode dizer que vai levar. Os dois estão iguais em tudo. Até no quebra cabeça. Para o Inter, a segurança é a decisão em casa. Tirar uma classificação para as quartas em sua casa não é para qualquer um. Seus torcedores estão convictos de que viram o time da Libertadores apenas uma vez. Aquele que fez 4 a 0, na Univerdad de Chile, em Santiago. 


O ex-presidente do Atlético, Alexandre Kalil confirmou no programa Bola da Vez, da ESPN, que deixou de vender Jô por 15 milhões de euros por causa dos 7 a 1 da Seleção Brasileira contra a Alemanha. Hoje não vale nem um milhão. Não é a primeira vez que isso acontece com o Atlético. No final dos Anos 90, chegou à proposta de mais de US$ 15 milhões por Guilherme, aquele que fazia dupla com Marques, e o clube recusou, acreditando que o atacante seria mais valorizado. Depois o negociou por US$ 4 milhões. Ou nem isso. Os valores são sempre guardados. Outra revelação do ex-presidente: “Demorei a ver que jogador derruba treinador”. E como.


Cruzeiro


Apostei neste espaço na contratação de um estrangeiro. Cheguei a citar Montillo. O Cruzeiro conversou com o mundo, mas quem está mais próximo é o Lucas Lima, do Santos. Não 100%. As barreiras são muitas. Ler dinheiro. Esta questão do jogador estar envolvido nas finais do Paulista não será capaz de impedir a negociação, porque em 24 horas o clube resolve tudo e a lista das oitavas de final tem de ser apresentada até as 18h de segunda feira. O Peixe quer aproveitar e seu produto chegar a Toca como caviar.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Não é Ronaldinho Gaúcho e nem Diego. Está chegando um estrangeiro

Esforços voltados para o desejo de Marcelo Oliveira:
um meia para entrar contra o São Paulo pelas oitavas da Libertadores

O Cruzeiro está trabalhando intensivamente para atender ao técnico Marcelo Oliveira e contratar um jogador para preencher o meio campo, a tempo de ser inscrito na segunda fase da Copa Libertadores. Vejam bem as intenções do Clube: jogador para chegar, em plena forma, e já ser usado no mata mata contra o São Paulo, a partir do dia 6 de maio. Portanto, esta semana, a tão esperada cereja do bolo já estará na Toca da Raposa II. Palavras dos dirigentes: Ronaldinho Gaúcho e Diego, aquele que fez sucesso no Santos ao lado de Robinho e há mais de dez anos está no exterior, são apenas especulações. E não passarão disso, por uma razão muito simples: são jogadores totalmente fora do orçamento celeste. É bom que os dirigentes estejam pensando desta forma, para em breve o Cruzeiro não passar o sufoco pelo atraso de salários e de outros compromissos.


Diego está com 30 anos, ainda em forma. Ele acaba de rescindir o seu contrato com o Fenerbahçe. Pode até vir jogar no Brasil, mas não será no Cruzeiro. Sobre Ronaldinho Gaúcho é só conversa. O Cruzeiro apenas ouve. Não fez proposta e nem fará. Os olhos que já estiveram voltados 100% para Valdívia, o craque chileno que deve continuar no Palmeiras por mais uma temporada, estão voltados para um craque argentino. As razões para acreditar que seja um investimento para dar certo é que vários outros argentinos estiveram na Toca e se deram muito bem. Não descartam o nome de Montillo, que esteve 100% confirmado pelo Flamengo e também pelo Shandong Luneng de Cuca, Aloísio e Diego Tardelli, mas a negociação foi desfeita e os chineses podem estar fechando com o Cruzeiro.


O nome é guardado sob sete chaves. Só depois que estiver 100% é que o Clube vai divulgar. Tem de ser realmente desta forma, porque há muitos outros interessados. O mais importante: Marcelo Oliveira já deu a sua palavra. “Este pode trazer, porque joga”. Ainda para fechar o assunto, Diego foi descartado pelo alto preço e ainda por uma razão que os cruzeirenses preservam muito: todas às vezes em que foi procurado por eles, não demonstrou a mínimo interessante. Podemos até escrever que ele esnobou. O dinheiro (mais de um milhão mensais)  que o Cruzeiro investe em Júlio Baptista, agora vai para o novo reforço. E não será nem 40% deste valor. 

A regularidade da Caldense e a vocação para o sofrimento do Galo

Caldense sai do Mineirão com a vantagem do empate para o segundo jogo da decisão do Mineiro

A manchete do jornal O Tempo - Caldense arranca na frente - sentencia que a decisão do Campeonato Mineiro, depois do empate por 0 a 0, no primeiro jogo, no Mineirão, está em aberto. O segundo jogo será no próximo domingo, às 16h, em Varginha e a vantagem é da Veterana, que joga novamente pelo empate. Se for analisar os números, o retrospecto técnico de ambos, tudo indica que o título caminha para o representante de Poços de Caldas, o que será importantíssimo para o Futebol do interior. Outros vão seguir seguros para fazer um trabalho no interior, acreditando que nas próximas competições podem chegar à fase decisiva. Não é preciso altos investimentos. A Caldense gasta R$ 200 mil mensais com o Futebol e o resultado é este: invicta, sem levar gols nos últimos oito jogos; não perde para os grandes e caso confirme a conquista, vamos poder escrever com toda a convicção: o título em boas mãos. Mas o Futebol reserva ainda uma semana de preparação e ansiedade, especialmente para a Caldense e no domingo tudo poderá acontecer. O Atlético tem plenas condições também de voltar campeão, mesmo seu rival estando hoje numa situação até certo ponto mais confortável. Deu a melhor impressão possível no Mineirão.

Os trunfos do Galo são muitos. O primeiro deles: terá uma semana inteira para se preparar, enquanto na última enfrentou o desgaste da decisão com o Colo Colo (venceu por 2 a 0 e passou para as oitavas de final da Copa Libertadores); tecnicamente é superior e a gente sabe que nestes momentos decisivos, os grandes sobressaem, em cima de outros fatores. O rival inibe; e a pressão econômica sempre favorável àquele que tem maiores poderes, no caso o Atlético; arbitragem e, ainda, mesmo estando jogando o fino da bola, sem uma estrela, a Caldense não tem plenas convicções de que vai repetir a façanha de 2002, quando conquistou também o Campeonato. Outro complicador: não jogará em casa. Mas para quem está melhor preparado, não importa este fator local da partida. É só a bola rolar para provar que é o melhor e não podemos deixar de negar que seu treinador Leo Condé conhece da matéria. Um estudioso e soube aproveitar as características de seus jogadores para formar uma equipe que agrada pela determinação. Não tem muita técnica, mas faz tudo certinho.




Ainda sobre o primeiro jogo, temos de abrir um espaço para Levir Culpi. Criou-se, graças aos resultados, um fenômeno de que o Galo nos momentos decisivos se transforma para melhor, mas ao longo das competições, também há erros que levam para as decisões dramáticas e com sofrimento. Neste domingo (26/4) aconteceu mais uma vez. O Atlético tinha de construir a vantagem e a desperdiçou. O técnico foi um dos grandes culpados. E não foi a primeira vez. O desenrolar do jogo mostrou que ele equivocou-se nas mudanças. Não nos nomes para a segunda etapa, mas principalmente nos que saíram. Guilherme sentiu a coxa e foi substituído no intervalo por Thiago Ribeiro. Correto porque ele buscou uma mudança ofensiva, mas perdeu na criação e a melhor indicação pelas características do jogo era Cárdenas, que não é nenhum fenômeno, mas naquele momento o óbvio.
Depois, insistiu os 90 minutos com Dátolo. Só ele ainda não enxergou que o armador e volante argentino em 2015 não chegou com seu futebol à Cidade do Galo. Os adversários sabem e aproveitam. Fazem os esquemas para ganhar o meio, porque Dátolo não sabe desarmar e fica enganando com a teoria do técnico de que é inteligente e sabe trabalhar a bola nas assistências. Há a esperança de que com ele o time fica mais técnico no meio. Teoria que não existe, porque a bola não chega limpa lá frente. Pergunte ao Pratto quantas bolas ele recebeu para definir o jogo? O Atlético chegou três vezes apenas. Aproveitamento de time pequeno. E queira ou não, Levir Culpi tem de dar a mão a palmatória e dizer: chega Dátolo. A partir de agora, opção apenas para o segundo tempo. Leandro Donizete tem de jogar. Tecnicamente é inferior ao argentino, mas ele ao seu estilo sabe mover o time. E observem como este Dátolo reclama dos companheiros. 

sábado, 25 de abril de 2015

Joãozinho chega bêbado a Toca e dá a ordem: “Eu vou jogar”


Joãozinho, o bailarino, que vive nos Estados Unidos, com 61 anos de idade, foi um dos maiores ídolos da história do Cruzeiro. Também está na lista dos grandes pontas de todos os tempos, ao lado de Éder, Zagallo, Rivelino (sua posição de origem era a ponta esquerda), Pepe, Edu, Júlio César (Flamengo) e outros. Não perdia nada para ninguém quando a bola estava em seus pés. Um artista. Dois fatos marcantes em sua carreira: o espetáculo de março de 1976, Cruzeiro 5 x 4 Internacional, no Mineirão, pela Copa Libertadores. Para muitos, o maior show da bola produzido no estádio. E, ainda, o gol que marcou cobrando falta, na vitória por 3 a 2  sobre o River Plate, em 1976, no Estádio Nacional, em Santiago do Chile, que deu ao Cruzeiro o primeiro título da Copa Libertadores. Nelinho era o determinado pelo técnico Zezé Moreira para fazer a cobrança, mas Joãozinho esperto e irreverente, confiando em sua maestria, bateu a falta a meia altura e o goleiro Landaburu até hoje está esperando a bola. Quando entrou no vestiário, enquanto todos comemoram a vitória, Joãozinho levou a tradicional bronca do severo e disciplinador Zezé: “Seu moleque. Quem mandou você cobrar aquela falta”.


O bailarino jogou 482 jogos pelo Cruzeiro e fez 116 gols. De 1973 a 1987 foi profissional do Futebol. É o oitavo jogador que mais vestiu a camisa celeste. O número 1 é Zé Carlos, com 633 atuações. Se dentro de campo foi considerado um gênio, fora era difícil mostrar àquele menino que o mundo é guiado por regras e para o profissional do Futebol ainda maiores. Ele não poderia desperdiçar aquele raro talento com as noitadas em Belo Horizonte e por onde passava. Nasceu no bairro Concórdia, em Belo Horizonte, e foi levado para o Cruzeiro pelo pai, que era motorista de Carmine Furletti, outro com uma história de meio século no Barro Preto. Muito rápido chegou a categoria profissional, com idade ainda para os juvenis, já que na época não havia a categoria de juniores.


Joãozinho poderia ter jogado até um pouco mais. Em 1981, ele sofreu uma falta violenta do lateral Darci Munique, do Sampaio Corrêa, fratura exposta tíbia e perônio (na época não existia as lesões de ligamento cruzado anterior do joelho, apenas dos meniscos) e nunca mais foi o mesmo. Seus amigos nos tempos do Cruzeiro contam que ele chegou várias vezes embriagado para os treinos e concentrações. Os companheiros lhe davam cobertura porque sabiam que no domingo ele iria fazer a diferença. Mas um dia o técnico Ilton Chaves, cansado de tanta irresponsabilidade, preocupado com uma possível falta de comando e, ainda, que a atitude do jogador contaminasse o grupo, decidiu puní-lo de uma forma dura. Não foi relacionado para um determinado jogo. O bailarino ficou abalado. Chorou quando não viu seu nome na relação dos concentrados e decidiu sair para a madrugada. No outro dia, se apresentou cedo, para o treinamento final e início da concentração. Os não relacionados são liberados. Insistiu para ser perdoado, mas como era reincidente, teve de ir para casa. Na madrugada de sábado para domingo, quando o dia estava amanhecendo, ele apareceu na antiga Toca, concentração celeste, embriagado. Os jogadores disseram para ele ir embora porque se o Ilton o visse a punição seria maior. Praticamente inconsciente, Joãozinho permaneceu. Minutos depois caminhou na direção do técnico e foi firme: “O Senhor não quer, mas eu vou jogar. Tô pronto”. E quase caiu dominado pelo álcool. Os seguranças tiraram o jogador da Toca na maior lição que tenha recebido. Só que seu filho, que também foi jogador celeste, com o nome do pai, seguiu a mesma trilha e não brilhou. Tinha talento, mas nunca na plenitude de João Soares de Almeida Filho. Este sim, um gênio. Os amantes da bola agradecem. Outro dia, Evaristo Macedo, que foi uma lenda, sentenciou: “Joãozinho foi um dos maiores que vi”.   

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Será que o Timão correu do pulo do Galo?

Especulações dão conta de que o Gavião fugiu do Galo

Restam 12 dias para que tenhamos a bola rolando nas oitavas de final da Copa Libertadores 2015, com a participação do São Paulo, Cruzeiro, Internacional e Atlético. Foi só confirmar os confrontos envolvendo quatro gigantes do Futebol brasileiro para que as notícias, extra campo, começassem a pipocar. Nas redes sociais, o maior campo de exploração hoje do torcedor, ainda mais. O tema principal é que o Corinthians tirou o pé contra o São Paulo quando seus jogadores souberam que o Atlético estava vencendo o Colo Colo e caminhava para garantir a classificação. Se o Corinthians vencesse ou empatasse, enfrentaria (eram três as hipóteses) uma equipe teoricamente mais fraca nas oitavas de final. Acabou jogando para escolher. É o termo que tem de ser usado. Veio o Guarani, do Paraguai, acreditando que as chances são maiores de chegar as quartas de final. Afinal é um adversário bem inferior. Só que tem garra e espírito de Libertadores. Que o diga o Racing, campeão argentino, que foi uma de suas vitimas na fase de Grupos. Levou de 2 a 0, em Assunção. Lá não é fácil.


São muitos os fatos que levam a crer que o Corinthians realmente fugiu do Galo. O mais recente: os 4 a 1, no Mineirão, pelas quartas de final da Copa do Brasil. Mas há outros detalhes observados por jogadores e técnicos que fazem o Timão respeitar ainda mais o rival. Vejo a determinação do Galo como primordial. Ainda sua força em casa, mas por ter sido apenas o terceiro melhor entre os segundos, o Galo, daqui para frente, praticamente terá seus jogos decisivos fora, caso siga na competição. Esta história valoriza de certa forma o futebol do campeão da Copa do Brasil, mas esvaziou o triunfo tricolor por 2 a 0. Talvez tenha sido uma das armas também usadas pelos corinthianos para não abater tanto, já que havia decepcionado na perda da classificação para as finais do Paulistão (na fase preliminar foi o melhor) para o Palmeiras e depois o empate por 0 a 0, com o San Lorenzo. No momento, o Corinthians caiu da certeza de um grande momento para uma interrogação. Tem problemas dentro e fora de campo.


Por enquanto, a rivalidade entre Atlético e Internacional continua apenas na expectativa de ambos. Nada extracampo. Agora, para São Paulo e Cruzeiro o show começou. Inicialmente com as declarações do técnico interino Milton Cruz de que o Tricolor tem ampla vantagem sobre o Cruzeiro. Nos mata mata, situação de agora, não é a verdade. Vejam os números gerais: são 72 jogos, com 34 vitórias do Tricolor, 21 empates e 17 derrotas. Em mata mata, o Cruzeiro eliminou o São Paulo em quatro ocasiões e perdeu em duas. Será uma guerra. Tanto que já reduziu o preço dos ingressos para R$60.  Mas muita coisa vai rolar até a hora da decisão. O Cruzeiro tem um trunfo. Vai decidir no Mineirão e Marcelo Oliveira está preparando adequadamente a equipe. Falei com ele ontem e garantiu: “Não antecipo nada. Sabemos da grandeza do adversário, mas teremos condições de chegar às quartas de final. É o que mais queremos. A torcida pode esperar um Cruzeiro forte, como deseja”, disse.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Que fenômeno é este Galo

Rafael Carioca pintou uma obra prima para a classificação do Atlético às oitavas de final da Libertadores

Pela quinta vez o raio caiu no mesmo lugar e novamente de uma forma dramática. O Atlético venceu o Colo Colo por 2 a 0, nesta quarta-feira (22/4), no Independência, alcançando o resultado que precisava para chegar às oitavas de final da Copa Libertadores. Uma vitória com os dois gols de vantagem e sofrimento, com os chilenos jogando apenas defendendo. Victor não foi exigido sequer em uma bola. Guilherme ainda perdeu um pênalti. O segundo gol do Galo, marcado por Rafael Carioca, foi uma obra prima. Ele bateu de fora da área, depois do preciso passe de Guilherme e a bola entrou na gaveta. Novamente Guilherme foi o dono da festa, mesmo errando a penalidade, e Pratto, com a precisão de sempre, marcando o primeiro gol ao seu estilo.

Na última entrevista na Cidade do Galo, o goleiro Victor disse que o time faria tudo para que o raio caísse novamente no mesmo lugar, com todas as credenciais, porque a partir de 2013, buscou resultados impossíveis, como as vitórias por 2 a 0 sobre o Newell's Old Boys e o Olimpia, na campanha vitoriosa da Libertadores e, no ano passado, nos 4 a 1 sobre o Corinthians e o Flamengo pela Copa do Brasil.  Fantástico para a história recente do Galo que passou décadas precisando muitas vezes de resultados mínimos para seguir em frente nas disputas nacionais e internacionais e não atingiu o objetivo. Foram decepções seguidas e de repente é um fenômeno inexplicável. Contudo sempre teve um grupo de profissionais unidos por um objetivo e o resultado final foi o desejado. Por sinal, com justiça.

Na campanha do Grupo 1, o diferencial foi o gol de Pratto, na Colômbia, contra o Santa Fé  na hora certa, porque nasceu a esperança, concretizada na última partida contra o Colo Colo; depois o gol de Guilherme, no passe do goleiro Victor, novamente contra os colombianos, no Independência e, ainda, o gol de Rafael Carioca no duelo desta quarta-feira. Soma-se a aplicação de um grupo, em um Futebol que hoje podemos escolher nos dedos as equipes com regularidade e poder. Nem os erros de Levir Culpi, nos jogos contra o Atlas, no Independência e em Guadalajara, travaram o Galo. Apenas fizeram com que o sofrimento fizesse parte de mais um momento histórico. Parabéns torcedor, que deu um espetáculo no Horto. O Galo está muito vivo na Libertadores.

Atlético x Internacional

Ambos começaram tropeçando e cresceram no momento certo. Este é o mais duro desafio para os brasileiros nas oitavas de final. Pode dar Colorado ou Galo, sendo que o primeiro jogo será em BH e a decisão no Sul. O que sobressair, com certeza, vai se fortalecer ainda mais. Força do Galo: sua harmonia e determinação. Do Inter, a pressão que sabe exercer nos jogos no Beira-Rio, no comando de duas estrelas: D´ Alessandro e Nilmar. Na zaga, o ex-atleticano Réver e a dupla foi formada por Juan e Paulão titular ontem na vitória sobre o The Strongest. Vai pegar fogo. Tendência de dois grandes jogos e emocionantes, envolvendo torcidas mais do que apaixonadas. Imperdível.

Cruzeiro x São Paulo

Novamente o Cruzeiro vai encontrar o São Paulo na Libertadores. Um duelo sem favorito, porque o Tricolor tenta se encontrar, agora sem Muricy Ramalho e a Raposa espera crescer na hora certa e chegar às quartas de final. Vou passar para vocês o que ouvi de Muricy. “De posse de bola somos fortes. Nenhuma equipe tem tantos bons jogadores tecnicamente, mas não é o bastante para ganhar jogos. Precisamos de velocidade pelos flancos e não temos”. Na partida desta quarta-feira quebrou o encanto do Corinthians com os 2 a 0, no Morumbi. Já o Cruzeiro não passa confiança defensivamente. Também falta um melhor entrosamento para iniciação e conclusão das jogadas. Mas tem condições de crescer no momento ideal e colocar o seu azul nas quartas de final.  

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Agora começou a ficar azul

Autor do primeiro gol sobre o Universitário Sucre, William pediu apoio da torcida durante a partida

Incrível como é frágil esta linha que leva um time para a glória no Futebol e, de repente, para as humilhações e vice-versa. Nem o todo poderoso Boca Juniors e o Corinthians podem se considerar seguros na Libertadores. Para os argentinos, ainda pior, porque só a partir das oitavas e que terão pela frente adversários de alto nível. Está lhe encaminhado o outro todo poderoso argentino, River Plate. Mas ambos, entendem, estão longe daquele futebol que preenchia todas as expectativas e não encontrávamos adjetivos para destacar.

O Cruzeiro está do outro lado da moeda. Perdeu para o Atlético por 2 a 1, nas semifinais do Campeonato Mineiro, sua torcida se revoltou, protestou, com alguns exageros, mas hoje já vive um novo astral, depois da vitória por 2 a 0 sobre o Universitário Sucre, resultado que lhe garantiu nas oitavas de final como o primeiro colocado do Grupo 3. A dúvida, a exemplo do Boca, é o fato do Cruzeiro ter alcançado êxito num grupo relativamente fraco. Mas a vitória celeste sobre o Universitário foi alcançada com todos os méritos num jogo em que o rival se postou unicamente com o objetivo de chegar ao empate. O Cruzeiro jogou com determinação. Buscou a bola. Mesmo sem espaços, porque os bolivianos ficaram muito atrás. Com habilidade, os cruzeirenses fizeram os dois gols e deram esperança ao torcedor de que também nas oitavas podem ter um novo encontro com a felicidade. O azul começou a despontar.

Esta tem sido a Libertadores dos extremos e fatos surpreendentes. Vejam um dos principais: a vitória do Tigres, com time reserva e apenas 16 jogadores relacionados para o jogo e, nem por isso, deixou de fazer 5 a 4 no Juan Aurich e ajudar o River Plate, que alcançou sua classificação com apenas sete pontos, uma vitória e quatro empates. A vitória do Mineros por 3 a 0 sobre o Huracán foi outro resultado fora de lógica, porque os venezuelanos entraram eliminados e nem por isso deixaram de dar um show. A mala prata, ler dinheiro, pode ser que esteve presente. Os argentinos já postavam a classificação depois da vitória por 3 a 1 sobre o Cruzeiro na rodada anterior.  E para fechar este quadro, o desacreditado Futebol boliviano está levando novamente dois times para as oitavas de final; o Universário Sucre e o The Strongest que briga pela vaga com Internacional e Emelec. Já os mexicanos, mais uma vez, não decolaram. Apenas o Tigres deu o ar da graça e entra forte na próxima etapa.

Tite incomodado

Depois da eliminação pelo Palmeiras nas semifinais do Paulista e o empate por 0 a 0 com o San Lorenzo, pela Libertadores, o técnico Tite começa a demonstrar incomodado, ao afirmar que os adversários descobriram como joga sua equipe. Está complicado fugir da marcação. Na verdade, não vimos nada de novo. Apenas aplicação e um espaço para que principalmente Elias chegasse pelo meio, além da boa presença de Danilo, Guerrero e de Emerson na frente. Para defender, qualquer iniciante sabe fazer uma linha de três ou de quatro e deixar o adversário impotente.


 A força da Caldense

A cada momento a Caldense nos deixa exemplos de como, com simplicidade, se pode armar um grande time e encarar os grandes.  Em 13 jogos, tomou apenas quatro gols, chega a finalíssima como o único invicto do Campeonato e quer o título. O trabalho está sendo feito para que Poços de Caldas possa repetir o feito histórico de 2002, quando também ganhou o Estadual, só que desta vez, com uma maior autoridade, porque não perdeu para nenhum dos grandes e levou apenas um gol deles: de Willian, no empate por 1 a 1, com o Cruzeiro.

domingo, 19 de abril de 2015

Com o talento de Guilherme e o faro de gol de Pratto fica difícil

O argentino Lucas Pratto não desperdiçou as chances que teve no clássico e consolidou a vitória do Atlético sobre o Cruzeiro na semifinal do Mineiro


O Atlético está comemorando mais uma vitória sobre o Cruzeiro por 2 a 1, hoje, no Mineirão, resultado que lhe garantiu a presença na finalíssima do Campeonato Mineiro, contra a Caldense. O time de Poços de Caldas joga com a vantagem de dois empates por ter sido o melhor da primeira fase. Está invicto e vem com tudo para a decisão. Já o Cruzeiro sente o quanto é duro viver no céu, depois das grandes vitórias nas últimas temporadas e agora, de certa forma, abrir a porta do inferno. Não conseguiu chegar a final, não jogou bem, a torcida é humilhada, porque não é fácil cair mais uma vez diante do maior rival e seu destino na Libertadores virou uma incógnita. Nesta terça-feira deve passar pelo Universitário Sucre e garantir a classificação para as oitavas de final. Alguns grandes crescem nestas situações adversas. Como não há um adversário voando ou jogando o fino da bola, a Raposa tem de agarrar a sua esperteza para reagir. Acredite torcedor cruzeirense. Este é o momento ideal para a virada.

Agora vamos ao clássico. O Atlético foi dominado na primeira etapa, mas cresceu na segunda e virou graças ao talento de Guilherme e a eficiência de Lucas Pratto. Tivemos dois ótimos exemplos de como o “Burro com sorte”, livro do técnico Levir Culpi, encaixa perfeitamente em seu momento. Na quarta-feira (15/4), contra o Atlas, no México, ele mexeu errado. Muito errado. O óbvio seria tirar Carlos e Dátolo, que estavam fazendo a bola ficar torta e lançar mais um atacante. Fez a opção por um time leve, no toque de bola, sem Pratto. Foi um desastre. Hoje ele acertou em entrar com Guilherme no intervalo e, depois, mexeu certo com a entrada de Eduardo. Mas quando Fabiano foi expulso, já poderia ter mudado e esperou a sequência do jogo - seis minutos - para uma definição.  Mas as vitórias escondem muitos erros.  Até justificar que preservou Pratto para hoje e a torcida é obrigada a engolir. Mas diante do Atlas os torcedores jamais vão esquecer. O técnico, muitas vezes, faz tudo ficar mais difícil. Foi o que aconteceu, porque se mantém Pratto até o final, ele poderia ter feito o gol do empate - a bola iria chegar, com uma armação para reforçar a criação - e o Atlético não teria de enfrentar este drama da necessidade dos dois gols no próximo jogo da Libertadores. Não escaparia da pressão, mas com um grau bem menor.

Em janeiro vi um dos treinos de Pratto e escrevi exatamente o que mostrou no clássico: precisão e faro de gol. Era o nove que o Galo precisava.  Tem de correr com Jô e André. Já Guilherme dispensa comentários. Seu talento está muito acima da média. E vejam bem: no tempo em que eu tentava enganar com a bola, no futebol de várzea de Belo Horizonte, jogadores com o talento de Guilherme encontrávamos aos montes. Minha geração sabe perfeitamente a precisão com que estou desenvolvendo este tema Guilherme.  Nos times profissionais, em qualquer um deles, também existiam jogadores com a técnica do atleticano. Muitos, muitos, centenas. Na Seleção Brasileira, poderíamos fazer quatro ou mais times, só com diferenciados. Agora um Guilherme joga 45 minutos e deixam milhares boquiabertos. Podem aplaudir, porque estes que tratam esta arte com maestria, os mágicos da bola, são raros. Podemos contar nos dedos. Não só aqui, mas pelo mundo. Uma pena é que todo dia Guilherme está machucado. Como seria bom vê-lo sempre em ação.