Itatiaia mexe no time e Artur Moraes deixa o Cruzeiro

   
                                               Sempre correndo atrás da notícia

A crítica faz parte (e como!) no nosso trabalho de jornalista. Exigimos mudanças nas equipes, dos técnicos, dirigentes e condenamos com veemência o comportamento inadequado de alguns torcedores. Mesmo que não sejamos unidos como deveríamos, porque há a disputa pela concorrência, quando damos o “furo” ou a notícia exclusiva, como queiram chamar, buscamos a fidelidade à verdade. 

A cobertura diária mexe e mexe com os setoristas e mais ainda, quando tomamos conhecimento de que um colega (notícia que não gostamos de divulgar), muitas vezes porque também é amigo, não faz mais parte de determinado time no trabalho jornalístico. Senti e muito a saída de Artur Moraes da cobertura do Cruzeiro pela Rádio Itatiaia. Por muitos fatores. Talvez, o principal deles seja porque não vou ouvir mais aquele seu consagrado refrão: “No pedacinho que a galera gosta”.

Foram 19 anos trabalhando ao seu lado, ele pela Rádio Itatiaia e eu pelo Jornal Estado de Minas. Fomos unidos na busca da notícia e não tinha como não nascer uma verdadeira amizade, também por suas virtudes pessoais e profissionais. Acompanhei passo a passo sua chegada de Manhuaçu (antes trabalhou em Campos, como repórter do narrador Anthony Garotinho), trazido por Osvaldo Faria. Acompanhei sua luta pela afirmação e posteriormente sua fixação como um dos nomes mais respeitados da imprensa mineira. 

Ele não sabe. Mas o que mais me admira é o respeito que os jogadores têm por ele. Também os técnicos e os mais humildes. É uma unanimidade no mundo cruzeirense e também dos torcedores rivais. Não temos a capacidade de agradar a todos, mas Artur tem esse poder. Não por carregar um microfone poderoso. Mas pelo trabalho. O dom que Deus lhe deu de saber transmitir bem os assuntos negativos de dentro de um clube e de jogar para cima aqueles que glorificam. Sem qualquer gerenciamento de um dos grandes clubes da história, sabe ser independente e imparcial. 

 

Algumas vezes, ouvi o torcedor questionar: “O Artur falou isso. Não deveria”. Mas ele tem o seu compromisso com a verdade e não poderia falar diferente. Com orgulho, pode-se dizer que, ao lado de outros dirigentes que viveram estes últimos 20 anos no clube, ele faz parte da história mais linda do Cruzeiro. A “voz azul” em mais de 20 títulos. A histórica Libertadores de 1997, momento maior. Muitos outros. Quem teve o privilégio de, como o Artur, ter vivido os relevantes momentos celestes estando presente ao fato? Normalmente, as pessoas passam pelo clube e ficam por duas ou três temporadas. Exceto Fábio. E ele viveu tudo isso, com sua voz marcante, firme e inconfundível. 

 

Com certeza, a Rádio Itatiaia também reverencia esse profissional que tanto a engrandeceu e elevou a sua audiência pelo alto nível do trabalho prestado. Por ele fazer parte do lado mais bonito também de sua história. Se não fosse por ela, ele seria um daqueles repórteres do interior que correm pela notícia e chegam a ser ignorados. Mas, Deus lhe reservou o melhor e segue sua obra. Artur tem altos projetos (é muito respeitado também pelo seu lado comercial) e, em breve, vocês vão ouvi-lo em um outro prefixo, para a alegria de muitos, porque faz parte da bola rolando. Sucesso irmão. Você jamais será reserva. Tem de estar dentro de campo usando seu talento diferenciado, de qualidade e versátil, um reforço importantíssimo para qualquer um dos novos prefixos. É ainda um narrador e dos bons. Foi assim que começou na profissão. Pelo menos por dez anos, quer colocar a bola no pedacinho que a galera gosta.