sexta-feira, 11 de julho de 2014

Amaral - Vou fazer marcação individual no "Apartheid"


No programa do ex-craque Falcão, da Fox Sports, Boa noite, Copa,  o ex-volante Amaral, do Palmeiras,  Vasco,  Corinthians, Grêmio, Atlético, Vitória, Santa Cruz, Seleção Brasileira e vários outros clubes (jogou por times de 11 países), contou suas histórias do Futebol. Elas retratam muito bem o que é o mundo da bola, principalmente para as pessoas humildes que passam a viver embaladas pelo luxo e encanto das viagens, hotéis, comidas e fortunas. Mas são poucos que conseguem se manter,  depois  que a bola lhe dá adeus. Amaral, que na juventude trabalhou em uma funerária, em Capivari (SP), cidade onde nasceu, com simplicidade, ao lado do técnico Vanderlei Luxemburgo, durante quase duas horas falou da infância pobre, dos primeiros passos no Futebol, Seleção Brasileira e viagens pelo mundo. Fez sorrir muito quem estava participando do programa e mais ainda os assistentes. 

Primeiro, do serviço na funerária, quando fazia a preparação dos corpos para os sepultamentos e da mãe desconfiada quando ele chegava em casa com muitas frutas. Como não tinha dinheiro para fazer compras, a mãe decidiu ligar para o trabalho e descobriu que ele tirava as frutas das urnas dos chineses que têm como cultura fazer os sepultamentos com muitas frutas dentro dos caixões. 

Contou também do Odvan, ex-zagueiro do Vasco, que necessitando fazer um cadastro para que pudesse fazer compras com financiamento, entendeu que o comprovante de residência seria tirar uma foto, em frente ao prédio onde morava, apontando o local de seu apartamento. Levou a foto que para ele seria o documento solicitado, mas antes questionou. “Não preciso disto. Sou o Odvan, do Vasco”.

Também muitas histórias de Edílson, que foi seu companheiro no Palmeiras.  Amaral tinha muitos pesadelos e numa noite gritava: “Tira este homem daqui”. O companheiro estava no quarto ao lado ouviu, pegou a arma, abriu a porta e gritou: “Saí daí se não eu te mato”. Amaral diz que Edílson custou entender que era um pesadelo. 

De Edmundo querendo imitar os técnicos , que eles chamam de professores, nas instruções. Mas como Luxemburgo estava perto e era o alvo, foram histórias mais amenas. Do assédio, mesmo com um problema na vista direita - ele foi casado com uma nissei -  relatou que um dia preocupado, Luxemburgo o recomendou  fazer uma cirurgia para que a vista permanecesse aberta. A surpresa foi dele, dez dias depois da cirurgia: “Vi que o olho fechou de novo”. 

Na época que era um dos principais jogadores do País e os familiares dos craques, especialmente as mães, estavam sendo sequestrados, foi pressionado pela família para contratar seguranças para sua mãe. Na reunião, em sua casa, depois que todos falaram, foi incisivo: “Mãe, com a senhora não vai ter problemas (ela tinha 120 quilos). Se alguém chegar aqui à senhora deita no chão. Ninguém vai conseguir carregá-la”. Gargalhada  geral.

Mas a mais genial das histórias relatadas aconteceu em 1995, quando foi a Joanesburgo, jogar pela Seleção Brasileira contra África do Sul, evento promovido com o intuito também de mostrar para o mundo a abertura no País africano. Era o fim do Apartheid, regime de segregação racial que de 1948 a 1990 impediu que a raça negra convivesse com os brancos, exceto como serviçais, que usavam credenciais de identificação para circulação nas partes nobres das grandes cidades. E o negro Nelson Mandela acabara de chegar ao poder como Presidente. Estava nos seus primeiros meses de mandato. Exatamente no momento em que a delegação chegou ao aeroporto, lá estava um repórter da TV Globo para participar ao vivo do Jornal Nacional. Como alguns jogadores passaram rápido a caminho do ônibus, Amaral foi convidado para dar a entrevista e espontaneamente se postou para a pergunta: “Amaral, como se sente em chegar ao País do Apartheid?”. Ele: “Muito bem. Vou fazer uma marcação individual forte nele. Não vai pegar na bola”. O repórter tentou mostrá-lo que era a questão da segregação tendo como vitimas negros como ele, mas não entendeu. E completou: “O Apartheid não é o dez deles? Vou marca-lo em cima”.

Assim, era o boleiro Amaral. Neste vídeo, um pouco do que contou no programa.







Um comentário:

  1. Gostaria de escutar todas !!!!!!!!!!!!!!!!! Divertido !!!

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