sexta-feira, 18 de julho de 2014

O dia em que sequestraram Di Stéfano


Alfredo Di Stéfano, nascido argentino e naturalizado espanhol, foi uma lenda como jogador de Futebol dos Anos 40 e 50.  Ouvia falar dele até surgir Pelé e conquistar seu posto: o de Rei do Futebol. Ele morreu aos 88 anos, em Madri, justamente quando o mundo vivia as emoções do Mundial no Brasil e pouco foi falado sobre a sua obra. Mas encantava. Era um artista da bola. Pelo menos é que ouvíamos nas transmissões esportivas pelas rádios e hoje através de imagens que comprovam o seu talento e capacidade. Atacante veloz, elegante e artilheiro, Di Stéfano integra o seleto clube dos maiores da história. Aqueles que o viram jogar garantem que era uma estrela do mesmo porte dos astros Pelé e Maradona.  Jogou no River Plate, da Argentina (49 gols em 66 jogos, entre 1945 e 1949); Millonários, da Colômbia, conquistando quatro campeonatos nacionais (1949, 1951, 1952 e 1953) e marcando 267 gols; e pelo Real Madrid, com 308 gols em 396 partidas oficiais, em 11 temporadas (1953-1964). Jogou ao lado de outros nomes de destaque da época, pelo Real, como Puskas, Santamaria e Gento. Ele se naturalizou espanhol em 1956 e com a camisa da Fúria marcou 23 gols em 31 partidas. Nunca disputou uma Copa do Mundo.

Agora que vocês já tem uma ideia da grandeza do que foi Di Stéfano, um dos pontos mais marcantes de sua carreira foi um sequestro do qual foi vitima em 1963, quando o Real foi fazer um amistoso em Caracas. Na época, a Venezuela era um dos países da América do Sul que mais investia no Futebol. Também a Colômbia. Possivelmente como os brasileiros. Muitos de nossos atletas foram lá ganhar dinheiro. Mas também para não fugir a regra, a Venezuela estava em crise politica. Liderados pelo jovem Paul del Rio, de apenas 19 anos, a FALN queria alertar o mundo para o regime ditatorial de Pérez Jiménez, na Venezuela. Por isso a ideia de sequestrar o jogador mais famoso do Mundialito de 1963. A intensão da organização não era pedir resgaste, mas sim fazer propaganda da FALN.

O Real era show. Rodava o mundo dando espetáculos. Na época, sua cota por jogos era de US$ 100 mil, uma fábula para aquele tempo, já que os as estrelas não recebiam nem US$ 2 mil mensais. Não havia patrocinío e as receitas dos clubes eram as bilhterias nos estádios ou de seus sócios em seus clubes sociais. O jogo em Caracas parou o País, mas a promoção era do governo e haveria a eleição presencial. Os revolucionários não aceitavam o sucesso do evento. Com certeza, iria significar nova  derrota nas urnas.  A solução encontrada foi o sequestro de Di Stéfano.

Na véspera do jogo, Di Stéfano foi acordado por alguns homens, usando farda de policiais, no hotel Potomac, quarto 219, às 6h, dizendo que ele teria de comparecer urgente a um evento. Não lhe deram tempo nem de arrumar e o levaram. O massagista do clube é que percebeu a sua ausência e os funcionários do hotel confirmaram que o craque havia saído, levado por policiais. O jogador conta que foi colocado em um quarto modesto, sem energia elétrica e banheiro, em Caracas, onde ficou por três dias, recebendo apenas alimentação. Diante da pressão, já que o assunto teve repercussão mundial, com a presença no outro dia em Caracas de jornalistas europeus, foi permitido que ele ligasse para sua família em Madri, relatando que tinha sido sequestrado, mas estava bem. Os sequestradores também exigiram que o jogo fosse realizado, sem Di Stéfano.

Três dias depois, ele foi liberado na porta da embaixada da Espanha, em Caracas. Os sequestradores exigiram que ele convocasse horas depois uma entrevista coletiva para dizer que tinha sido muito bem tratado e que não houve qualquer problema com sua integridade fisica. Di Stéfano cumpriu a ordem. A surpresa foi olhar para os lados, durante a coletiva, e observar que todos os seus sequestradores estavam no salão para observar se realmente ele iria cumprir o prometido.  Foi até produzido recentemente um filme, mostrando o momento em que o revolucionário venezuelano Paul del Rio capturou Di Stefano. Depois desta, nunca mais voltou à Venezuela. E não teve como deixar de andar sem seguranças. Pelo menos, enquanto foi a estrela que mais brilhou no Futebol.





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