sexta-feira, 6 de junho de 2014

O sal grosso decidiu



À
s sextas-feiras vou contar uma história do Futebol. Não existe sequer um dia sem que haja um fato pitoresco envolvendo os personagens da bola. Luiz Felipe Scolari, técnico da Seleção Brasileira, abre esta série. Ele presente é sinal de que alguma coisa vai acontecer para mostrar o seu  lado bonachão e esperto. Que o diga seu assistente Murtosa.  Um espertalhão. Finge de bobo para aprontar uma das suas, mas está atendo a tudo, como que a bola para ele já não tenha tantos segredos. Em 2002, no Mineirão, dirigindo o Cruzeiro, ele obrigou Jefferson, hoje seu segundo goleiro na Seleção Brasileira, de permanecer em campo, num jogo contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro. No intervalo, no vestiário, chorando (o Cruzeiro perdia por 2 a 0), Jefferson disse que não voltaria para a segunda etapa. Felipão explodiu: “Vai voltar sim”, usando o tom de voz nada dócil. O goleiro teve de continuar e o Cruzeiro perdeu por 4 a 1. Tem ainda a história da barata. Este super homem tem pavor do inseto. Por pouco, um dia não comandou o time porque arranjaram uma para ele no vestiário. Ameaçou não entrar no local para a preleção final. De pavor chorou como um menino pirracento que pede seu brinquedo predileto e o pai diz não.

Mas vamos para a história do Sal Grosso. Foi em 2000, semifinais da Copa João Havelange, no Estádio de São Januário, no Rio. O esperto Eurico Miranda, então presidente do Vasco, sabia armar das suas. E aprontou. O Vasco deixou o vestiário do Cruzeiro sem luz, sem água e com creolina, um desinfetante muito forte anti bactencida usado para espantar isentos e locais fedidos. O líquido estava espalhado em todo vestiário, provocando um cheiro insuportável. Era impossível ficar lá dentro, também com um calor de 35 graus. Dois dias antes, Felipão, porém preparou a sua para o Vasco. Comprou três quilos de sal grosso em Belo Horizonte e levou para o Rio, como o produto mais importante de sua bagagem. Enquanto os vascaínos estavam preocupados com a reação celeste pelo que fizeram no vestiário, o técnico chamou o massagista Tita e lhe pediu que jogasse o sal em um dos gols. Felipão sabia que o goleiro Helton, do Vasco, hoje do Porto, de Portugal, tem pavor de algo branco, como trigo ou sal. Tita fez o serviço de acordo. No primeiro tempo, o Cruzeiro usou o gol e para Fabiano, goleiro celeste, aquilo era indiferente. Jogou sem qualquer problema, mas quando Helton voltou para a segunda etapa e entrou no gol, foi um Deus nos acuda. O goleiro ficou desesperado, tentando tirar o sal do gol. Perdeu a tranquilidade para jogar. Tanto que o Cruzeiro que perdia, conseguiu empatar por 2 a 2, gol de Alex Mineiro nos instantes finais ( o outro foi de Fábio Júnior). Só que no Mineirão, sem o sal grosso, o Cruzeiro perdeu por 3 a 1 e o Vasco garantiu presença na finalíssima, contra o São Caetano.







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