Ronaldo Fenômeno que já se despediu dos campos cogita voltar aos gramados
Os jogadores de Futebol, depois que decidem abandonar a carreira, começam uma nova etapa na vida. Há alguns anos ouvi Rivelino, uma das estrelas do Mundial de 1970, no México, dizendo que não é tão simples decidir que já não é possível correr atrás da bola: “Somos na terra os únicos que morremos duas vezes. Uma quando decidimos parar e a outra na morte definitiva, determinada por Deus”. Por ter acompanhado por mais de 20 anos o dia dia dos clubes, conversado com jogadores e até ter feito amizade com alguns deles, o que é condenado por muitos no jornalismo - porque a regra determina que temos de obter as informações e depois repassá-las para as páginas dos jornais, revistas, rádios, tvs, etc - sei o quanto isso é forte para eles este momento de transição. Muitos assinam o atestado de óbito precocemente. Não se preparam para viver longe do mundo da bola, mesmo tendo um currículo invejável, de títulos, grandes vitórias, atuações memoráveis, passagens pelo Futebol europeu, seleções e situação financeira consolidada.
A gente entende porque Buffon e Pirlo, da Juventus, da Itália, querem continuar dentro de campo. Aqui, Harlei, aos 42 anos, no Goiás; Paulo Baier, aos 40, agora pelo Ypiranga e, em seguida, o Erechim, no Futebol gaúcho; Zé Roberto, aos 40, no Palmeiras; Dida, aos 41, no Internacional; Adriano Gabiru, aos 37, pelo Panambi para a disputa da Divisão de Acesso de 2015, também no RGS; Fábio Júnior, no Guarani, de Divinópolis e muitos outros, como Admilson, do Tupi; Fábio Noronha, no gol do Democrata, de Governador Valadares e Muller, com 49 anos, depois de 11 aposentado, decide voltar. Vai jogar a segunda divisão de São Paulo pelo Fernandópolis, ao lado de dois outros que a bola já lhe disse há anos que estão aposentados, mas insistem em continuar; o atacante Alex Dias, de 42 anos, com passagens pelo Goiás, Cruzeiro, São Paulo e Vasco e o lateral Maurinho, de 36, campeão brasileiro por Santos, Cruzeiro e São Paulo, há dois anos parado.
Vejam o que falou Muller há quase 15 anos, quando era jogador do Cruzeiro: “Os jogadores
têm de saber que há hora para parar. Não podem ser um ex em campo.”. Só que o presidente do Fernandopolis tem seus sonhos e objetivos: “O que eu quero com isso? Resgatar o Futebol do interior e ver o estádio cheio. Nós anunciamos o Muller e até agora já ganhamos novos 1.003 sócios torcedores. Nós tínhamos 600". Há ainda Marcelinho Paraíba (39 anos), ex-Santos, São Paulo, Grêmio, Flamengo, Coritiba, Sport e Fortaleza, Boa Esporte, além de passagem pelo Futebol alemão. Ele será uma das atrações do Inter de Lages no Campeonato Catarinense. O time terá também o atacante Reinaldo, ex-Flamengo, São Paulo e Paris Saint-Germain.
Eles não querem ser abandonados pela bola, mesmo muitas vezes cumprindo um papel ridículo. A vaidade predomina. O celular tem de tocar de um dirigente manifestando interesse em seu futebol; o torcedor pedir autógrafo; tem de receber o pedido para as entrevistas coletivas; receber o assédio das marias chuteiras; exibir os carrões; estar nos hotéis confortáveis; as viagens dos sonhos; os estádios lotados, os nomes nas manchetes e os cumprimentos dos técnicos e companheiros. Reinaldo Lima, o Rei, confessa que até hoje ouve o torcedor gritando: Rei, Rei, Rei”.
Por estas e outras, outro dia, um jogador em fim de carreira, procurou um presidente e fez um pedido: “Me contrate e eu lhes darei o título da Libertadores”. O outro chegou ao extremo de dizer que como tem uma situação financeira boa, paga ao clube R$ 50 mil mensais, apenas para estar na lista dos novos contratados para a temporada. Amigos, este é o mundo da bola. Fascinante para quem está dentro dele. Depois, um sentimento de perda terrível. Para muitos, a morte.
O craque e atleticano Diego Tardelli, agora jogando pelo Shandong Luneng, da China, já decidiu o que vai fazer em 2018, quando concluir o contrato com o seu novo clube. Volta a Belo Horizonte, com 34 anos, para vestir novamente a camisa do Galo e será candidato a deputado estadual ou federal.
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