sábado, 14 de março de 2015

Cidinho: "A bola é nossa"

 
Cidinho no comando de Cruzeiro x Siderúrgica

São muitas as histórias relativas aos árbitros, especialmente no passado, quando eram pressionados em pequenos estádios, sem a mínima segurança. Outras folclóricas, como a contada outro dia no canal FOX pelo ex-árbitro e agora comentarista, o gaúcho Carlos Eugênio Simon. Ele estava apitando um jogo de confraternização, no Rio Grande do Sul, com a participação de políticos. A maioria deputados. De repente, alguém gritou: “Ladrão”. Pela primeira vez na carreira, tinha certeza de que o xingamento não era para ele. “Um ficou olhando para o outro”. Falou e por um instante, o jogo parou.


Em Minas Gerais, Alcebíades Magalhães Dias, o famoso Cidinho de a “A bola é nossa”; Joaquim Gonçalves, também chamado de Joaquim Cocó, pelas arbitragens favoráveis ao Atlético; Geraldo Fernandes, com quem tive o prazer de ir a Copa do Mundo de 1970, no México; Geraldo Toledo, Dagomir Sacramento, Maurílio José Santiago, Doracy Jeronimo, Raimundo Sampaio, homenageado anos depois dando seu nome ao Estádio Independência e muitos outros foram personagens de nossos espetáculos.  Todos já falecidos. A Federação Mineira de Futebol inclusive deveria ter feito, na festa dos 100 anos da entidade, uma homenagem a eles que deram uma contribuição histórica para que hoje o Futebol mineiro seja destaque no mundo da bola. O que nos falta é apenas um título mundial de clubes.

Cidinho gostava de contar suas histórias. Incrível como aquele homem, com um pouco mais de 1,50 m de altura, conseguia tanta proeza depois das pressões dos torcedores, dirigentes e jogadores nos estádios. Usava a criatividade para fugir da revolta dos torcedores. Ele disse que por mais de uma vez teve de sair dos estádios usando a batina de padre: “Eu tinha uma na minha maleta”, sorria. Também vestido de mulher. Lembra que uma destas fugidas foi em Sabará, num jogo Siderúrgica x Atlético, Anos 50. Mas passou apertado também em Conselheiro Lafaiete, Nova Lima, Sete Lagoas, Uberaba, Uberlândia, Divinópolis, Formiga, Curvelo, Barão de Cocais etc, porque o time da casa não aceitava a derrota e o árbitro pagava o pato.

“Lá em Sabará, quando apitei o final da partida, a torcida invadiu o campo. Tinha um córrego do lado e o povo queria me jogar lá dentro. Consegui correr para o vestiário e uma senhora teve de arranjar um vestido para que eu pudesse deixar a Praia do Ó (Estádio do Siderúrgica) e, mesmo assim, dentro de um camburão da polícia”.  Mas sua maior façanha, indiscutível, foi durante um jogo, no Barro Preto, estádio do Cruzeiro. Ele contava a história de seu jeito, argumentando que foi em 1940, uma partida envolvendo mineiros contra cariocas ou paulistas. Não precisava o confronto. “A bola saiu para a lateral e eu estava como assistente. Questionado de quem seria o arremesso do lateral, não hesitou: “A bola é nossa”.  No caso, Seleção Mineira. Mas na verdade, quem acompanhou o Futebol na época, conta que ele, em muitos jogos do Atlético, já como árbitro, não vacilava em sua preferência quando perguntado quem seria o favorecido no lance: “A bola é nossa”.

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