terça-feira, 1 de abril de 2014

Bebeto abriu o verbo


Na entrevista que concedeu ontem ao programa Última Palavra, da Fox, o ex-jogador de vôlei, Bebeto de Freitas (lembro dele como levantador do Botafogo, depois técnico, com participações na Seleção Brasileira, da Itália, ainda com larga experiência em outros países  e também na administração do Atlético) abriu o verbo e não escondeu que na Confederação Brasileira de Vôlei, não há santo. Pior: mesmo sendo uma pessoa ligada há quase meio século ao Esporte, quando foi contratado para dirigir a Seleção da Itália, recebeu  um aviso de um mensageiro da CBV:  “Não faça criticas ao nosso trabalho”. Todas as pessoas ligadas ao Vôlei sabem que desde os primeiros dias de Carlos Arthur Nuzmann a frente da entidade, a partir de 1974, esta foi uma das marcas de sua política. É proibido falar do que está errado.

Abertamente Bebeto criticou Nuzmann, mostrando ainda que sua política foi sempre direcionada para a elite, no caso, a Seleção Brasileira, virando as costas para o resto, especialmente os Clubes. Sua proposta de candidato era exatamente trabalhar pela massificação para que tivéssemos um vôlei de primeira qualidade.  O que faz hoje também no COB. Mas a verdade é que os resultados vieram com a Seleção Brasileira. E os Clubes foram empobrecendo.  Para ele, um absurdo ter uma Superliga com 12 clubes, alguns meros participantes por falta de recursos. Lembrou as empresas que chegam ao Vôlei e depois desaparecem sem que ninguém tome qualquer providência.

Para  Bebeto o mais estranho é o fato de que clubes tradicionais, fez questão de citar o Minas Tênis  Clube, se silenciam.  Há denuncias de desvios de verbas e ninguém se interessa pelo fato, como se nada estivesse acontecendo. Destacou a política de tudo para os amigos e veneno para os inimigos. No Futebol , a mesma coisa. O ex-presidente do Botafogo citou a incoerência na prestação de contas do atual presidente do Clube, que sonegou mais de 90 milhões.

Bebeto de Freitas foi sempre um crítico, seguindo o estilo de seu tio, João Saldanha,  um jornalista ferrenho. Tão contundente que chegou à técnico da Seleção Brasileira de Futebol e foi demitido três meses antes da viagem ao México, onde o Brasil conquistou o tricampeonato. Era um declarado comunista e ao saber que o presidente da República, Garrastazu Médici queria interferir na convocação da Seleção Brasileira, indicando jogadores de sua preferência, Saldanha lhe mandou o seguinte recado: “O Senhor escala seu Ministério, aqui mando eu”. Caiu.




Um comentário:

  1. É lamentável a evidente participação do "poder" nos eventos esportivos. Onde houver repercussão sempre haverá alguém querendo levar vantagem e o desejo da vitória deixado em segundo plano!

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