terça-feira, 8 de abril de 2014

F-1, o show não para


Durante 15 anos participei efetivamente do mundo da Fórmula-1, acompanhando os GPs nas coberturas do Estado de Minas. Tudo fascinava. O ronco dos motores, o cheiro da gasolina, a limpeza dos boxes, a organização inglesa, a preocupação dos engenheiros com o mínimo detalhe na preparação dos motores, a partir da chegada das equipes aos boxes, normalmente às terças-feiras. Algo o que marcou muito foi a disputa entre as equipes em fornecer a melhor alimentação para as suas equipes, numa disputa da culinária alemã, francesa, inglesa, italiana etc. Havia a preocupação dos chefes de cozinha em chamar um jornalista para experimentar o que eles estavam oferecendo aos convidados, pilotos e mecânicos. Era uma disputa . Nunca tinha visto nada igual, apesar de na época já ter alguma experiência em coberturas jornalísticas.


Os apaixonados pela F-1 não podem imaginar como é aquele momento. Nunca vi a F-1 como uma disputa apenas de pista. Não é apenas a competição entre pilotos e principalmente dos construtores, o que move o circo. A Ferrari não quer jamais ser inferior a Mercedes, Renault, Lotus, que teve sua época, Ford e Honda, outra que marcou o circo, etc. Há também a disputa entre os homens em estar ao lado das modelos mais bonitas do mundo e fazer delas suas companheiras. Neste campo Nelson Piquet era imbatível. Tomou a namorada de Ayrton Senna e depois, ao ver que a mulher de Nigel Mansell não tinha os dotes de que os povos chamam de beleza, usava sua língua felina para cutucar o adversário: “O Mansell é tão imbecil,  vive com um Dragão”. São ingredientes do espetáculo, mesmo que as pessoas não aceitem.

As ultrapassagens espetaculares, de Alain Prost, Nelson Piquet, Michael Schumacher, a de Ayrton Senna em cima do inglês Nigel Mansell, no GP da Espanha, em 1986, não existem mais, porque a disputa é das maquinas. O homem (ler pilotos) aceitou passar para um plano inferior. Vivemos a era de Sebastian Vettel da Red Bull, com domínio de ambos (piloto e escuderia), fazendo um show particular e sem graça, esvaziando a competição para os brasileiros, sem um representante de ponta. Os dirigentes mudaram as regras. Trouxeram novamente os motores turbos de seis cilindros; a poderosa e tradicional Willians reage ao optar pelos motores Mercedes, agora a dona do trono entre os construtores, mas tudo caminha para que tenhamos um novo ano de domínio de uma equipe – a máquina de Lewis Hamilton.

O tempo passa, mas fica claro que o que vai consolidar é a liberdade para condenar a Ferrari, sempre determinando prioridade para o piloto número 1. As equipes começam a entender que aquele que é bom, tem de chegar na frente. Ninguém pode inibir um piloto de desejar ser o número 1, quando no papel ele aparece como o número 2. Assim o show não para. Os outros ingredientes jamais faltarão: lindos boxes, belos uniformes, capacetes, carros, modelos e o ronco dos motores, num jogo em que Hamilton caminha novamente para ser o número 1, depois das duas vitórias em 2014 de ponta a ponta. Façam suas apostas.





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