sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Ele parava no ar

Dario, ex-jogador do Galo e hoje comentarista da TV Alterosa (SBT)

No final da década de 70, Elias Kalil era o presidente do Atlético. Não tão audacioso em seus atos como o filho Alexandre, mas com certeza, se naquela época já existissem as ferramentas das redes sociais, ele usaria o twitter para anunciar as principais contrações. Ele optava em buscar, especialmente em São Paulo, aqueles jogadores em destaque e com a presença da imprensa, convocada pela assessoria de imprensa do clube, os novos ídolos desciam no aeroporto da Pampulha nos braços da torcida. Foi assim com Palhinha, Chicão, Dario, nas duas primeiras voltas, depois de ter sido um dos heróis da campanha do título de campeão Nacional de 1971. O dirigente fazia questão de fazer belas recepções até para a chegada dos técnicos. Jamais pensou pequeno.

As entrevistas do presidente, tal como as do filho, eram bombásticas, porque ele falava o que a torcida gostava de ouvir. Da possibilidade do Atlético voltar a ganhar o título nacional, não admitia a perda das disputas estaduais e ainda, não tinha receio para criticar os árbitros que prejudicaram o time. As vezes, mesmo não sendo o setorista do Atlético (é aquele repórter que acompanha diariamente as atividades do clube) eu era escalado para ouví-lo. Numa delas, estava acompanhado de um de meus irmãos e fomos ao escritório da Erkal, de sua propriedade, na Praça da Liberdade. Na época, Dom Serafim, arcebispo de Belo Horizonte, também mandava os seus recados ao Clube Alvinegro.  Lembro que Elias falou dele naquela manhã, mas o objetivo principal do dia era que o presidente confirmasse os reforços para a temporada de 1978. O técnico era Barbatana.

O Atlético precisava de centro-avante (não sei se era para substituir o Reinaldo que tinha feito cirurgia e também ficava muito à disposição da Seleção Brasileira).  Falava sobre os reforços e atrás dele um adolecente de no máximo 16 anos, com ouvidos atentos não teve receio para dizer ao pai o que ele deveria fazer: “Dario pai, Dario pai”.  Dias depois o atacante foi contratado. Voltava pela terceira vez. Em 1972 foi para o Flamengo e dois anos depois retornou. Não ficou nem uma temporada e foi para o Sport. Naquele momento, o Atlético foi buscá-lo na Ponte Preta. Ainda houve uma quarta vez, em 1983.

O atacante não tinha mais o vigor físico e performance do início da década de 70. Digamos que já estava jogando com o nome, mas as suas frases de efeito, decantadas até por Carlos Drumond de Andrade ganhavam o mundo da bola. Algumas delas: “Não venha com a problemática que eu dou a solucionática”,  “Me diz o nome de três coisas que param no ar: beija-flor, helicóptero e Dadá Maravilha”,  “Isso é mamão com açúcar”, “Não existe gol feio. Feio é não fazer gol.”. Pela sua irreverência e capacidade de expressão, um tipo muito diferente dos demais boleiros, estava presente em redes nacionais e aparecia até no Jornal Nacional da Rede Globo.

O Campeonato Mineiro prosseguia e Dario não deslanchava. A torcida começou a pegar no seu pé e pressionar o técnico Barbatana, que incomodado o substituía   no segundo tempo. O Atlético foi para a final, contra o América precisando do empate para ser o campeão. Dario não conseguia dominar uma bola sequer. Fez um acordo com o treinador que não seria substituído na decisão.  Aos 42 minutos do segundo tempo, o Atlético perdia de 1 a 0.  Então ele foi lançado na esquerda em diagonal, apontou e jogou a bola em direção a área. Misael, zagueiro do América, saiu em disparada para acompanhá-lo. O goleiro saiu do gol e Dario já sem pernas tropeçou e caiu em cima da bola. Com o impacto, a bola acabou tomando um sobresalto, cobriu o goleiro e entrou de mansinho nas redes para delírio da massa atleticana.  Final de jogo, Galo campeão e todos correram para ouvir Dadá. O repórter lhe questionou: “Dario, foi gol de sorte pois você tropeçou na bola?”  A resposta veio na medida certa: “Craque não tropeça, a estrela brilha e a bola entra”.

Time campeão mineiro em 1978: João Leite; Alves, Vantuir, Márcio Paulada e Valdemir; Toninho Cerezo, Ângelo e Paulo Isidoro;  Marinho,  Reinaldo (Dario) e Ziza. 







quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Copa do Brasil –Outra noite histórica dos times da Série B


Se não bastasse a eliminação do São Paulo, Fluminense e Internacional por times da Série B, a dose voltou a ser repetida ontem à noite, na primeira rodada das oitavas de final da Copa do Brasil. Foi excelente o desempenho novamente das equipes que disputam a divisão de acesso diante de adversários da Série A. Deram um passo decisivo para que possam chegar as quartas de final, o que é o reflexo mais indiscutível da fragilidade de nosso Futebol. O nivelamento por baixo. O Bragantino venceu o Corinthians por 1 a 0 e vai jogar pelo empate no jogo de volta, na Arena Corinthians. Há um fenômeno no duelo entre eles, com o time de Bragança Paulista sempre levando vantagens, mesmo sendo infinitamente inferior. E está cheio de moral. Afinal derrubou outro gigante do Futebol brasileiro.  Nada menos do que o São Paulo, com absoluta autoridade. O Bragantino é dirigido por PC Gusmão, aquele que foi assistente de Vanderlei Luxemburgo e trabalhou duas vezes no Cruzeiro.  O América-RN, que aplicou um pito histórico no Fluminense (5 a 2 no Maracanã), aprontou outra, vencendo o Atlético-PR por 3 a 0. Agora vai a Curitiba para administrar a vantagem. Foi categórico novamente o desempenho do Ceará ao vencer o Botafogo por 2 a 1, no Maracanã. Detalhe: o Ceará está na ponta da Série B e tem façanhas histórias na Copa do Brasil, já tendo eliminado Atlético e outros grandes. Em casa, terá ainda maiores chances diante do não tão forte Botafogo.

Já o Cruzeiro fez mais do que o dever de casa, goleando o Santa Rita por 5 a 0. Foi muito feliz um narrador ao dizer que era o confronto do aluno contra o professor da bola. Em momento algum os celestes foram ameaçados, donos absolutos do jogo, com chances até de aplicar uma maior goleada. Mas deu para o gasto. Agora vai poder poupar os principais jogadores visando à etapa seguinte, contra Vasco ou ABC. Este tipo de confronto também ajuda o técnico para fazer algumas avaliações e para que alguns jogadores se fortaleçam. Exemplos: Henrique, pelo bom futebol e o gol marcado; Marcelo Moreno, a boa presença na área e os dois gols e, ainda, Júlio Baptista. Ele precisa conquistar mais a confiança do torcedor e só será possível com gols e presença decisiva nas jogadas. Não pode quebrar o ritmo da velocidade do ataque.

O Atlético teve maiores dificuldades e conseguiu passar pelo também fraco Palmeiras por 1 a 0. Demonstrou um futebol com maior sentido coletivo. A movimentação de Tardelli foi produtiva em termos  de conjunto, o que é importante. Não pode ficar correndo de um lado para o outro e não representar nada. Luan entrou para ser novamente o salvador e o técnico, um conhecedor da competição, continua cometendo erros. Um deles: seus atacantes não podem  ficar fixos na área. Tem de sair para buscar a bola, como Jô fez no primeiro tempo ao colocar Tardelli na cara do gol. Dátolo erra mais do que acerta e segue mantido. Rafael Carioca veio para melhorar o time na saída de bola, mas tem de ser defensor, o que não está fazendo. Na outra fase, caso confirme outro bom resultado no Independência, o Galo vai pegar o Bragantino ou o Corinthians. 






quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Ronaldinho Gaúcho bate nas portas e ouve aqui não


O Futebol nos encanta. Quem não gosta de ver esta arte exibida em lances onde o homem demonstra toda a sua genialidade? Muitas vezes, o jogador num simples toque, com a capacidade apenas daqueles que têm o dom dado por Deus, como aquele gol de Ronaldinho Gaúcho contra o Arsenal de Sarandi nos 5 a 2, no Independência, diz tudo o que quero retratar em termos de grandeza do Futebol. Mas há muitos outros momentos fantásticos, como o gingado de Pelé em cima de Mazurkiewcz, na Copa de 1970, no México; a cabeçada do Rei que Banks defendeu espetacularmente, também no tri do México. E daí por diante. Os gols de Zico, Reinaldo, Ronaldo Fenômeno, Romário, Tostão, Dirceu Lopes, Messi, Maradona, Van Basten. Vamos voltar no tempo e lembrarmos de Zizinho, Leônidas, Puskas, Di Stéfano, das diabruras de Garrincha. Em outro extremo encontramos as manobras do dia a dia que envergonham. A gente fica perguntando. Por que os homens têm este espírito tão traiçoeiro?

Há esquemas para os resultados; derrubar técnicos, companheiros, dirigentes, assistentes. Até pegadores de bola, etc. Não vou citar nomes. Mas recentemente ouvi alguém dizendo: “Derrubei ele. E colocamos o Adílson no lugar”. Questionei: mas qual Adílson? “O capitão América”. Agora, o imbróglio do momento se chama Ronaldinho Gaúcho. Não tem como fugirmos de um antigo provérbio que diz o seguinte: quem não ouve conselhos, depois tem de ouvir o pior". Coitado dele. R-10 tinha tudo para encerrar a carreira na glória. Mas decidiu apostar em um reinado eterno pela necessidade de sempre ser a majestade.  Quando foi ameaçado, por onde passou, demonstrou a  insegurança dos homens e caiu fora. No Atlético, depois da participação no Mundial em Marrocos, percebeu que apenas seu nome iria prevalecer para continuar jogando e se agarrou a dois fatos: a amizade com um dos filhos do presidente do Clube, o que incomodou seus companheiros, exceto Jô e, ainda, que o Atlético ficasse jogando pelo Mundo (jogos da Libertadores ou excursões como a China) para que o “Deus” continuasse  intocável. Ele é capaz de carregar multidões. Sua obra nos  mostra como um simples homem tem o poder de mobilizar o sentimento das pessoas, independente de sua cultura e formação. Emociona e muito. Engraçado é com esta arte não tem tanto valor para muitos. Mas ele foi artista nota mil. Não grande como Pelé, mas a com a extensão da admiração bem próxima.

No Atlético, quando se sentia ameaçado e precisa mostrar poder, o pombo correio aparecia para anunciar que tinha propostas. Rescindiu com o anúncio de que não precipitaria em sua nova opção, mas os dias se passam e nada. Agora, o Palmeiras chama seu irmão, Assis, que cuida de seus negócios, de estressado e coloca fim as negociações. A verdade é que Ronaldinho caminha para o fim da pior forma possível. Seus últimos dias não são receita para nenhum atleta profissional que tenha dado sua contribuição da forma mais digna que possamos imaginar. O anonimato muitas vezes é o melhor remédio. Triste para quem foi majestade e hoje é oferecido, obrigado a bater de porta em porta e receber a resposta de que aqui não. Com um adendo: as recusas não são das casas topes.  

Para Ronaldinho Gaúcho, que fez da bola o seu maior amor, o fim está determinando fielmente o que diz o testamento da bola: a morte. São os únicos mortais que morrem duas vezes.






terça-feira, 26 de agosto de 2014

O fim dos camisas 9


Não somos técnicos. Apenas críticos, mas há uma verdade no Futebol que há décadas está exposta. Não é exagero escrever décadas. Os profissionais insistem no erro, mesmo eles dizendo que só podem escalar jogadores com muitas funções. Eles selecionam centro-avantes totalmente fora da realidade do Futebol. A história mostra que os times que optaram por um jogador com esta habilidade técnica foram muito bem sucedidos. Quando o assunto é Seleção, ainda mais, porque as equipes são formadas por jogadores que teoricamente são os melhores de cada País. Façam uma reflexão e vão observar que os grandes times, os quais tivemos o privilégio de ver em ação, eram escalados com atacantes essencialmente técnicos. O melhor exemplo: o ataque do Brasil, em 1970, tricampeão no México, com este ataque: Jairzinho, Tostão, Pelé e Rivelino. Não tinha brucutu, aquele atacante que mata com a canela, não tem a técnica para trabalhar a bola com carinho e fica os 90 minutos na área a espera da bola para fazer o gol.

O grande Santos de Pelé, tinha Coutinho como coadjuvante; a Seleção Brasileira, campeã, em 1994, nos Estados Unidos; uma dupla de frente competente: Romário principalmente e Bebeto; o Brasil, de 1982, na Espanha - para muitos o último grande momento do nosso futebol - apenas Serginho destoava, porque estava ao lado de Zico, Falcão, Cerezzo, Júnior, Sócrates, etc. Mas vamos falar um pouco de clubes. Vejam o grande Cruzeiro de 1966, com Natal, Tostão, Dirceu Lopes, Evaldo e Hilton Oliveira na linha de frente. Também sem o brucutu. Só técnica. O grande São Paulo, com Muller, Silas e Careca; o Flamengo, de Zico - o galinho compensava os companheiros não portadores da arte da bola; o Fluminense, com casal 20, Washington, não tão habilidoso; mas Assis completo; o Atlético, de Reinaldo e Marcelo, este hoje técnico do Cruzeiro; o Palmeiras, de Edmundo e Evair. Chega de exemplos. 

Mesmo assim, nossos técnicos gostam de escalar os atacantes de área sem mobilidade. Ficam fixos, dizendo que eles fazem muito bem o trabalho de pivô. Que cascata. Não são eles mesmo que dizem que o Futebol é formado por equipes com atletas com múltiplas funções; Não é assim que jogam o Bayern de Munique, Barcelona, Seleção da Espanha (campeã do mundo em 2010), a da Alemanha, campeã aqui; Real Madrid (este mais velocidade, em função da habilidade de Cristiano Ronaldo),etc. Times com toque de bola. E nós estamos insistindo com Fred, Luis Fabiano, Rafael Moura, Barcos, Jô, André, Leandro Damião, Marcão e outros. São apenas raros lampejos, como na última rodada do Brasileiro. Aos nossos olhos a maior das verdades: a eficiência do Cruzeiro nos pés de Ricardo Goulart e principalmente Everton Ribeiro. Eles dão um tratamento especial para a bola. 

Na vida, estamos sempre dizendo que as mentiras não duram nem 24 horas. Mas esta de centro-avante já tem quase um século. 







segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Campeonato Brasileiro – Dez para o Futebol mineiro


Uma rodada importante para o Futebol mineiro, com as vitórias do América, Atlético e Cruzeiro. Eles estão consolidando seus objetivos: Cruzeiro e Coelho na primeira colocação e o Galo tentando chegar entre os quatro primeiros e atingir o seu sonho de consumo dos dois últimos anos: Copa Libertadores. Há muitos elogios, a começar pelo América, que no sábado, mais uma vez em casa, mostrou eficiência para fazer 3 a 0 na Ponte Preta, que vinha de uma série de bons resultados. Levou um banho de água gelada. Goleada incontestável, conquistada sem os traumas, já que os gols saíram na hora certa e o time ofereceu poucas chances para o adversário.

Ainda no sábado, o Atlético, com dificuldades, passou pelo Internacional por 1 a 0, resultado que o fortalece na briga por um dos quatro primeiros lugares e ainda favoreceu o Cruzeiro, porque impediu o Internacional subisse na classificação. Ficou nos 31 pontos. Se vencesse, a diferença entre eles seria, hoje, de cinco pontos. Só que o futebol do Galo ainda não transmite a confiança necessária para acreditar que vai subir e atingir seu objetivo. Enquanto isso, Levir Culpi está falando nas dimensões dos gramados, dos campos molhados em excesso, etc. E o time meu camarada? Vai jogar ou não? Passou do momento dos ensaios ou experiências, tem de mostrar algo contundente dentro de campo. Não sei se com Tardelli um pouco mais a frente ou na função que era de Ronaldinho Gaúcho. O que não pode é ficar na dependência do grito do torcedor. Outra questão: mesmo não sendo ainda um jogador com a capacidade para resolver, Marion não pode ficar de fora. Se não jogar, seu futebol não vai fluir e ele tem potencial. Tem de ser lapidado.

Para completar, no Serra Dourada, vimos um belo espetáculo do Cruzeiro. Fez 1 a 0 no Goiás,  outro resultado bom para o Atlético, já que o time goiano começou bem o Brasileiro e sua proposta inicial era Libertadores. Agora é fugir das últimas colocações ou pensar numa vaga para a Sul-Americana. Marcelo Oliveira foi obrigado a fazer algumas mudanças na equipe e o rendimento técnico não sofreu nenhuma queda. A defesa teve um comportamento seguro, mesmo enfrentando em certos momentos uma pressão. Agora, com a vantagem de sete pontos do São Paulo, segundo colocado, pode administrar os pontos, mesmo restando dois jogos para terminar a primeira fase. Por antecipação, já levou o simbólico título do turno. Atingiu 39 pontos, a melhor marca na história até a 17ª rodada e sua meta de alcançar 40 nos 19 primeiros jogos será superada. Neste ritmo vai terminar o Brasileiro com mais de 80 pontos. Será só  partir para o abraço. Festa. Está claro que a Raposa está arrasando e este título só escapa se o time quiser, porque o seu maior adversário só pode ser sua própria equipe. Não é exagero. É fato.

Outra morte no Futebol

O camaronês Albert Ebosse morreu depois de ser atingido por um objeto atirado da arquibancada, após seu time, JS Kabylie, ser derrotado em casa para o USM Alger. O jogador marcou o gol para os mandantes, de pênalti. Um jornal argelino relata que a torcida do JS Kabylie atirou pedras nos jogadores pela derrota e uma dela teria atingido a cabeça do atacante, que teve traumatismo craniano. O estádio foi interditado provisoriamente e foi convocada uma reunião de emergência da Liga Argelina de Futebol (LFP) para discutir o assunto. O presidente da Liga, Mahfoud Kerbadj, estava no estádio e descreveu a morte de Ebosse como “uma catástrofe”. O camaronês foi o artilheiro do JS Kabylie na temporada 2013/14, com 17 gols. O clube é um dos maiores e mais ricos da Argélia.

Opinião do torcedor

“Na sequência do perde ganha, o nosso Atlético venceu. Temos que reconhecer que a massa apoiou e pediu o Luan, até com atraso. Poderia ter retornado no intervalo no lugar do Datolo que tem disposição, vontade, mas o resultado acaba sempre em passes errados e desarmes. Com isso o time manteria os dois corredores de ataque com perigo e seguraria o Inter no seu campo, mas o técnico optou em tirar o Maicosuel. No lance do gol, inclusive, o Luan fez o papel que caberia a Dátolo como meia, e o iluminado guardou. Tardelli até usou o discurso correto, sobre a expectativa de título que mais tarde o “técnico” também usou. Embora o perde ganha possa causar esta expectativa, a verdade é que o time não melhorou e está evoluindo como o “técnico” e seu amigo presidente afirmam. Há cinco rodadas o Flamengo era lanterna. Hoje está a 4 pontos do Atlético. O Fluminense e Inter  perderam pontos nas últimas rodadas e se o Atlético está evoluindo ou melhorando já deveria estar na G4 e colado no líder. É o perde ganha”

Mauro Neves

Cruzeiro é campeão do 1° turno do Campeonato Brasileiro de 2014. Título meramente ilustrativo, mas que demonstra o nível em que se encontra o time celeste. Um jogo que aparentemente fácil se tornou complicado através da postura do time. Alias este é um grande problema do time celeste que costuma aparecer em maior evidencia em disputa de mata-mata.
Quando o time joga de forma ofensiva, obriga o adversário a se concentrar em seu campo de defesa. Sendo assim a defesa do Cruzeiro não é exigida pelo adversário. O jogo do Serra Dourada foi assim até a metade do segundo tempo.
Quando o time celeste recua, ai que mora o perigo, o time se mostra frágil. É sufocado e cede a pressão. Onde ocorreu o pênalti do time esmeraldino. Em uma disputa de mata mata isso pode ser fatal para as pretensões celestes. Na semana em que se inicia a nova fase da Copa do Brasil, todo cuidado é pouco, o time tem que jogar de forma ofensiva em todo e qualquer lugar.
O time celeste tem tudo para garantir pelo menos mais um título este ano. Desde de que demonstre, sem nunca perder a identidade, sua força dentro e fora de campo.

Frederico Augusto



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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O pozinho milagroso


Os técnicos são incríveis. Para ganhar os jogos, impor seus estilos e métodos, conhecimentos e tudo mais eles usam de cada artimanha que é difícil a gente entender como alguns se destacam, mesmo sabendo pouco de Futebol.  Muitas vezes não têm nem a capacidade dos torcedores. Não sou eu que afirmo. São jogadores que revelam: “Tem cada mentiroso por aí”.  Quando era menino, lembro do Juquita, que dirigia os times considerados pequenos do Futebol mineiro, especialmente os do interior. Ele levava sempre dez bolas para o campo e quando suas equipes tinha a vantagem, ficava jogando bolas dentro de gramado para esfriar o jogo. Muitas vezes obteve sucesso. Tivemos o 13 do Zagallo, os macumbeiros como Joel Santana – a lista é extensa; os que apostam em suas crenças religiosas, como Jorginho, aquele que foi lateral do Flamengo; assistente de Dunga na Seleção Brasileira e que já dirigiu algumas equipes com bons resultados; os que tentam impor no estilo de vestir, como Vanderlei Luxemburgo – foi o primeiro brasileiro a usar o terno à beira do gramado; outros, nas broncas e questionamentos aos jornalistas, como Emerson Leão, impressionando seus jogadores, que imediatamente exaltam nas conversas: “Vocês viram como o professor acabou com aquele jornalista”. Há os moralistas, afinal são os chefes e não podem vacilar; os puritanos, os criadores de filosofias etc. Tem de tudo. Até o que você pensou, também tem. E como tem.

No Futebol mineiro, nos Anos 60, Mário Celso de Abreu era o técnico de ponta. Formado em Educação Física e considerado estrategista. Foi durante algum tempo o mais cobiçado. Não teve a projeção de Telê Santana, Carlos Alberto Silva, Martim Francisco e outros, mas comandou a Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de 1968, no México. Era amigo de João Havelange, na época presidente da CBD – antiga Confederação Brasileira de Futebol. Marão, como era chamado, usava suas artimanhas e impressionava. Um dia revelou que Futebol não tem nada de 4-4-2, 3-5-2, etc. Para ele, são todos defendendo e atacando. “Começou assim e vai terminar assim”. Sentiu-se poderoso quando criou o quadrado no Cruzeiro, com Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes e Tostão. Depois disseram que o técnico que adotou pela primeira vez o esquema, com os quatro, foi Ayrton Moreira. Marão trabalhou também no Atlético, por mais de uma vez; Renascença, Villa Nova, Usipa (onde fez o melhor trabalho no interior) e, em outros estados, mas jamais apareceu num time de ponta do Rio ou de São Paulo. Morreu no final do ano passado.

No seu auge, falava-se muito de doping e como não havia os exames após os jogos – os clubes não tinham recursos para cobrir as despesas com os exames – Marão aproveitou da situação. Quando os times corriam muito, o questionamento era imediato: claro que  é doping. Na época, não havia ainda os preparadores físicos contratados pelos clubes. Os técnicos que faziam todo o trabalho. Paulo Benigno e Fernando Grosso foram os precursores em Minas.  Então como efeito psicológico para seus times, antes dos jogos, Marão obrigava que seus jogadores tomassem um suco de abacaxi. Tinha dificuldades, porque alguns não aceitavam com o argumento de que não gostavam da fruta. Outros, porque suspeitavam que era o doping. O técnico misturava um pó branco com o suco, que ficava visível no fundo dos copos. Os comandados ficavam intrigados. O técnico tinha sempre uma resposta na ponta da língua quando questionado por eles: é para que vocês possam correr mais. E dava resultado, porque muitos entendiam como um energético – às vezes até doping, e corriam de um lado para o outro como estivessem realmente sob efeito de alguma substância.  Um dia o material foi recolhido para análise. Ele estava dirigindo o rival e todos sabiam do tal suco. Só que os testes constataram que não havia nenhuma substância que poderia ser identificada como doping. Marão gostou. Mais tarde, revelou: ”Era farinha de trigo. Usa apenas como efeito psicológico e dava resultados”.  

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Cruzeiro, em grande estilo


A vitória por 1 a 0 sobre o Grêmio, ontem à noite (21/8), no Mineirão consolidou ainda mais a posição celeste no Campeonato Brasileiro, caminhando com segurança para o segundo título consecutivo. Jogou com a mesma aplicação. Se não foi possível atingir o ritmo na técnica, fez opção pela raça, como no lance do gol.  O Grêmio resistiu como pôde, usando uma marcação forte e bem articulada por Felipão. A arma do campeão foi contar também com a sorte no lance decisivo. Na soma dos fatores positivos, os gaúchos não aguentaram e levaram o gol. Lamentam que Dedé foi valente ao roubar a bola, não foi acompanhado na sequência e foi preciso no cruzamento. Ainda para complicar, Pará não acompanhou o tempo da bola e Dagoberto, experiente e capacitado, soube aproveitar para testar e fazer o gol.

A receita celeste é manter o ritmo que as condições não poderiam ser melhores em termos de disputa pelas primeiras colocações. Com 36 pontos, colocou a vantagem de 14 em cima do Grêmio, que é justamente o décimo colocado. São também cinco de diferença para Internacional e Corinthians, que estão na segunda colocação. Uma vantagem mais do que significativa, já que a competição caminha para a conclusão da primeira fase e está determinado, pelo que jogou nos 16 jogos, que o Cruzeiro vai manter seu aproveitamento. Em casa é espetacular, 91%. Fantástico. Desempenho de campeão.

Na Divisão de Elite do Campeonato Brasileiro, a cada rodada se consolidam as posições. A exceção da reação do Flamengo, que já foi lanterna e com as três vitórias seguidas aparece com  19 pontos. Mesmo sendo um time fraco, não pode perder a pose de majestade e daqui a pouco os cariocas já vão dizer e estampar nas primeiras páginas dos jornais: “O Mengo disputa uma das vagas para a Libertadores”. Aguardem. 

Na Série B não podemos esperar o mesmo na briga pelo título e a dura disputa pelo acesso, já que Ceará e Vasco estão com 31 pontos na ponta, apenas um de vantagem sobre o Avaí, o segundo e a dois do América, terceiro, com 29. Hoje tem Coelho no Independência contra a Ponte Preta. Acontece que o décimo colocado é o Boa Esporte, com  24. Portanto, uma diferença de apenas sete pontos que podem mudar em três rodadas.

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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Atlético – Oito meses jogados fora


O Atlético tem de tirar 2014 do seu calendário, que ainda não começou para aqueles que estiveram em campo na disputa dos 44 jogos, sendo 22 vitórias, 14 empates e oito derrotas. Venceu apenas 50% das disputas. Ridículo. Desempenho de perdedor.  Faltou planejamento. Pior ainda: os dirigentes erraram nas decisões. Primeiro em manter Ronaldinho Gaúcho até julho, quando todos sabiam que era um ex-jogador em atividade. Sem condição física e fugindo das obrigações profissionais. Melhor do que ninguém, depois do Mundial em Marrocos, o Clube tinha todas as informações de que a partir daquele momento sua estrela seria um encosto, com luz incapaz de iluminar uma simples lanterna. O técnico, no caso Paulo Autuori, teria de começar a preparação sem o craque, porque havia a obrigação de incluí-lo nos planos táticos. Foram quatro meses jogados fora. Veio Levir Culpi. Outra falha, porque é um técnico distante da capacidade que o Atlético necessita para fazer um futebol vencedor. O time não tem um padrão, o que é básico para começar a se reerguer. Individualmente salvaram apenas Marcos Rocha, em alguns jogos; Leonardo Silva pelo espírito guerreiro e Tardelli, pela técnica e disposição. O resto tem de furar um buraco, sepultar as lambanças e começar de novo. Dizer a eles que a temporada está começando amanhã. E precisam encontrar o futebol para que a Copa do Brasil não seja mais um pesadelo.

Na derrota por 2 a 1 para o Flamengo, uma morte anunciada há tempos, dentro dos retrospectos entre os rivais no Maracanã, especialmente nos momentos de reação do adversário, mesmo tendo uma equipe infinitamente inferior, o Atlético apresentou o futebol de alento no primeiro tempo e da covardia no segundo. Uma boa jogada aqui outra ali e nada mais. Será assim até o final da temporada e infelizmente os responsáveis ficam encontrando uma desculpa totalmente fora do contexto, fugindo da verdade: o futebol. Que dia ouvimos, por exemplo, Levir Culpi dizendo que iria trabalhar tais jogadas, tais jogadores, mexer em tal peça para o time encontrar o equilíbrio? Nunca. Ele pode dizer que não se pode revelar porque são os segredos de um trabalho. Até condenou Marcos Rocha por dizer muito sobre o sistema de marcação. Mas, optou em falar de uma área em que não tem nada haver com a sua responsabilidade. Também em quatro meses, sem enganar as palavras, também foi um encosto. Poucos momentos de lucidez, por exemplo, nas mudanças. A insistência no errado foi a sua principal ação.

Um recado para Kalil. Ney Franco, que no momento não é a melhor opção pelas necessidades do Galo, está à disposição. Com ele, pelo menos, há um alento. Seus times apresentam uma melhor organização, mesmo derrotado nos últimos clubes. Com certeza Ney está acompanhando o que está fazendo o Atlético dentro decampo. Afinal, esta é a sua profissão: futebol, com profissionalismo, 24 horas diárias para quem comanda. Para Levir, um muito obrigado pelos erros. Se fechou, há algum tempo, as portas no Cruzeiro, em horas, será girada a fechadura também no Galo.

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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O Coelho sobe



O América deu mais uma demonstração, ao vencer o Luverdense por 2 a 0,no Independência, que o objetivo é a elite do Futebol brasileiro, em 2014, garantindo uma das quatro vagas em disputa. Jogou com determinação e fez o jogo certo para mostrar aos demais concorrentes que ele é quem manda em seu terreiro. Sexta vitória consecutiva.  Foi outro resultado acima de tudo para lhe dar maior confiança. Caso obtenha a sétima vitória em casa, sexta-feira, diante da Ponte Preta, terá tudo para terminar a primeira fase entre os quatro primeiros.

A Série B está difícil para aqueles que sonham com o acesso, já que até o 14º lugar, equipes atualmente com 23 pontos, em duas rodadas podem chegar entre as quatro primeiras. Basta que tenham sucesso e as que estão à sua frente tropecem, o que será normal, já que a cada dois jogos em casa, toda equipe tem de sair duas vezes como visitante. Melhor para o torcedor que terá uma competição com muitas emoções. Promete muito a reta final. Claro que o nível técnico não é aquele primor. Mas está dando para o gasto.

A torcida do Coelho tem de comparecer. Ontem, no Independência, foram apenas 3.423 pagantes. Quem sabe na sexta-feira, com o jogo mais cedo (19h30), poderemos ter o dobro. Um time mostra sua força também com a presença maciça de sua torcida. Se não dá na bola, pode obter o sucesso no grito. Vamos lá Coelho. 

O esporte perde Edson Rios

O corpo do jornalista Edson Rios, de 54 anos, será enterrado hoje, no Cemitério do Bonfim. Ele morreu ontem em consequência renais. Foi atleta de Voleibol do Minas TC, um apaixonado por sua geração, que não conquistou grandes vitórias, mas abriu as portas para que o Vôlei mineiro alguns anos depois chegasse com toda a autoridade ao pódio. Nossos sentimentos a toda família.  

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