No dia 21 de julho de 1976, no Mineirão, Cruzeiro e River
Plate disputaram a primeira partida da finalíssima da Copa Libertadores. Outro
momento histórico celeste contra os argentinos, com a goleada por 4 a 1.
Naquele tempo, saldo de gols não era usado para o critério de desempate. Uma
equipe poderia ganhar por 10 a 0, perder o outro jogo por 1 a 0 e haveria a “negra”,
terceira partida. Foi exatamente o que aconteceu. Em Buenos Aires, o River
venceu por 2 a 1 e os times foram para a decisão no estádio Nacional de
Santiago do Chile, com vitória cruzeirense por 3 a 2, com aquele gol magistral
de Joãozinho. O técnico Zezé Moreira, quem está no futebol sabe desta história, não
gostou da atitude do ponta e no vestiário o repreendeu: “O Nelinho é quem
deveria cobrar a falta. Não faça isso mais seu moleque”. Como era um
disciplinador e se fez no futebol por suas atitudes firmes, do túmulo seu
espírito deve estar ainda se remoendo, porque foi contrariado em suas ordens.
Na goleada por 4 a 1, no Mineirão, relembra Nelinho (ele fez o primeiro gol), o dialogo que teve com Más, um respeitado ponta argentino que fez história pela habilidade. “Quando fizemos o quarto gol, o Más, que eu já conhecia de outros jogos, pediu para que eu falasse com meu time para não fazer mais gols. O questionei, dizendo que não estava entendendo nada. Aí ele justificou que se o Cruzeiro fizesse mais um gol, o River nem poderia descer em Buenos Aires, devido à revolta dos torcedores. Não tive como dizer a ele que o problema era deles e não nosso”. Por ironia do destino, Más acabou sendo atendido, já que o Cruzeiro não fez mais gols naquela partida, mas manteve o rítmo para chegar ao quinto e se possível ao sexto. Tinha uma máquina.
A experiência de mais de 600 jogos, grandes decisões, um
título da Libertadores de 1976, duas Copas do Mundo, 1974 e 78, colocam Manoel
Rezende de Mattos Cabral (foi também técnico do Atlétco em 1993), de 64 anos, no
pedestal para falar do futebol, especialmente decisões. E tem um recado para os
cruzeirenses: “A classificação para as semifinais da Libertadores está em
aberto. Pode dar Cruzeiro ou River, pelo que jogaram na primeira partida. O
Cruzeiro tem de esquecer o placar de 1 a 0 e jogar com a mesma determinação”.
Nelinho destaca que os times se nivelam tecnicamente: “O
futebol hoje é feito de determinação, correria e briga pela bola. É o básico.
Quando você tem a técnica, melhor ainda para um drible, uma jogada diferenciada.
No mais é jogar 90 minutos pela bola. Este não deve ser o comportamento do
Cruzeiro apenas na quarta-feira. Tem de ser sempre. Também no Campeonato
Brasileiro. Usar a força, ir com tudo. Infelizmente o futebol mudou para nós
que gostamos do espetáculo. Somos obrigados a ver Barcelona e Bayern. Por aqui,
refiro-me a todo o País, está muito fraco. O jogo é outro. O que era o diferencial
em minha época, a arte, ficou em segundo plano”.
No mais, ele dá o seu último recado: “Sorte Marcelo, você
merece”.
Timaço
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