quarta-feira, 30 de abril de 2014

Libertadores | Impossível às previsões



Depois da eliminação do Santos Laguna e do Vélez Sarsfield,  dois dos melhores da Fase de Grupos da Copa Libertadores, consequentemente para os dois piores classificados com a segunda colocação, fica difícil prever o que poderá acontecer com Grêmio, Cruzeiro e Atlético nos jogos de volta das oitavas de final. Sem ser pessimista, não será nenhuma surpresa se os três caírem fora, apesar da superioridade técnica. A questão é a seguinte: os times estão jogando com raça, imprimindo um ritmo forte nos contra-ataques e, ainda, com todas as peças tendo múltiplas funções em campo. Os 11 jogam. Jogam mesmo. Ninguém fica assistindo ao jogo ou fingindo que está fazendo marcação. O Nacional do Paraguai, aquele mesmo que esteve aqui no Independência e empatou por 1 a 1, com o Atlético, é o melhor exemplo. Tirou o todo poderoso Vélez Sarsfield, uma tradição e campeão. E jogando em Buenos Aires, depois de fazer 1 a 0 no jogo de ida. Ontem empatou por 2 a 2. Fez uma retranca, soube aproveitar as chances e por pouco não venceu.

Em 2011, o Cruzeiro, com Cuca foi disparado o melhor da Fase de Grupos, sendo eliminado nas oitavas pelo modesto Once Caldas, da Colômbia. Perdeu por 2 a 0, em Sete Lagoas, depois de ter vencido o jogo de ida por 2 a 1. Foi uma zebra. Os cruzeirenses levaram pelo menos dois anos para digerir aquele tropeço. É o que vai acontecer agora no Vélez, que no ano passado também foi eliminado pelo Newell`s Old Boys, só que em circunstânciais diferentes. Não tinha feito a melhor campanha na classificatória e o time era inferior ao atual. Para completar, seu rival estava numa fase boa. Tecnicamente era superior.

Os resultados das oitavas de final dos brasileiros poderiam ter sido melhores. O Grêmio, diante do San Lorenzo, também pelo fato do jogo ter sido na Argentina e perdido por 1 a 0,  pelo que jogou, um empate não seria nada anormal, porque teve chances e o esquema tático estava funcionando.  Como visitante, segurou o Newell`s, e atropelou o Atlético Nacional, em Medellin. Agora, em função da perda do título gaúcho, com dois resultados negativos, um deles por goleada,  os reflexos foram muitos para a equipe, que ainda não conseguiu se superar.  

Já o Cruzeiro deu mole para o Cerro Porteño, no Mineirão. Tinha de ter feito dois ou mais gols de vantagem e não aquele sofrível empate por 1 a 1. Hoje iria jogar para administrar a vantagem, mas não encarnou a Libertadores e terá uma guerra.

O Atlético foi uma vergonha em Medellin. Tanto que dispensou Paulo Autuori depois da derrota por 1 a 0, que ficou barato pelo que jogou. Nada,  nada, nada.  Verdade nua e crua. Sua torcida está a espera do milagre da ressureição para que o time possa ser aquele mesmo do ano passado, especialmente até as oitavas de final, quando não deu chance.  Do contrário, poderá sair amanhã. Ninguém merece tanto.  





terça-feira, 29 de abril de 2014

Seleção Brasileira | Apenas dois "mineiros" no Mundial



A lista dos 23 convocados para o Mundial será divulgada no próximo dia 7, mas apenas dois jogadores que atuam no Futebol mineiro serão chamados: o goleiro Victor, a cada dia subindo de cotação para disputar a condição de titular e o atacante Jô, ambos do Atlético. Ficarão de fora, os zagueiros Dedé, do Cruzeiro e Réver, do Atlético. Como opção para a zaga, será chamado Henrique, ex-Palmeiras, atualmente no Napoli, da Itália. O grupo está 100% definido. Scolari tem conversado com os jogadores. Já inclusive antecipou quatro que estarão na lista.

A dúvida do técnico da Seleção Brasileira, se é que ele tem, está na lateral direita. Os técnicos dizem que aquele que tem dúvida não pode comandar uma equipe. Seleção Brasileira, pior ainda. A dúvida é apenas para a imprensa. Jamais na cabeça deles. Felipão espera nos últimos dias um crescimento técnico e físico do lateral Maicon para confirmá-lo. Do contrário, ele vai perder o lugar para Rafinha, do Bayern de Munique.

Alguns jogadores que atuam no Futebol mineiro e que esperavam a convocação, como o cruzeirense Everton Ribeiro e o atleticano Diego Tardelli mostraram que ainda não estão preparados para um Mundial. Tudo questão emocional. Quando souberam que não tinham mais chance, o futebol de ambos caiu muito, principalmente de Tardelli.

Não será a lista dos sonhos. Há muitos jogadores limitados, que não transmitem nenhuma segurança para a disputa de um Mundial. Mas será o que o Brasil tem de melhor. E vejam bem, com o ex-atleticano Bernard. A evolução deste menino em dois anos é algo que merece um estudo, já que não é nenhum craque, diferenciado  pela velocidade e a vontade de jogar.   





Reginaldo Leme | A experiência das palavras


O jornalista Reginaldo Leme, um dos maiores nomes da história do Automobilismo brasileiro, se não o principal, com mais de 30 anos cobrindo a Fórmula-1 e presente a praticamente todas 101 vitórias do País, deu um show de conhecimento da matéria na abertura do projeto Academia de Ideias – Ciclo de Palestras 2014. Sua apresentação foi na Livraria FNAC do BH Shopping, com a presença de apaixonados pelo automobilismo, alunos de jornalismo e três companheiros de Reginaldo em coberturas e redações: Jaeci Carvalho, Warley Ornelas e este que vos escreve. Falou de tudo. Abriu realmente o verbo e impressionou, especialmente quando se referiu aos três grandes campeões brasileiros: Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna.

Para Reginaldo não existe manobras na F-1 para prejudicar os pilotos, porque há a disputa enorme das montadoras e uma não quer perder para outra. Investem para que seus pilotos sejam os vencedores. Uma derrota pode representar a não comercialização de milhões de carros. O jornalista destacou Rubens Barrichello, dizendo que foi um piloto respeitado, tanto que disputou 326 GPs, duas vezes vice-campeão e não teve uma trajetória tão vitoriosa quanto Piquet e Senna, devido a Michel Schumacher: “Porque Schumacher também tinha o melhor carro e foi um gênio”. Para ele, Massa não teve como competir com Schumacher na Ferrari, porque  era o piloto alemão que dava as ordens na escuderia – tudo feito em sua função. Exaltou Senna: “Foi o maior gênio que vi nas pistas” e revelou que recentemente, numa conversa com Piquet, o tricampeão também destacou o seu rival nas pistas como um dos maiores. Outra revelação de Reginaldo: “Se Senna não morre em 1994, seria o campeão da temporada, porque tinha carro. Hill, seu substituto, muito inferior, conseguiu brigar pelo título com Schumacher.

O jornalista aponta Fernando Alonso como um dos talentos da atual F-1, porque mesmo sem o melhor carro está sempre na disputa. Sobre as mudanças para a temporada aponta que a expectativa do motor Renault não correspondeu, depois de quatro anos de domínio com Sebastian Vettel. E observou que a FIA aponta todos os sinais de apoio para as competições de turismo e muitos dos brasileiros que sonhavam com a F-1, hoje já fazem outras opções. Para ele, Felipe Nasr pode vingar. Observa que se não for possível, por não ter o País uma politica para a formação de uma nova geração (meninos de 15 anos) não vê nenhuma luz no fim do túnel. Aponta a Argentina bem à frente, porque la há uma lei que obriga a todas as montadoras que deem 8% dos lucros anualmente para os eventos automobilísticos. Resultado: as provas têm mais de 100 mil telespectadores.

Para encerrar, confirma o trabalho da TV Globo para recuperar a audiência, muito longe dos tempos de Senna.





segunda-feira, 28 de abril de 2014

Ainda está faltando futebol


O técnico Muricy Ramalho, depois do empate do São Paulo por 1 a 1, diante do Cruzeiro, ontem, em Uberlândia, disse que até a nona rodada, quando o Campeonato Brasileiro será paralisado para a disputa do Mundial, é impossível termos um futebol dentro da expectativa dos técnicos, jogadores e, principalmente, dos torcedores. Será mais uma disputa tática. Foi o que ele viu no Parque do Sabiá, mas esqueceu de destacar que seu time foi ajudado pela arbitragem. Foi um jogo sofrível de ver, a exemplo de todos da primeira rodada, com as equipes criando poucas chances para os gols. Foram apenas duas. Exatamente as do gol, fazendo com que os goleiros fossem apenas espectadores. Um castigo para quem saiu de casa, fez investimento e até viagens para ver um espetáculo da mais baixa qualidade.

No Rio Grande do Sul, o Atlético manteve diante do Grêmio, na derrota por 2 a 1, o futebol que vem jogando na temporada. Mudou o técnico, mas não alterou absolutamente nada. Levir Culpi, na verdade, teve pouco tempo para impor o seu estilo. Vai levar algum tempo. Parecia estar voando. Inteligente foi o técnico Enderson Moreira, do Grêmio. Ele escalou uma equipe reserva, mais jovem, com jogadores preparados para imprimir um ritmo forte, de posse de bola, consciente de que o adversário não teria pernas para aguentar, já que vinha de uma sequência de jogos e viagens. Sua tática foi perfeita. Com cinco minutos, o Grêmio havia finalizado duas vezes e dois minutos depois fez 1 a 0. Aproveitou e marcou logo o segundo, aproveitando uma saída de bola errada do lateral Alex Silva. Exatamente ali o jogo estava decidido, porque o Atlético, na concepção do técnico gaúcho, não teria força para reagir. Foi perfeito.

Agora, Cruzeiro e Atlético se preparam mais psicologicamente para que sejam bem sucedidos nos jogos contra Cerro Porteño e Atlético Nacional pelas oitavas de final da Copa Libertadores. Não há dúvida de que o Galo vai precisar também do grito de sua torcida. É um resultado para ser alcançado no entusiasmo e muita raça, porque não há milagre no Futebol. Em uma semana, nenhum técnico tem o poder de colocar uma equipe para corresponder plenamente.

Vitória de campeão 

O Rio de Janeiro alcançou o seu nono título na Superliga de Vôlei Feminino ao derrotar o Sesi por 3 a 1, na finalíssima de ontem, na capital fluminense. Só teve dificuldades no terceiro set. Foi melhor e não deixou dúvidas quanto a superioridade. O melhor da festa foi a confraternização das atletas depois da decisão, com as perdedoras reconhecendo amplamente a força das campeãs.

Luto

Meus sentimentos para toda a família do companheiro Afonso Celso Duarte, o Afo, conhecido por suas tirinhas para o caderno de Esportes do Estado de Minas, falecido no sábado. Ele fez a sua história e o América perdeu mais um de seus apaixonados torcedores.

 




sexta-feira, 25 de abril de 2014

O grande Schumacher



Michael Schumacher foi um gênio nas pistas. Sempre passou uma imagem de austeridade e seriedade. Foi competitivo ao extremo. Participou de várias polêmicas em sua carreira na Fórmula 1, como todo gênio desse esporte. Ele possui uma fortuna estimada em 600 milhões de euros, mas poucos conhecem o 'ser humano', um lado importantíssimo dele que ninguém conta. Michael é embaixador da Unesco, doou mais de U$S 1,5 milhões para projetos ligados a Educação e ao Esporte, incluindo alguns no Brasil. Financiou sozinho a construção de uma escola para crianças pobres do Senegal, além de contribuir para melhorias da cidade de Dakar.

Também sozinho, construiu um hospital especializado em amputados para apoiar as vítimas da guerra de Sarajevo. Em Lima, no Peru, fez o 'Palácio para os Pobres', centro de ajuda para as crianças de rua, com alimentação, educação, cuidados médicos, roupas e abrigo.

Para as vítimas do tsunami que atingiu a Ásia, em 2004, Schumacher doou nada menos do que U$S 10 milhões, a maior doação individual de um esportista.

Para a Fundação William J. Clinton, em prol das crianças com HIV, malária e pobreza foram mais U$S 5 milhões.

Para vítimas de enchentes que devastaram a costa europeia, mais U$S 1 milhão de dólares. Schumacher foi pessoalmente visitar as vítimas do terremoto na Costa Rica, onde se emocionou bastante e deixou mais uma doação de 1 milhão de dólares.

Ele adotou uma cadelinha que vivia andando pelos boxes de Interlagos, em São Paulo, faminta e muito magra, que apelidou de Pulga. Levou ao veterinário, cuidou e a cadela abandonada foi viver com ele na Alemanha. Pulga virou uma espécie de celebridade, pois ia com o ex-piloto para tudo que é circuito em finais de semana de corridas.

Esta vai para aqueles que ainda não entenderam o porquê da comoção em relação ao Michael Schumacher e seu estado de saúde. Com certeza o mundo estará mais triste se perdermos esse incrível ser humano que poucos conhecem. Um exemplo.






quinta-feira, 24 de abril de 2014

Cai Paulo Autuori e chega Levir


O técnico Paulo Autuori não durou nem quatro meses no comando do Atlético Mineiro. Não fez o time jogar e as pressões, principalmente depois da derrota de ontem por 1 a 0 para o Atlético Nacional, jogo de ida das oitavas de final da Copa Libertadores, em Medelin, foram determinantes para sua queda. Por ser uma pessoa preparada e culta, não consegue conviver com estas turbulências e normalmente entrega o cargo. O Atlético procura um novo técnico. É possível que domingo, contra o Grêmio, já tenha um novo comando ou pelo menos alguém para observar tudo. Mas há dificuldades para encontrar um nome capaz de preencher todas as expectativas dos atleticanos. Autuori foi uma nuvem passageira.


Sampaoli, Tite e Luxemburgo na lista do Galo

São três os nomes cotados para o lugar de Paulo Autuori: o argentino Jorge Sampaoli, que há algum tempo desperta o interesse dos clubes brasileiros; o gaúcho Tite e Vanderlei Luxemburgo, mesmo este tendo decepcionado em sua passagem pelo Clube e lá estar hoje um de seus desafetos: Ronaldinho Gaúcho, a cada momento com mais poderes no Atlético. Que o diga Cuca. Autuori foi mais uma de suas vítimas.

Galo confirma Levir

No começo da noite desta quinta-feira (24/4) a diretoria confirmou Levir Culpi. Ele tem história no Clube, com títulos do Campeonato Mineiro e ainda da Série B do Campeonato Brasileiro. O problema é que há três anos está fora do Futebol brasileiro, trabalhando no Japão. Diz que acompanha tudo. Vamos aguardar. Parte da torcida não o aceita.





As mudanças no Vôlei



Nas próximas horas, Minas Tênis Clube e Praia Clube confirmam mudanças para a início da temporada. Cebola voltará ao Minas TC, agora como supervisor do Vôlei Masculino, no lugar de José Ricardo Ribeiro, que vai assumir o cargo de chefe da Preparação Física. Com a saída do levantador Sandrinho, do Sesi, tudo caminha para que Marcelinho seja o novo contratado, deixando uma lacuna no Vôlei do Minas. O Clube está à procura das peças de reposição e de reforços para que a próxima temporada seja vitoriosa. A meta é aproximar mais do poderio técnico do principal rival, o Sada Cruzeiro. Já o técnico Ricardo Picinin está cotado para assumir o Praia Clube. O Minas terá de sair a procura também de um novo treinador. Se já não está.




Libertadores | Jogando para complicar


Os jogos de ida das oitavas de final da Copa Libertadores 2014 não foram bons para os três representantes brasileiros que continuam na competição: Grêmio, Atlético e Cruzeiro. Pelas circunstâncias poderiam ter alcançado resultados que facilitariam o jogo de volta. Jogaram para que tudo ficasse ainda mais difícil. O Cruzeiro empatou em casa com o Cerro Porteño, fazendo o gol em cima da hora. Tinha tudo, caso apresentasse um futebol objetivo, para sair do Mineirão com uma boa vantagem e jogar para confirmar a classificação em Assunção. Agora lhe reservou uma guerra. Não tem como escapar desta realidade. Terá de jogar muito para fazer os gols e chegar as quartas de final.

O Grêmio, diante do San Lorenzo, teve bons momentos no jogo, mas acabou perdendo por 1 a 0, em Buenos Aires e precisará fazer dois gols em Porto Alegre para confirmar sua condição de melhor brasileiro na competição. Não poderá levar gols. Vive um momento de insegurança, tudo em função da perda do título gaúcho para o Internacional, com duas derrotas na finalíssima. A questão é aquela que todo mundo sabe no Futebol: títulos estaduais pouco ou nada representam para os vencedores, mas são um inferno para os perdedores. Agora dizem que o técnico Enderson Moreira não tem comando; que falta qualidade ao grupo e, ainda, que problemas internos influenciam na produção da equipe. Zé Roberto voltou ontem e Kleber continua sendo apenas um assistente. São dois jogadores fundamentais e não podem estar de fora num momento decisivo.

Já o Atlético, pode-se dizer que novamente, foi uma negação ofensiva, diante do Atlético Nacional, em Medelin.  Não fez gols e o resultado não poderia ter sido outro: derrota por 1 a 0, placar justo pelo que jogaram os colombianos. O jogo de volta, quinta-feira, no Independência, será outro drama. Não fiquem esperando que será como aquele ano que passou, porque em 2013 o time jogava com objetividade em casa. Realmente acontecia, graças a um futebol eficiente. Em 2014, esteve sempre distante dos 100%. Se a defesa acerta, falta a eficiência ofensiva. Se está determinado, não se vê um entrosamento adequado. Para complicar, a produção individual está péssima. Só Victor está dentro de um nível para se acreditar que o Galo vai chegar novamente.  Para encerrar, o seu rival não é lá estas coisas, mas tem condições de chegar aqui, repetir o bom futebol que apresentou em Rosário para eliminar o Newell´s Old Boys e voltar classificado. Para o Galo está claro que terá de jogar o que tem capacidade, não aquela vergonha de ontem.  Não é futebol de campeão.





quarta-feira, 23 de abril de 2014

A espera do milagre



Depois de ver o Bolívar empatar por 1 a 1 com o León e garantir a classificação para as quartas de final da Copa Libertadores, não tem como fugir de uma comparação e uma dura realidade: a baixa do Futebol brasileiro.  Ambos conseguiram bons resultados diante do Flamengo, eliminando um dos nossos mais tradicionais times, se não o mais, deixando claro que já não há mais o respeito por aquela arte que encantava o mundo através de nossos jogadores considerados por décadas os "Reis do Futebol”.

Os locutores, por exigência das emissoras, patrocinadora dos eventos, são obrigados a exaltar os jogos, que não podemos chamar de espetáculos, com  chavões que incomodam e mostram a pobreza da nossa qualidade técnica. Com certeza, estamos à espera de um milagre para que no Mundial não haja uma decepção como a de 1950, quando estava tudo pronto para o Brasil conquistar o título e os uruguaios levaram em grande estilo. O Futebol brasileiro  vive de alentos, como os 3 a 0 sobre a Espanha, na conquista da Copa das Confederações.

Nossas equipes, a maioria no mesmo nível, se limitam a um futebol da mais baixa qualidade, passes errados, confusões táticas e o torcedor obrigado a engolir tudo. Tanto que o último grande momento de nossa arte foi há três anos, quando o Santos, ainda com Neymar, foi derrotado por 5 a 4 pelo Flamengo, numa noite memorável de Ronaldinho Gaúcho, no comando do time rubro negro, na Vila Belmiro. 

Há anos não há uma sequência de bons  jogos, exigências de ambas as partes, espetáculos, na expressão das palavras. Se quereremos ver toque de bola, com qualidade e raciocínio rápido dos jogadores, no sentido coletivo, alguma técnica e inteligência no campo de jogo, somos obrigados a ligar a TV e acompanhar  uma disputa europeia.  No momento, a Liga dos Campeões. Se considerar que estou fugindo da nossa realidade, então lembre o último grande momento de seu time, mas que tenha sido exigido. Jogando contra perdedores é impossível ter um parâmetro e o torcedor paga para ver apenas 11 correndo atrás de 11. Um absurdo.




terça-feira, 22 de abril de 2014

Que saudade Senna



Assisti ontem ao programa Roda Viva, da TV Brasil, exibido em Minas Gerais pela Rede Minas, gravado em dezembro de 1986, com o tricampeão mundial de Automobilismo,  o mito Ayrton Senna. Naquela época uma geração respirava Fórmula-1 e eu nas coberturas ainda mais, acompanhando o circo pelos fantásticos circuitos do mundo. Voltar ao tempo é sempre bom. Rever alguns companheiros daquela época, também sonhadores, cada um buscando seus objetivos, melhor ainda. Impossível imaginar que oito anos depois daquela entrevista Ayrton Senna iria nos deixar na curva de Tamburello, no GP de Imola, no dia 1º de maio de 1994. Impressionou-me muito o que ele falou: a rivalidade nas pistas, sua formação familiar bem diferente de outros pilotos, o desejo de estar sempre no Brasil, mesmo morando na Europa (Londres, mas  por um período em Mônaco), o respeito a três homens pelo que fizeram nas pistas, Alain Prost, Nelson Piquet e Niki Lauda, pela ordem: “Estou no vácuo deles. Mas estes são os melhores que vi”.

Não tinha como deixar de ficar ligado a tudo que falou, especialmente do amor pelo Automobilismo, desde os 10 anos de idade, quando o motorista de sua família o buscava ao meio dia no colégio e dali seguia direto para as pistas (Interlagos), onde pilotava o seu kart até o anoitecer.  Depois destacou todo o processo de aprendizagem para ser o melhor, especialmente a habilidade para pilotar na chuva. Naturalmente esta capacidade passou a ser  uma cobrança, porque todos sabiam que na pista molhada o primeiro lugar tinha de ser ele . Se sentia na obrigação de corresponder plenamente – era um perfeccionista - e lembrou das mortes num esporte de riscos.

Em vários momentos da entrevista, Senna destacou com consciência dos perigos da pista e como se preparava para aquele desafio: “Você tem de se preparar. Conhecer os riscos, saber o limite para arriscar. A auto confiança vai lhe preparando, mas não podemos esquecer de que há o limite e, ainda, que há uma cultura da humanidade que deseja ver no esporte  a desgraça e as emoções.”. Em resumo foi o que falou sobre o perigo e fechou assim, diante da insistência dos entrevistadores em saber quanto ganhava: “Faço tudo por prazer. Jamais por dinheiro”.  

Os anos passaram e a Fórmula-1 mudou. Mas muita coisa do que ele afirmou permanece, como o poder das equipes que dominam o circo e oferecem os mesmos equipamentos aos dois pilotos. Na época, McLaren, Ferrari e Willians eram as responsáveis pelo show. A Lotus, apenas uma ameaça. As demais, coadjuvantes. Hoje, apesar de todas as mudanças, a garantia de que teríamos a volta do espetáculo com muitas emoções (no GP do Bahrein foram 86 ultrapassagens), impossível de se apontar um franco favorito. Os resultados já mostram outra realidade depois de quatro GPs: o domínio dos poderosos. A Mercedes segue absoluta com os passeios de Lewis Hamilton.  Assim ele vai ganhar todas. É outro obcecado pelas vitórias, como foi Ayrton Senna. Mas o nosso Senna muito mais arrojado. De outro planeta.

Nossas manhãs, aos domingos, não foram mais as mesmas. A geração de hoje não pode entender o que era esperar as corridas e ver Senna em ação.  Enchia de orgulho toda a nossa gente. Até mesmo os piquetistas, mesmo com a divisão das torcidas para os dois pilotos.  Ele veio de outro mundo para fazer com que todos nós sentíssemos  grandes, mesmo sem pilotar. Até para aqueles cujos valores da vida estão bem distantes do cheiro de gasolina.