A imprensa esgotou durante a semana os fatos históricos dos
50 anos do Mineirão e que orgulham a gente mineira. Não apenas pela obra
gigantesca, mas pelos acontecimentos no Gigante da Pampulha. Tive o privilégio
de presenciar parte desta história em coberturas para o Estado de Minas, Diário
da Tarde, Estado de São Paulo, Jornal da Tarde, Gazeta Esportiva Mineira e
outros órgãos da imprensa. Feliz, realizado e emocionado. Presenciei vitórias
espetaculares e heroicas dos times do interior no Mineirão; conquistas de
América, Atlético e Cruzeiro. Também as glórias alcançadas por equipes de
outros Estados e países; também de Seleções. Nem é bom lembrar os 7 a 1 que
levamos da Alemanha.Nos 3 a 0 sobre a Argentina, com show de Ronaldo, eliminatórias para o Mundial de 2006. E muito mais. Craques que preencheram toda a expectativa.
Na minha modéstia, Tostão foi o número 1. Mas como o momento são para as histórias,
vou lembrar um fato que até hoje me faz sorrir, acontecido na decisão do
Campeonato Brasileiro de 1974, no Mineirão, Cruzeiro 0 x 0 Vasco, interrompido
no segundo tempo, quando o árbitro Sebastião Rufino não marcou um pênalti de
Joel em Palinha. Carmine Furletti, diretor de futebol do Cruzeiro, invadiu o
gramado no momento. Foi uma confusão em
todas as partes do estádio. O árbitro suspendeu o jogo e houve a disputa de uma
nova partida, agora já no Maracanã, com 2 a 1 para o Vasco. Mas, no tumulto no
Mineirão, duas pessoas me chamaram muito a atenção: Valed Perry e Canor Simões
Coelho, já falecidos. Eles eram os responsáveis por tudo o que acontecia no
futebol mineiro no Rio de Janeiro. Valed, um advogado e maior autoridade em direito
esportivo no Brasil e Canor, homem forte nos bastidores. Dois gigantes, apesar
de franzinos. Na época, havia uma
distância quilométrica entre as capitais Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
Pareciam dois mundos distintos. A comunicação era terrível. Mas vamos ao fato.
Na confusão, Canor, um todo poderoso, estava na Tribuna de Imprensa com Valed.
Levantou-se e também queria descer para o gramado. Tinha poderes para mudar o
rumo do jogo, já que Rufino ameaçava com suspensão, o que aconteceu, por falta
de garantias. A política interveio. Cada um tinha de permanecer em seu lugar.
Algumas pessoas gritaram. “Não. Este aí pode sair. É o Canor”. No empurra empurra,
com os acessos impedidos, a dentadura de Canor caiu e ele não pode reagir.
Ficou sem voz e de gatinho no chão, no escuro, à procura de sua prótese dental.
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