Luxemburgo, o privilégio de poder escalar Rivaldo ou Alex na Seleção Brasileira
Julho de 1999, Paraguai, Copa América. O futebol brasileiro
estava na expectativa de uma nova geração, comandada por Dida, Rivaldo, Alex,
Ronaldo, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho e outros, no comando de Vanderlei
Luxemburgo, um inovador. Nos dois primeiros jogos (o Brasil foi o campeão), o
time foi perfeito, com vitórias por 3 a 0 sobre o Uruguai e 2 a 0, no México.
Rivaldo levou dois cartões amarelos e cumpriu suspensão automática contra a
Argentina (Alex talento entrou em seu lugar) e o Brasil deu show nos 2 a 1 sobre
os argentinos.
Aí começou a dor de cabeça para Luxemburgo. Foi pressionado
pelos jogadores para que Rivaldo, chamado por eles como ‘Paraíba’, por ser
nordestino da cidade de Paulista, em Pernambuco, tinha de ficar no banco,
porque Alex encaixou melhor na Seleção. E agora? O técnico andava de um lado para o
outro, buscando as palavras para barrar Rivaldo e não ter problemas no
ambiente. Sabia que Rivaldo tinha um relacionamento difícil com o grupo, dentro
de campo. Não gostava de ser advertido, queria a bola nos pés (foi eleito o
melhor do mundo da temporada, jogando pelo Barcelona, com 24 gols) e estava com
a corda toda. Um intocável. Se julgando o dono da Seleção.
Antes do quarto jogo, contra o Chile (Brasil, 1 a 0), Luxa
foi ao quarto de Rivaldo durante a noite. O “Paraíba” fingia que dormia, mas
ouvia atento as palavras do técnico. A resenha normal quando se vai barrar
alguém. Luxa sempre soube como fazer. Mas foi só o técnico dizer: “Rivaldo.
Você vai para o banco contra o Chile. O Alex foi melhor e eu não tenho como tirá-lo.
Já vai treinar como titular hoje”. O jogador reagiu também ao seu estilo. Incontinente
sentou-se na cama e falou alto. Quem estava no quarto ao lado ouviu. A história
é contada por Vampeta. “Olha Vanderlei. Não tem problema. Nem vou treinar. Não
conte comigo. Estou voltando hoje para a Espanha”. E levantou-se como se fosse arrumar
sua mala.
Luxemburgo, espertamente, deu a sentença final, mostrando
como sempre comandou:
“Rivaldo, tô brincando. Queria saber a sua reação. Claro que
você é o titular. A camisa é sua”.
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