domingo, 3 de abril de 2016

Histórias do futebol - Romário versus Aragonés



                      Foto: Todo Colección
Ao participar do programa “Bola da Vez” do canal ESPN, o ex-volante Vampeta, confirmou tudo o que Toninho Cerezo disse recentemente, quando falei que pretendo escrever um livro sobre as histórias do futebol. “Você terá de ouvir duas pessoas, Vampeta e o Baiano, que foi lateral do Santos, Atlético, Boca Juniors,  aquele que o Vanderlei Luxemburgo gostava muito. E que foi camelô  antes de jogar futebol”. As histórias contadas por Vampeta no programa são engraçadíssimas. Falou de Luxemburgo, Catar, Seleção Brasileira, Rivaldo, Romário, grandes jogos, o bravo Rincón, Edílson e muitas coisas mais.

Vou repassar para vocês, o que ele contou sobre Romário,  no Valencia da Espanha em 1996. O craque estava no auge, campeão mundial em 1994, nos Estados Unidos. Não foi apenas o campeão, mas o principal responsável dentro de campo pela conquista do Brasil e chegou com tudo ao Valencia. O técnico era Luís Aragonés, um dos principais da história do futebol mundial dando o toque de arte à Seleção da Espanha. Romário não se preocupou em se moldar à  disciplina europeia. Viveu seu mundo. O comum era amanhecer nas boates e cassinos. Em uma dessas madrugadas, lá pelas 5h, encontrou-se com o técnico Luís Aragonés, que o questionou: “O que você está fazendo aqui?”. “O mesmo que você”, retrucou.

A conversa foi longa e Romário foi informado por Aragonés de que ele por ser técnico poderia ficar ali, mas que o jogador teria de fazer o repouso para estar pronto para o treinamento pela manhã. Romário não aceitou: “E você também tem de descansar para preparar nossos esquemas”. Aragonés não engoliu o que ouviu do comandado. Na manhã, exatamente às 8h eles estavam em campo para o treinamento. O técnico obrigou o atacante a fazer o trabalho de marcação: “Não vou marcar porque vim aqui para fazer gols”. Depois, pediu para que ele defendesse pelo alto: “Também não faço”. Sendo assim, Aragonés o dispensou do treinamento: “Você pode ir embora”. Romário, então, foi direto para a casa do presidente e lhe contou o ocorrido.

O presidente do Valencia não satisfeito com a decisão de Aragonés perguntou ao Romário quem havia sido o escolhido para atuar em seu lugar. Era um ilustre desconhecido. O presidente então falou: “No domingo, ele será dispensado depois do jogo. Você não precisa ir ao estádio. Venha assistir ao jogo comigo aqui em casa.” Assim feito. No domingo, no entanto, o substituto de Romário fez três gols e o presidente foi categórico: “Pode arrumar suas malas e ir embora. Você está dispensado”. Algumas horas depois, o “Rei do Rio”, como era chamado, já estava na praia da Barra da Tijuca, seu território sagrado, jogando futevôlei.
  
 Um ano depois voltou ao Valencia para jogar no comando de Jorge Valdano, mas não deu certo  (muitas contusões e noitadas) e voltou para o Brasil.

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