Ao participar do programa “Bola da Vez” do canal ESPN, o
ex-volante Vampeta, confirmou tudo o que Toninho Cerezo disse recentemente,
quando falei que pretendo escrever um livro sobre as histórias do futebol. “Você
terá de ouvir duas pessoas, Vampeta e o Baiano, que foi lateral do Santos,
Atlético, Boca Juniors, aquele que o
Vanderlei Luxemburgo gostava muito. E que foi camelô antes de jogar futebol”. As histórias
contadas por Vampeta no programa são engraçadíssimas. Falou de Luxemburgo,
Catar, Seleção Brasileira, Rivaldo, Romário, grandes jogos, o bravo Rincón,
Edílson e muitas coisas mais.
Vou repassar para vocês, o que ele contou sobre Romário, no Valencia da Espanha em 1996. O craque
estava no auge, campeão mundial em 1994, nos Estados Unidos. Não foi apenas o
campeão, mas o principal responsável dentro de campo pela conquista do Brasil e
chegou com tudo ao Valencia. O técnico era Luís Aragonés, um dos principais da
história do futebol mundial dando o toque de arte à Seleção da Espanha. Romário
não se preocupou em se moldar à disciplina
europeia. Viveu seu mundo. O comum era amanhecer nas boates e cassinos. Em uma
dessas madrugadas, lá pelas 5h, encontrou-se com o técnico Luís Aragonés, que o
questionou: “O que você está fazendo aqui?”. “O mesmo que você”, retrucou.
A conversa foi longa e Romário foi informado por Aragonés de
que ele por ser técnico poderia ficar ali, mas que o jogador teria de fazer o
repouso para estar pronto para o treinamento pela manhã. Romário não aceitou: “E
você também tem de descansar para preparar nossos esquemas”. Aragonés não
engoliu o que ouviu do comandado. Na manhã, exatamente às 8h eles estavam em
campo para o treinamento. O técnico obrigou o atacante a fazer o trabalho de
marcação: “Não vou marcar porque vim aqui para fazer gols”. Depois, pediu para que
ele defendesse pelo alto: “Também não faço”. Sendo assim, Aragonés o dispensou
do treinamento: “Você pode ir embora”. Romário, então, foi direto para a casa
do presidente e lhe contou o ocorrido.
O presidente do Valencia não satisfeito com a decisão de
Aragonés perguntou ao Romário quem havia sido o escolhido para atuar em seu
lugar. Era um ilustre desconhecido. O presidente então falou: “No domingo, ele
será dispensado depois do jogo. Você não precisa ir ao estádio. Venha assistir
ao jogo comigo aqui em casa.” Assim feito. No domingo, no entanto, o substituto
de Romário fez três gols e o presidente foi categórico: “Pode arrumar suas
malas e ir embora. Você está dispensado”. Algumas horas depois, o “Rei do Rio”,
como era chamado, já estava na praia da Barra da Tijuca, seu território
sagrado, jogando futevôlei.
Um ano depois voltou ao Valencia para jogar no comando de Jorge Valdano, mas não deu certo (muitas contusões e noitadas) e voltou para o Brasil.
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