sexta-feira, 8 de maio de 2015

Libertadores e suas histórias


A Copa Libertadores da América é o mais tradicional e importante torneio de clubes da América do Sul. Agora Kaká quer incluir também os times dos Estados Unidos. Ela foi criada em 1960, inicialmente com os campeões de sete países, passando depois para 20 e, a partir de 2000, para 32 equipes. Em 2003, 36 e dois anos depois, 37. Em 2006, atingiu 38 participantes. Até 1964 apenas o campeão de cada país participava da competição. Desde 1998 tem as equipes do México. São muitas as histórias. Cada uma mais irreverente que a outra. Até os Anos 90, os jogadores brasileiros acusavam os adversários do uso de doping, em razão da forma feroz que eles participam das jogadas.  Não havia o exame. Os técnicos brasileiros lamentavam que fora difícil incorporar o espírito Libertadores em seus comandados.

Clubes brasileiros foram muito prejudicados pelas arbitragens. Os jogos não eram transmitidos pela televisão e observarmos os maiores absurdos. Os famosos árbitros caseiros entravam em ação. Ganhar no Paraguai quase uma missão impossível. Em 1972, por exemplo, o Atlético foi eliminado pelo Olímpia e Cerro Porteño na primeira fase. Num dos jogos em Assunção (os clubes faziam uma viagem para a disputa dos dois jogos), Fábio Fonseca, presidente do Atlético, se revoltou com o árbitro e tentou entrar em campo. Foi impedido e tirou sua carteira de deputado federal para se impor - foi agredido - e recebeu como resposta das autoridades locais: “Aqui isso não vale nada. Enfia na b......”. O atacante Dario (o Dadá Maravilha) diz que foi expulso, foi ao vestiário, trocou de camisa e disputou o jogo por pelo menos mais uns 20 minutos sem ser percebido pelo árbitro.

O goleiro João Leite revela que em 1978, no jogo contra o Boca, em La Lombonera, o Atlético entrou em campo para fazer o aquecimento e os argentinos colocaram em campo uns 10 pegadores de bola para irritar os atleticanos, chutando a bola a todo instante contra os jogadores e, ainda, quebrando toda a concentração para a partida. Zico, o Galinho de Ouro, fala que o zagueiro chileno Mário Soto, do Cobreloa, disputou a finalíssima contra o Flamengo, em 1981, com uma pedra na mão. Depois Anselmo entrou em campo exclusivamente para dar um golpe no zagueiro. Nem tocou na bola e foi expulso.

Todo jogo tem sua particularidade. É preciso sabedoria para sair vitorioso, especialmente naquela época. Os argentinos por décadas gritaram: “Esta Taça mira e não se toca”. Eles têm 23 títulos e o Brasil, 17.



Em 2013, na campanha vitoriosa do Atlético, fui testemunha de um fato marcante. Após Victor defender o pênalti cobrado por Riascos e o Atlético se classificar para as semifinais, diante do Tijuana, do México, no Independência, fiquei com dificuldades para transmitir meu material de cobertura do jogo para a redação do Estado de Minas. Desci da Tribuna de Imprensa para uma sala que fica entre o vestiário do mandante, no caso o do Atlético, dos árbitros e a sala de imprensa. Fiquei por mais de uma hora tentando sem sucesso transmitir o material. Não chegava o sinal da internet para a conexão. De repente ficaram ao meu lado, conversando Eduardo Maluf, diretor do Atlético; o presidente Alexandre Kalil, o representante da Sul-Americana e, ainda, da CBF. Havia uma comoção entre os atleticanos e os visitantes concordando com tudo. Repórter não tapa os ouvidos. Maluf falou: “Kalil, tudo bem graças a Deus. Até na questão da expulsão de Réver (insultos ao árbitro chileno Patrício Polic depois do pênalti). Nosso amigo aqui (delegado) diz que ele será apenas advertido". Kalil indagou  e o delegado da Sul-Americana e confirmou: “Já falei com o árbitro e ele disse que não foi nada. Apenas uma expulsão de alegria do jogador. Pode contar com ele para o jogo contra o Newell´s Old Boys (semifinal). Abraçaram, combinaram o jantar e saíram para a festa. Uma semana depois, o resultado do julgamento: Réver punido por três jogos. Atuou apenas na finalíssima contra o Olimpia, no Mineirão.

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