sexta-feira, 3 de abril de 2015

Paulinho, o que viveu dos sonhos


Em 2005, o Ipatinga com o apoio do Cruzeiro, ler Zezé Perrella, armou um time forte para conquistar o título de campeão mineiro. Uma façanha para um representante do interior. Como repórter do Estado de Minas fui algumas vezes ao Vale do Aço fazer a cobertura do Tigrão, conhecer a estrutura do Clube, os objetivos e sonhos dos jogadores e o que projetava o técnico Ney Franco, com quem tinha uma maior aproximação, pelos contados praticamente diários desde os tempos da base no Cruzeiro. Na primeira conversa percebi que Paulo Benedito Bonifácio Maximiano, o Paulinho, era o mais irreverente. Brincalhão, fazia questão de chamar à atenção dos companheiros. Tudo com a simplicidade de um sonhador. Coisa de boleiro.



Do grupo, alguns ainda correm atrás da bola. Rodrigo Posso parou. O zagueiro Willan hoje é comentarista do canal Sportv; Walter Minhoca, Leo Medeiros, Luizinho, Mancuso, Irineu, Kanu e Fahel ainda tentam, mas sabem que o destino está chamando para a aposentadoria. Paulinho, com 39 anos, vive em Monte Carmelo (MG), onde nasceu. Rodou por vários clubes, inclusive jogando pelo Maccabi Haifa, de Israel. Seu auge foi no Flamengo, onde ganhou a camisa de titular e recebeu o apelido de Chaveirinho. Tinha uma raça impressionante e um sentido de colocação preciso para a função de volante. Em 2010, encerrou a carreira. Jogando pelo Volta Redonda, numa partida contra o Botafogo, foi flagrado no exame antidoping com suspeita de uso de cocaína e  penalizado pelo STJD com a suspensão de dois anos. Não voltou mais aos campos.



Ele era estiloso. Fazia questão de se exibir, no Ipatinga, com o celular da época. Não ficava quieto. Lembro, numa tarde, antes do treinamento, andando de um lado para o outro, observado por todos. Falava alto ao celular. Todos teriam de ouvir: “Autuori, já falei que não vou”. O técnico Paulo Autuori estava dirigindo o Cruzeiro, cotado até para a Seleção Brasileira e no imaginário, Paulinho seria um reforço para o time celeste: “Já falei e vou repetir que não vou Autuori”. Insistia e fazia questão de repetir o nome do técnico. No final, ele mostrou o quanto era criativo: “Tô sabendo que você será o técnico da Seleção Brasileira. Se for, nem para a Seleção eu tenho interesse. Agora, chega de me encher o saco. Meu negócio é o Tigrão”.

Percebeu que eu ouvia e emendou: “Olha Autuori. Vai ficar ruim para você. Tem um repórter aqui ouvindo tudo. Já imaginou se ele coloca esta resenha nas páginas amanhã. Você querendo tirar um jogador do Ipatinga?”

8 comentários:

  1. Valfredo Muzambinho3 de abril de 2015 às 14:51

    Sensacional Paulinho. O Willians do Cruzeiro lembra muito seu estilo guerreiro. Que tenha feito um bom pé de meia para curtir sua aposentadoria.

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  2. Uma figura esse Paulinho

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  3. Chaveirinho foi ídolo aqui no Mengão

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  4. Ney Franco também aposentou. Parou em enganar

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  5. Encarnou um volante jóquei destruidor mas que não tem mais lugar nos grandes times

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  6. Falei com o pessoal do Ipatinga recentemente e a informação que tenho não é boa para Paulinho. Não criou estrutura para viver sem o futebol.
    Uma pena.Ele era um menino muito bom. Puro e muito profissional.

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  7. Ainda jogou no Paracatu... tem um monte de filhos..., não deu valor à mãe.

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