terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Que 2015 seja o ano da consolidação


Há uma expectativa enorme no mundo da bola, especialmente no Brasil, para 2015. A Seleção vai iniciar a disputa das Eliminatórias para o Mundial;  a Copa Libertadores terá cinco brasileiros; cresce o número de estrangeiros em nosso Futebol – podemos atingir a marca recorde de 100 - porque aqui os grandes clubes, mesmo com problemas financeiros já pagam próximo dos europeus e, ainda, se Minas Gerais vai manter a hegemonia, conquistando os mais importantes títulos do País.  Claro que o mundo espera também muito do Futebol europeu. Será que a Alemanha vai seguir na ponta? E quais serão as respostas dos ingleses, espanhóis e dos franceses e italianos. Esta concorrência é fantástica para que o esporte tenha a cada momento mais adeptos e busque as evoluções, mesmo conscientes de que há esquemas e as vaidades sempre buscam outros caminhos que emperram o que tanto admiramos.

 Impressionante como a bola move o coração e mexe com as paixões. Não só aqui. Está tão forte em nossos sentimentos, que uma vitória eleva a auto estima e a derrota nos coloca no fundo do poço. Fica o sentimento de perda por algum tempo. A maior vitória terá de vir da Seleção Brasileira. Os 7 a1 diante da Alemanha determinaram nossa fragilidade e mesmo Dunga apresentado uma equipe vitoriosa nos amistosos, o País está longe de reconquistar o posto entre os grandes. O forno produtor segue a todo vapor, mas o aproveitamento é o mínimo, diante das necessidades e, ainda, porque as promessas não recebem um tratamento adequado por vários fatores.  Tudo é interrompido no meio do caminho, pela necessidade do retorno financeiro, com a venda imediata para o exterior; a ganância dos dirigentes, as vaidades e os esquemas.

 Os cariocas e paulistas, mais o poder econômico, estão muitos incomodados com a supremacia de Minas. Infelizmente são situações que fazem parte do jogo.  Nunca haverá uma corrente de mãos dados para salvamos nossa arte. Poderá acontecer uma recuperação a longo prazo. Esta geração de dirigentes, técnicos e jogadores, não nos dá a certeza de que o amanha será pelo menos animador. Os outros países cresceram e nós regredimos. As respostas virão nas Eliminatórias. E não se iludam.  Nem em clubes estamos fortes. Único alento; o Futebol mineiro e sem ser barrista, e olhe lá, porque 2014, o Cruzeiro se manteve, alcançando o bi. Foi líder a partir da 6ª rodada do Brasileiro. Ganhou de ponta a ponta. Mas foi criticado e ficou aquela interrogação. Será que vai resistir. Já o Atlético emergiu apenas nos quatro últimos meses com um futebol que lhe deu um título nacional depois de 43 anos. O importante é que há todas as condições para Minas consolidar esta liderança, porque os outros concorrentes não têm a estrutura dos dois principais times mineiros e hoje do Brasil.

 Os estrangeiros estão aqui com tudo. Em 2012, eram 15 jogadores. Em 2013, 37. Este ano, 45.  Para 2015, vai dobrar este número. Pode passar de 100. E vejam o que isso representa. No Futebol europeu, englobando todos os 46 países, são 515 estrangeiros. Apenas o Brasil, na proporção, está superando um continente. De norte a sul, encontramos paraguaios, uruguaios, chilenos, colombianos, equatorianos, peruanos, bolivianos e principalmente argentinos. Mas não estamos trazendo a nata da bola destes países, que continuam indo para a Europa. Tudo por culpa de nossa estrutura. Não estamos aproveitando o que é feito na base – técnicos e dirigentes são os maiores culpados. Os times jogam pelos resultados e buscam lá fora os atletas que chegam para compor. Apenas isso.

 Voltando ao passado, Minas ia aos outros Estados (mais Rio e São Paulo) e trazia os fim de carreira de lá. Eles chegavam aqui deitavam e rolavam. Agora são os estrangeiros. Alguns, realmente, em fim de carreira.  Vem buscar um troco. Outros procurando consolidação. São raros os que garantem um investimento técnico e financeiro, que seria um trampolim para a Europa.

Em resumo, o quadro é este. Que 2015, seja um ano do sonho para vocês todos na bola. Os críticos vão agradecer. Não precisarão escrever sobre os vexames e decepções, que fazem parte do mundo, mas felizmente, distantes de Minas.     







domingo, 28 de dezembro de 2014

Chutes precisos mandam fracassos para longe


Normalmente ao final de uma temporada, os clubes ficam em alvoroço diante da necessidade de reforços e, ainda, porque os torcedores pressionam. Eles acham que tem pouca influência nos momentos das decisões, mas são os termômetros. Um simples questionamento em um dirigente é capaz de mudar rumos. Mas o Futebol mineiro, através de seus dois principais clubes, Cruzeiro e Atlético, estão dando a cada temporada chutes fortes para deixar bem distantes os fracassos.  As contratações são apenas pontuais. Enquanto isso, os clubes de outros Estados investem, mesmo sem recursos. Buscam um jogador aqui, outro ali e os resultados não são os desejados. Raramente se atinge o objetivo. A engrenagem não é fácil de ser atingida, quando as mexidas são profundas. Em Minas felizmente o momento é outro e tem tudo para se consolidar ainda mais, diante dos bons resultados e, acima de tudo, a estrutura criada a partir de 2011, quando os dois principais clubes tiveram graves problemas na Série A do Brasileiro e foram  ameaçados de rebaixamento.

A tranquilidade de investir apenas em contratações pontuais e não mais em jogadores na esperança que dê tudo certo é o diferencial dos Clubes mineiros. Vejam que Atlético e Cruzeiro ainda se preparam para mais uma Copa Libertadores e terão o privilégio de começar a Copa do Brasil apenas a partir das oitavas de final. Privilégio em termos, porque muitos caem exatamente nesta etapa da competição. Tem de ter time para seguir em frente. Enquanto isso, o São Paulo está desesperado em busca de reforços. Melhor, tentativas ou como dizem: apostas. Talvez sua única real contratação tenha sido do zagueiro Breno, que cumpriu a pena por ter colocado fogo em sua casa na Alemanha e finalmente pode voltar ao Tricolor. Não esperem aquele rendimento inicial da carreira do jogador, porque ele ficou dois anos sem jogar e emocionalmente seguramente não é o mesmo. E estes são dois dos requisitos principais para jogar em alto nivel. O outro é a bola, Isso ele tem é de sobra. Gosto de seu estilo.

O Corinthians corre contra o tempo, também inseguro por ter mexido no comando técnico,  contratando Tite, uma unanimidade no Clube. Mas não há a certeza de que tudo vai dar certo. O que esperar do Internacional, que será o outro representante brasileiro na Libertadores? Não muito, porque não conseguiu ainda os jogadores que podem dar um algo mais ao time. Está liberando aqueles que não conseguem um rendimento satisfatório. Wellington Paulista, um deles.  É bom  que os Colorados estejam atentos e precavidos. Não se faz uma boa campanha esperando que Rafael Moura e Nilmar sejam a solução para competições que exigem muito, como Libertadores e o Brasileiro. Os vejo como bananeiras que já deram cacho. Ou estou errado. 

Para fechar, é bom colocarmos os olhos no Futebol carioca. Que momento complicado. O Flamengo fala, fala e não contrata ninguém. Agora quer Jobson e Jadson. O Fluminense perde aqueles que poderiam dar alguma esperança. Será difícil manter Fred e Conca. O Botafogo tenha mudar seu rumo, com Carlos Alberto Torres, há mais de dez anos fora das ações no Futebol, e com Antônio Lopes como gerente de Futebol. Aí fica ainda mais complicado. Mas há espaço no para estas tentativas, especialmente para os perdedores. Feliz é o Futebol mineiro que subiu no pedestal e pode ficar olhando de cima os outros, atitudes que no passado foram constantes nos clubes mineiros, mas que agora fazem parte do passado. Exceto para o América, que precisa fazer um time a cada temporada. Também para os times do interior, não só aqui, mas pelo mundo, porque Futebol profissional é apenas para os grandes.   





sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Dario, o amigo de Joaquim Barbosa, requebra e requebra



Dario Gouvea Damasceno, Dario Alegria conhecido no Futebol também como o Leopardo das Alterosas, hoje vive em Paracatu(MG), onde nasceu. É presidente do Instituto de Defesa da Cultura Negra Afro-descentente da sua cidade. Está com 70 anos e começou a carreira jogando pelo CEUB, de Brasília. Era um atacante com presença de área e estilo. Em seguida foi para o América (MG), jogando ao lado de Jair Bala e formando a melhor dupla de frente do Coelho em toda a sua história. Esteve no Palmeiras, nos anos 60, e numa tarde, fez três gols na goleada por 5 a 1 sobre o Santos, em 1965. Vestiu ainda a camisa do Fluminense, Flamengo, Monterrey (México), Botafogo de Ribeirão Preto (SP), Caldense (Poços de Caldas), Vila Nova (MG) e Olaria. Rodou muito, já que em sua época os bons jogadores passavam no máximo por três clubes. Jogou na Seleção Mineira e, em 1965, na inauguração do Mineirão, pelo Palmeiras, que representou a Seleção Brasileira, na vitória por 3 a 0 sobre o Uruguai. Os gols foram de Servílio, Tupanzinho e Germano. 
Na infância conheceu o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que presidiu a corte de 2012 a 2014. Há uma diferença de dez anos  de idade entre eles, mas o Ministro teve Dario como um ídolo do esporte em sua infância em Paracatu. Tanto que em sua posse na Presidência do Supremo fez questão de sua presença, como um dos amigos prediletos. 
O apelido Dario Alegria foi para diferenciar do outro atacante mineiro na época, Dario Peito de Aço, o Dadá, do Atlético, depois tricampeão mundial em 1970 no México e hoje comentarista da TV Alterosa. E encaixou perfeitamente em Dario, já que ele era uma alegria. Fora de campo, pela irreverência com os companheiros. E dentro, porque tratava a bola com carinho, realmente alegria. Fez gols espetaculares. Um dos fatos marcantes da carreira foi logo no início, jogando pelo CEUB e tendo como técnico João Avelino, o 71, outra figura folclórica do Futebol. Sempre comandava as rodas de bate papo, mesmo com apenas jogadores. Dirigindo o time de Brasília, Avelino passou quase que todo o primeiro tempo, gritando à beira do gramado com Dario. Recomendava: “Mexe,Mexe”. E completava:”Se não mexer não vai ganhar uma”. Insistiu tanto, que em um certo momento, Dario não aguentou. Foi próximo ao banco e passou requebrando, requebrandro. Avelino ficou bravo e deu à bronca: “O que é isso moloque?". O atacante não hesitou: “Você não pediu para mexer. Estou mexendo”.




segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Cuidado Corinthians


O aviso não pode ser apenas para o Corinthians, mas para todos os brasileiros que estarão na Copa Libertadores 2015, especialmente aqueles que terão os colombianos pela frente. Simplesmente por mais um fato real no Futebol. A Colômbia ganhou confiança depois do belo desempenho no Mundial (chegou as quartas de final), sua melhor participação na história da competição. Este ano, o Atlético Nacional eliminou o Atlético, no Independência e não podemos esquecer de que as dificuldades se apresentam maiores para o Corinthians, por questões óbvias. Não tem um grande time, não contratou reforços adequadamente e está apenas acreditando que a reciclagem feita por Tite vai dar ao técnico sabedoria e ao time outra alma, o que é pouco. Não é bom acreditar apenas no sonho. Enfrentar o Once Caldas, numa pré-Libertadores é complicado. Não é um Tolima que o tirou da competição em 2011, também na pré-Libertadores, mas um adversário estruturado e que vem com poderes de já ter alcançado o título de 2004. Vão dizer que o Corinthians também já ganhou, mas foi uma única vez. Disputa bem parelha.

A situação é diferente hoje, porque em 2011 o Corinthians não deu o devido respeito ao Tolima, totalmente desacreditado e foi engolido. Agora, o Once Caldas vai exigir outra postura da equipe brasileira. Tem de jogar precavida. Reafirmo. Pode-se colocar na balança que as chances são iguais. A vantagem para o Corinthians é a de que sabe o que lhe espera. Não pode dar outro vexame histórico. Tem de fazer a vantagem no jogo de ida, em casa, na sua Arena, em São Paulo.  Fui a Manizales, em 2011, com o Cruzeiro, e lembro que o time celeste fez 2 a 1 lá, mas foi engolido aqui: 2 a 0 e saiu da Libertadores. E este mesmo Once Caldas pegou uma peça no São Paulo, em 2004, ano em que foi o dono do título. Haja coração. 

A situação do Atlético também exige todos os cuidados, por alguns fatos. Não tem mais aquele time de 2013, arrasador da fase de grupos. Pode até engrenar, pelo que fez na Copa do Brasil, mas está explicito de que sem Ronaldinho Gaúcho, Bernard, Tardelli, podemos acrescentar Jô, que vivia um grande momento, peças importantíssimas na campanha vitoriosa, pode-se esperar muitos espinhos. Este Independiente Santa Fé que ganhou o título colombiano e entrou no Grupo 1, do Galo – os outros participantes são Colo Colo, do Chile e Atlas, do México- também está sonhando. Em 2013 chegou as semifinais. Na Fase de Grupos enfrentou o Atlético. Já  o grupo do São Paulo, com Once Caldas ou Corinthians (San Lorenzo e Danúbio), é o da morte. Mas o do Galo não fica muito atrás. Bom porque assim o time estará mais ligado. É Libertadores e não uma competição qualquer, com pelo menos  dez grandes, não vou chamá-los de gigantes, mas com cancha para exigir o maior respeito, em condições de levar o título. Sem chances para um outro vencedor inédito.

Para Internacional e Cruzeiro pouco alterou as definições dos adversários. Agora é esperar os classificados da pré-Libertadores.






sábado, 20 de dezembro de 2014

Cuca conseguiu. Tardelli já é do Shandon Luneng


Agora é oficial. Diego Tardelli está vendido para o Shandon Luneng Taishan, da China, time dirigido por Cuca, ex-técnico do Atlético. Os valores não foram divulgados, mas o acerto foi superior ao divulgado. Mais de R$30 milhões. O jogador viveu duas situações quando a negociação foi confirmada: de tristeza por deixar o Clube e a massa atleticana, e de alegria aos 29 anos ao garantir definitivamente a independência financeira de toda sua família. Seu salário será de R$ 1 milhão, mais do dobro que recebia no Atlético e terá outras vantagens. O atacante não acredita que jogar no Futebol chinês poderá representar sua ausência na Seleção Brasileira. Falou para os mais chegados que estará nos planos de Dunga, porque vai manter o alto nível e o técnico tem aproveitado jogadores que estão distantes da mídia. Apenas precisam estar em boa forma e Tardelli diz que vai se cuidar muito, porque disputar a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, é uma de suas metas. Um sonho. Queria que isso acontecesse no Mundial realizado no Brasil. Não foi possível pelas opções de Scolari para o ataque e ele aceitou como um fato natural: “As respostas de Deus vem na hora certa”, falou para os amigos.

A negociação foi iniciada há mais de um mês. Antes mesmo da finalíssima da Copa do Brasil. Nem por isso Tardelli deixou de se concentrar nos jogos decisivos, chamou a responsabilidade e inclusive fez o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Cruzeiro, no Mineirão, que confirmou a conquista do título. De Porto de Galinhas foi para Miami, com a família, onde ficará por mais uma semana. Sua saída deixa o ataque atleticano sem a principal referência e um jogador que seria muito importante para a Copa Libertadores. Não tem como garantir os grandes talentos no Futebol brasileiro. Eles vão embora mesmo. 

O presidente Daniel Nepomuceno e o técnico Levir Culpi não querem insatisfeitos no Clube. Lamentando diariamente que se estivesse saído, estaria ganhando o dobro, o que seria prejudicial para ambas as partes. Um bom valor também entra nos cofres do Atlético, que passa por dificuldades financeiras, como a maioria dos clubes.

Foi importante para o time mineiro o acerto da divida de R$190 milhões com a Receita Federal, parcelamento em 180 meses e pagamento de R$25 mil à vista . As receitas não serão mais retidas, como aconteceu na venda de Bernard para o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia. O Atlético também terá condições de quitar a dívida com o Al-Gharafa, do Catar, por conta da contratação de Diego Tardelli. Deve cerca de 2 milhões de euros referente a uma parcela da compra dos direitos do atacante.


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A jogada de mestre de Telê Santana


Em 1982, mais de 100 mil pessoas foram ao Maracanã para a despedida da Seleção Brasileira contra a Alemanha, que tinha um time poderoso, ambos rumo ao Mundial da Espanha. Foi um espetáculo. Algo para encher os olhos e termos a certeza de que o papel na Copa do Mundo seria cumprido da melhor forma, talvez até com o título, que não ganhávamos desde o tri de 1970, no México. A pressão era forte. O Brasil ganhou por 1 a 0, gol de Júnior. Convenceu. E vejam o que é a ironia do destino. Para muitos, naquele Mundial, foi o último grande momento mágico da bola e também da Seleção Brasileira, mesmo com a derrota. A partir daí, os especialistas, que chamo os mais exigentes do Futebol, apontam que as conquistas foram apenas alcançadas em função de detalhes. Nada de arte, jogadas espetaculares (exceções para os grandes momentos de Maradona), toque de bola primoroso e as Seleções jogando orquestradas por 11 músicos e o maestro.

As entrevistas não eram regulamentadas, feitas dentro de campo, sem privilégios e até dentro de vestiários. Os jogadores, às vezes tomando banho, conversavam com os jornalistas e os técnicos visitavam as cabines de rádio depois dos jogos. Claro que faziam opções para aquelas que tinham maior audiência, incluindo as televisões. Telê Santana era o técnico da Seleção Brasileira e depois da vitória sobre a Alemanha fez questão de cumprir o ritual. Afinal, era a despedida e ele tinha de mostrar em palavras para o País sua convicção de que os brasileiros poderiam acreditar na Seleção.Telê foi a cabine das rádios Bandeirantes, Jovem Pan, Globo, Nacional, Tupi, Guarani, Itatiaia, Gaúcha etc. Lá eu, Rogério Perez e Daniel Gomes o encontramos confiante. O encerramento foi nas cabines das televisões. Missão cumprida pegou o elevador de volta para os vestiários. Isso já quase umas duas horas depois do jogo. Entrou no elevador (para mais de dez pessoas) e foi para um dos cantos. Baixou a cabeça e deve ter feito sua viagem mental de que a partir daquele momento mais uma missão estava concluída e ele pronto para seguir a viagem dos sonhos dos brasileiros até a Espanha.

Como os radialistas já haviam terminado o trabalho, entraram no elevador Eraldo Leite, Rádio Globo, Kleber Leite (depois foi presidente do Flamengo), o ator e hoje deputado federal, Stepan Nercessian e muita gente mais. Talvez lá estivessem umas 15 pessoas. Stepan deu o grito: “Este Telê é um filho d....... Como vamos ganhar um Mundial com este time. Não joga nada e ele insiste com Cerezzo, Luizinho, Éder, Serginho, Paulo Isidoro, Valdir Peres. Chega de mineiros. Por que não Andrade (jogador do Flamengo)? Temos de tirar este filho d..... Do contrário vamos ser humilhados de novo”. Eraldo reforçou. Outros entraram no coro. A pressão foi enorme no elevador. Ficamos com a impressão de que Telê iria explodir. Mas continuou resignado em seu canto. Cabeça baixa, como se nada estivesse acontecendo, numa jogada de mestre. De quem sabe ouvir e responder na hora certa. Quatro anos depois, 1986, no comando do Flamengo, o encontrei semblante triste, andando de um lado para o outro, já dentro de campo para comandar um treino na Gávea (os jornalistas tinham acesso aos gramados antes das atividades) e ele mostrou a exata grandeza de um homem que soube cumprir a sua missão como comandante: “Nem sempre os melhores serão os vencedores”. Morreu com este sentimento: 1982 foi o seu momento na terra.   


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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Fred já não está com a bola toda


Vejam como é o Futebol. Antes da Copa do Mundo muitos não queriam Fred, devido a problemas com a sua forma física e às várias contusões. Ressuscitou na Copa das Confederações, depois Felipão lhe deu todo o tempo necessário para entrar em forma, mas nada. O Mundial disse tudo. 

Foi o artilheiro do Brasileiro, com 18 gols, mas isso pouco está representando para o mercado nacional. Tanto que oficialmente nenhum clube tentou negociar com o Fluminense e também a Unimed, com quem tem o vínculo contratual. Apenas o Palmeiras falou que desejava o atacante, mas na palavra do já demitido José Carlos Brunoro.  Agora, o Flamengo pressionou o Fluminense para ficar com dois de seus melhores jogadores de frente: o armador Conca e o atacante Walter. Nada feito, porque o Flamengo não tem dinheiro para negociar. É a realidade do Futebol brasileiro. Vejam o que vai sobrar para Fred: o mercado internacional. Mas nada de Europa. Quem sabe uma China, Índia (um novo mercado que se abre), Japão, Catar, Arábia etc. É triste dizer, um cemitério, mas é o caminho.

No Futebol mineiro, Atlético e Cruzeiro precisam de um camisa nove, mas sobre Fred tudo se resumiu em especulações. O Atlético entendeu que o argentino Lucas Pratto será muito mais útil. Joga na área, apesar de ser um atacante mais técnico, usado também como fixo na frente. Também tem de ser ressaltar que Fred  sempre mostrou sua preferência apenas pelo Cruzeiro, seu time do coração. E não iria para o Galo. Porém, quando dinheiro está na frente e há o interesse das partes, paixão fica longe da bola.

E, no Cruzeiro, onde teria finalmente as portas abertas, a cada momento elas se fecham, mesmo com a saída de Borges e de Marcelo Moreno. Veio Joel e a qualquer momento o presidente pode anunciar a vinda de Leandro Damião. Bom reforço? Se for o Damião dos dois primeiros anos no Internacional e que encantou na Seleção Brasileira nos primeiros momentos com Mano Menezes não se discute. Mas a partir daí foi quase que um fiasco. O importante é que ele também tem o compromisso pessoal.  Quer provar que continua eficiente. Jogador precisa de moral e confiança. Na Toca, ele terá tudo para atingir seus objetivos. Se conseguir, o Futebol mineiro agradece, porque será mais uma peça importante para Minas continuar o domínio nacional. E não se ganha títulos sem  gols. O nove é o peso da balança. 

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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Não haverá surpresas


O Futebol brasileiro mudou por várias razões. São duas as principais. A falta de dinheiro para os grandes investimentos e a pouca qualidade técnica em termos de campo na América do Sul. Portanto não fiquem esperando nenhuma bomba.  Os clubes estão à procura de jogadores e alguns confirmaram as primeiras contratações. Mas não conseguiram grandes reforços. Nem mesmo as contratações pontuais, agora a palavra da moda.  O desenrolar da temporada é que vai determinar quem realmente será preciso. Por enquanto, no Futebol mineiro, os nomes do Cruzeiro (Joel e Fabiano);  para o Atlético (Lucas Pratto) e o zagueiro Wesley Ladeira no América são apenas jogadores que podem completar o grupo. Não são diferenciados. 

No Rio, os clubes não apresentaram nada. Flamengo e Fluminense confirmaram a sequência do trabalho de seus treinadores e o Botafogo terá René Simões. O Vasco volta a Série A com Doriva no comando. O jovem técnico está em alta depois dos resultados alcançados no Ituano, no começo do ano, conquistando o título paulista. O Flamengo está tentando seus principais reforços justamente no maior rival: o Fluminense. Luxemburgo apontou para seu executivo o que tem o Tricolor e lhe será útil. 

Em São Paulo, o Corinthians é o que mais se mexeu, em função de iniciar nos dias 4 e 11 de fevereiro sua participação na Copa Libertadores. Pegou Tite de volta e busca jogadores para completar o grupo, sem saber se terá condições de manter Guerrero, a principal estrela. O jogador que resolve. O Palmeiras tenta mudar a sua imagem, depois da péssima campanha em 2014, anunciando nomes (nada de expressivo) e no comando Oswaldo de Oliveira. Se é competente ou não, só um dado mostra seu espaço no Futebol: com a chegada ao Palmeiras ele fecha o círculo no comando de todos os grandes do Rio e de São Paulo. O Santos, depois das eleições presidenciais, tenta se fixar na mídia com as possíveis contratações. Não mais do que isso.  Para o Futebol gaúcho, nada relevante.

A estrutura é que será o básico para os times que pretendem disputar os títulos de 2015. Nada de reforços para mexer com os torcedores e, principalmente, a  melhora técnica das equipes. Os craques estão no Futebol europeu e não há no  Brasil um cacique para dizer que determinada estrela vai trocar os campos do velho mundo pelos brasileiros. Nem no sonho é possível. Ficamos pequenos. O êxodo começou há mais de três décadas. Até 1970 formávamos a Seleção exclusivamente com jogadores atuando no País. Com qualidade em abundância.


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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Júlio Baptista, um fardo pesado


O rendimento técnico de Júlio Baptista não foi o esperado. Ficou parte do tempo recuperando-se de contusões na Toca e jamais esteve numa forma em que se pudesse acreditar que ele seria o divisor de águas. Se o time não consegue se impor usando a força coletiva, precisa da técnica e capacidade  individual para fazer a diferença. E Júlio Baptista, apesar de ser tecnicamente um dos mais completos jogadores do Futebol brasileiro – tem todos os fundamentos – não conseguiu  dar esta alegria ao Cruzeiro.  O problema é que ele tem contrato até agosto e o Clube tenta uma negociação para não ser necessário continuar investindo  alto num único atleta. O que se gasta com ele, seguramente poderia ser aplicado em três bons reforços. Os dirigentes estão trabalhando. Só que não está fácil acertar uma transferência.

O maior problema é o alto investimento para ter Júlio Baptista. Nenhum clube no Brasil, no momento, teria condições de pagá-lo tanto dinheiro. Mais de R$ 1 milhão mensais. E são poucos os times no mundo com recursos para investir em um único profissional. Então, o mercado está praticamente fechado para ele. A solução é a troca por algum jogador. Tipo Leandro Damião, com o Santos. Já que o Peixe anunciou que aceita jogadores na negociação (também o presidente achou irrisória a proposta celeste pelo atacante) Júlio Baptista pode ajudar no negócio. Claro que as partes estão conversando há algum tempo. Não é a imprensa que determina o caminho para os dirigentes. Apenas apresentamos algumas soluções.  E esta é uma delas.

Estamos observando que as grandes estrelas do Fluminense, como antecipei no Blog, quando a  Unimed  preparava o fim do patrocínio, estão à disposição. Há muita gente boa que pode ser aproveitada nos times de ponta do Futebol brasileiro, como Fred, Cícero, Diego Cavaleri, Conca e outros. Mas eles têm contratos com a Unimed. José Carlos Brunoro, que até há dez dias estava na Direção Executiva do Palmeiras, diz que Conca e Fred poderão ir para o Parque Antártica. Fico imaginando como isso será possível, ao dizer que a Unimed poderá continuar pagando parte do salário.  Só para refrescar a memória do dirigente: a Unimed-Rio era a patrocinadora para o Futebol em seu Estado.  Agora, como será possível para a empresa, no caso em São Paulo, se não há nenhuma ingerência entre elas. O Rio não vai investir sua marca em São Paulo.  A troco de quê?

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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Gerson avisa: “Estamos pobres”


É importante ouvirmos outras opiniões sobre a qualidade do Futebol brasileiro e os caminhos a seguir para recuperarmos o posto na primeira divisão, já que hoje este esporte é de segunda. É o que estão dizendo no mundo. Ontem, no Canal TV Brasil, o ex-craque da Seleção Brasileira, Gerson, de 73 anos, com passagens pelo Botafogo, Flamengo, São Paulo e Fluminense foi categórico: “Nosso futebol é de segunda qualidade. Pobre, muito pobre. Do presidente ao ponta esquerda é da pior qualidade. Precisamos recomeçar. Assim não dá. Mas tem gente ainda enchendo a boca para dizer que estamos recuperando; que a Seleção Brasileira já deu os primeiros sinais de recuperação. Isso é balela. Não acreditem”. Gerson tem autoridade para expressar. Foi craque, com a capacidade de poucos. Conseguia colocar a bola onde queria. Passes milímetros. Parecia jogar com a mão diante de tanta precisão. É importante destacarmos que antes do Mundial, do tri de 1970, no México, ele participou da tragédia de 1966, na Inglaterra, quando saímos do Mundial na primeira fase. Recuperação fantástica. Dizer que foi gênio posso até exagerar. Mas foi grande, o que melhor encaixava em seu perfil. Até duas décadas após a conquista do México, muito se falava dele, por fazer uma campanha publicitária de cigarros, na qual dizia "Gosto de levar vantagem em tudo". O que caiu na cultura popular como o símbolo do "jeitinho" desonesto de ser, e da corrupção, ficando conhecida como lei de Gérson.

Na sua análise, o canhotinha de ouro, destacou que há uma exceção. O Futebol mineiro pelos títulos alcançados pelo Cruzeiro e o Atlético. Os elencos que possuem para ele são ambos bons e com perspectivas de crescimento. Foi duro com os cariocas e paulistas: “Como se consideram grandes, se não têm jogadores nem na Seleção Brasileira e na minha época, a Seleção era formada nos dois Estados”. Preciso. Foi crítico com o São Paulo, Corinthians, etc. Falou que o trabalho de base não existe no País e que não temos craques, lembrando que no passado cada Estado poderia armar uma Seleção Brasileira. Até os do Nordeste e não iriam fazer feio. Ainda mostrou que jogadores já na base vão para o exterior, sem passar por nossa escola, que não perdeu a capacidade de aprimorar os talentos. Apenas não têm mais esta oportunidade. Para ele, um absurdo, um clube europeu chegar aqui com dois dólares e levar a promessa. Citou Firmino, um dos novos do grupo de Dunga. Também destacou que Dunga jamais seria o seu técnico. 

Concordo 100% com o Gerson, que na Seleção Brasileira era chamado de Papagaio. Falou com consciência e conhecimento. Para iniciarmos uma nova trajetória precisamos voltar os olhos para a base. Porque não aproveitamos aqueles ex-jogadores comprometidos com o ensinamento, os espalhando por todo o País, vinculados ou não a clubes, trabalhando na preparação de jovens talentos. Mas com uma atividade independente. Com certeza, dentro de dez anos teríamos condições de formar uma grande Seleção Brasileira. Vão perguntar onde buscar os recursos. Claro que na CBF. Se a entidade tem dinheiro para investir milhões em seu quadro administrativo, viagens, com delegações numerosas, familiares e despesas pagas, porque não investir na essência da bola.  Milhões de meninos estão à espera de concretizar um sonho, porque nos clubes encontram dificuldades. E eles poderão, dentro de um trabalho de iniciação, com orientação adequada, mostrar o quanto podem evoluir. Não custa sonhar. Um direito para eles e para nós que amamos a bola e o Futebol.