Fred, o contestador

Mais uma vez Fred é o centro de críticas e protestos por parte de alguns torcedores do Fluminense, por ser o líder nas Laranjeiras. Para ele foi mais uma armação daqueles que o contestam (ler Globo.com como mencionou), com imagens da manifestação realizada em frente ao portão de acesso dos jogadores à sede das Laranjeiras, na rua Pinheiro Machado. Como jornalista sabemos realmente o que aconteceu. Um dos líderes comunicou à redação o que seria feito e naturalmente foi enviada uma equipe de reportagem ao local, com o objetivo de registrar o fato. Jornalisticamente, para ter repercussão, as imagens vão ao ar. Do contrário, lixo. Fred não pode contestar esta realidade do trabalho jornalístico. Não é perseguição.

Encontrei na última semana com profissionais do Futebol que o acompanharam nos primeiros passos no América  no começo da última década e eles disseram que ele chegou de Teófilo Otoni,  já como um menino contestador. No Futebol não era lá estas coisas, mas todos os dias alguém do Comando Técnico fazia alguma referência ao menino por não aceitar alguma orientação técnica.  Fora, não dava problemas, com comportamento normal de qualquer iniciante na carreira. Dois fatos foram marcantes. O primeiro, a reunião do grupo de jogadores com os dirigentes, em novembro de 2002 para a disputa da Copa São Paulo de Futebol, cujo início é na primeira semana de janeiro de cada ano. Estava falando o dirigente da categoria, Alexandre Faria: “Vocês estão recebendo todo o apoio e precisam dar a melhor resposta em campo.  Recebem a melhor  alimentação, transporte, acomodações na concentração etc”. Fred contestou na hora: “Não é bem assim. A comida é de segunda. Boa para hospital. Tem dia que não tem nem carne direito e fica difícil até comer o tomate, de segunda, com o  feijão e o arroz”. O América vetou naquele instante a viagem de Fred para a competição. Mas como tinha apenas 21 jogadores, ele foi incluído na última hora, com este argumento: “Não vai custar nada levá-lo”.

Fred teve a primeira chance de começar jogando e surpreendeu, ao fazer o gol mais rápido da história do Futebol, aos três segundos, com um chute do meio de campo, na saída da bola, na partida contra o Vila Nova, de Goiânia. No regresso, já no CT Lanna Drumond, em Contagem, na reunião de rotina com a participação de todos, os dirigentes agradeceram. Fizeram questão de destacar que o resultado do América poderia ter sido melhor (não conseguiu a classificação para a etapa final) e que alguns seriam promovidos para o profissional.Como nada foi dito a respeito do gol de Fred, o atacante não deixou por menos: “Vocês não vão agradecer pelo gol que fiz e que pela primeira vez colocou o América como notícia no mundo?”. Não recebeu resposta. Pouco depois foi promovido e aí sim, dizem aqueles que o acompanharam, virou um profissional técnico da melhor qualidade. Sua história diz tudo. 

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