quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Por que eles aos 40 ainda correm atrás da bola?

Ronaldo Fenômeno que já se despediu dos campos cogita voltar aos gramados

Os jogadores de Futebol, depois que decidem abandonar a carreira, começam uma nova etapa na vida. Há alguns anos ouvi Rivelino, uma das estrelas do Mundial de 1970, no México, dizendo que não é tão simples decidir que já não é possível correr atrás da bola: “Somos na terra os únicos que morremos duas vezes. Uma quando decidimos parar e a outra na morte definitiva, determinada por Deus”.  Por ter acompanhado por mais de 20 anos o dia  dia dos clubes, conversado com jogadores e até ter feito amizade com  alguns deles,  o que é condenado por muitos no jornalismo - porque a regra determina que temos de obter as informações e depois repassá-las para as páginas dos jornais, revistas, rádios, tvs, etc - sei o quanto isso é forte para eles este momento de transição. Muitos assinam o atestado de óbito precocemente. Não se preparam para viver longe do mundo da bola, mesmo tendo um currículo invejável, de títulos, grandes vitórias, atuações memoráveis, passagens pelo Futebol europeu, seleções e situação financeira consolidada.
                           
A gente entende porque Buffon e Pirlo, da Juventus, da Itália, querem continuar dentro de campo. Aqui, Harlei, aos 42 anos, no Goiás; Paulo Baier, aos 40, agora pelo Ypiranga e, em seguida, o Erechim, no Futebol gaúcho; Zé Roberto, aos 40, no Palmeiras; Dida, aos 41, no Internacional; Adriano Gabiru, aos 37, pelo Panambi para a disputa da Divisão de Acesso de 2015, também no RGS; Fábio Júnior, no Guarani, de Divinópolis e muitos outros, como Admilson, do Tupi; Fábio Noronha, no gol do Democrata, de Governador Valadares e Muller, com 49 anos, depois de 11 aposentado, decide voltar. Vai jogar a segunda divisão de São Paulo pelo Fernandópolis, ao lado de dois outros que a bola já lhe disse há anos que estão aposentados, mas insistem em continuar; o atacante Alex Dias, de 42 anos, com passagens pelo  Goiás, Cruzeiro, São Paulo e Vasco  e o lateral Maurinho, de 36, campeão brasileiro por Santos, Cruzeiro e São Paulo, há dois anos parado.

Vejam o que falou Muller há quase 15 anos, quando era jogador do Cruzeiro: “Os jogadores
têm de saber que há hora para parar. Não podem ser um ex em campo.”. Só que o presidente do Fernandopolis tem seus sonhos e objetivos: “O que eu quero com isso? Resgatar o Futebol do interior e ver o estádio cheio. Nós anunciamos o Muller e até agora já ganhamos novos 1.003 sócios torcedores. Nós tínhamos 600". Há ainda   Marcelinho Paraíba (39 anos), ex-Santos, São Paulo, Grêmio, Flamengo, Coritiba, Sport e Fortaleza, Boa Esporte, além de passagem pelo Futebol alemão. Ele será uma das atrações do Inter de Lages no Campeonato Catarinense. O time terá também o atacante Reinaldo, ex-Flamengo, São Paulo e Paris Saint-Germain.


Eles não querem ser abandonados pela bola, mesmo muitas vezes cumprindo um papel ridículo. A vaidade predomina. O celular tem de tocar de um dirigente manifestando interesse em seu futebol; o torcedor pedir autógrafo; tem de receber o pedido para as entrevistas coletivas; receber o assédio das marias chuteiras; exibir os carrões; estar nos hotéis confortáveis; as viagens dos sonhos; os estádios lotados, os nomes nas manchetes e os cumprimentos dos técnicos e companheiros. Reinaldo Lima, o Rei, confessa que até hoje ouve o torcedor gritando: Rei, Rei, Rei”.

Por estas e outras, outro dia, um jogador em fim de carreira, procurou um presidente e fez um pedido: “Me contrate e eu lhes darei o título da Libertadores”. O outro chegou ao extremo de dizer que como tem uma situação financeira boa, paga ao clube R$ 50 mil mensais, apenas para estar na lista dos novos contratados para a temporada. Amigos, este é o mundo da bola. Fascinante para quem está dentro dele. Depois, um sentimento de perda terrível. Para muitos, a morte. 

Tardelli

O craque e atleticano Diego Tardelli, agora jogando pelo Shandong Luneng, da China, já decidiu o que vai fazer em 2018, quando concluir o contrato com o seu novo clube. Volta a Belo Horizonte, com 34 anos, para vestir novamente a camisa do Galo e será candidato a deputado estadual ou federal.



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