sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Vamos pegar! É um cachorro, não, é um rato!


Nos anos 70,  o Futebol mineiro estava em alta como agora.  O Cruzeiro campeão da Copa Libertadores de 1976, primeiro título internacional de Minas; vários jogadores nas listas da Seleção Brasileira, entre eles, Piazza, Marcelo, Reinaldo, Cerezo etc; a cada clássico quebrávamos o recorde de público no Mineirão, sempre com mais de 100 mil pessoas, o estádio vivendo a sua infância, já que foi inaugurado em 1965 e a rivalidade entre Atlético e Cruzeiro bem posta. Um espetáculo a parte no Gigante da Pampulha, com as torcidas divididas. O América começava a ficar em segundo plano. Os clubes buscavam no Rio, as revelações para que pudessem ser aproveitadas e algumas gratas surpresas, como Erivélto Martins, revelado pelo Fluminense, onde jogou de 1973 a 78. Era um armador habilidoso. Conta que jogou também como volante. Foi dois anos da base da Seleção Brasileira e inclusive disputou o Pré-Olímpico de 1976. Depois do Cruzeiro foi durante quatro anos jogador do Villa Nova, de Nova Lima. Agora tenta se fixar como técnico. Já dirigiu o Funorte, de Montes Claros. Vive em Belo Horizonte, com sua família, no bairro Luxemburgo.

O que não falta para Erivélto são as histórias do Futebol. Encontra sempre com os velhos amigos da bola e destaca que ouve cada uma que não dá para entender: “São tantas que a gente fica imaginando como foi possível aprontar tanto”. Para ele, uma das melhores aconteceu no final dos Anos 70, numa semana de clássico. A maioria dos jogadores morava em hotéis no Centro da cidade ou apartamentos no Barro Preto. E as concentrações começavam na Toca da Raposa, às sextas-feiras. Os jogadores, depois do treinamento, eram liberados e aproveitavam a última noite, passando por vários bares da cidade, comandados por Joãozinho, Mariano, Ozires,  Mauro, Palhinha, Moraes, Darci Menezes, Raul e Luiz Antônio. Os que tinham carro levavam aqueles que gostavam de uma noite. O grupo, segundo ele, tinha até 15 companheiros. Todos unidos.

Eles começaram a noite pelo bairro Santo Antônio. Quando observaram que estavam sendo muito olhados e que aquilo poderia dar problemas, foram para outro bar próximo. Depois, já passando das 1h da manhã (tinha de recolher às 23h, mas o porteiro não criava casos, porque todos chegavam juntos), decidiram ir para próximo ao mercado, na rua Guarani. Foi lá que alguém viu próximo ao mercado o que para eles era um cachorro atravessando a rua. Um gritou: “Vamos levar para a Toca”. Seria genial, já que a torcida do Cruzeiro chamava a do Atlético de Cachorrada e a do Galo respondia gritando Vanderleia, já que Raul usava uma camisa amarela e para os torcedores rivais era a imagem da cantora que fazia muito sucesso na Jovem Guarda.  Eram três carros. O que estava mais a frente parou e desceu um jogador. Erivélto acha que poderia ser Joãozinho, para pegar o animal, que seria solto no gramado do Mineirão, quando a torcida celeste começasse a gritar cachorrada. Só que ao chegar próximo, já baixando para pegar o cachorro, Joãozinho deu o alerta: “É um rato, vamos embora!”.
(Na próxima sexta-feira o complemento desta noitada. Vale a pena saber o que aconteceu).






quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Deu Galo


As grandes conquistas não são obtidas por acaso. Especialmente nos esportes coletivos, que exigem uma intensa lista de ações para que os resultados sejam alcançados.  O Atlético não foi campeão da Copa Libertadores 2013, fez uma bela campanha no Campeonato Brasileiro de 2012 e alcançou o título da Copa do Brasil 2014 simplesmente porque a varinha mágica virou no sentido da Cidade do Galo e determinou: agora é a sua vez. Foi trabalho, muito trabalho. Importante que vocês saibam que há três anos, depois de uma campanha sofrível na temporada, com muitos erros, especialmente na escolha de jogadores e técnicos, que o Atlético começou a construir a sua mais bela história no Futebol, em termos de conquistas. São após as grandes derrotas, quando se tem uma estrutura, que se pode se erguer. 

Um dirigente do Cruzeiro me chamou e avisou. Claro que não satisfeito com o que previa. Tinha informações.  Isso antes mesmo da chegada de Ronaldinho Gaúcho: “Nosso rival finalmente entrou na lista dos grandes”. Fiquei sem entender, mas com passar dos dias fui somando os fatos e percebendo realmente havia algo diferente no Galo, pelas referências e acima de tudo os comentários em todo o País à respeito do Clube.  Claro que a imprensa não consegue obter todos os detalhes de uma administração. Muito menos um torcedor. São muitos os segredos. Mas entre os dirigentes, se sabe muito. A base era a administração Eduardo Maluf, com a pesada assinatura de Alexandre Kalil. Se antes  os jogadores ao serem convidados para jogar no Atlético recusavam, com a afirmação de ser um retrocesso, pois era um time sem perspectivas, apenas de torcida e não tinha craques, hoje há uma avalanche de ofertas e com qualidade. Voltem o tempo e observam quantos deixaram de ir para o Cruzeiro e outros grandes e optaram pelo Galo. Vou dar apenas dois nomes: Leonardo Silva, que trocou a Toca pela Cidade do Galo; e Réver que veio do Futebol alemão. Os celestes estavam de olho nele.

Os resultados vieram quase que naturalmente. Houve ensaios com atuações espetaculares, que os próprios atleticanos ficaram questionando: será mesmo este o meu Galo? E Era, graças também ao Independência, onde embalou o sonho de toda a sua gente. Com a saída de Cuca para o Futebol chinês, depois que percebeu que não iria mais alcançar os resultados técnicos e conquistas, como de uma Libertadores e faria o time dar alegria jogando - queria que o clube liberasse Ronaldinho Gáucho e percebeu que seus pedidos não eram vistos com a mesma atenção – o Galo passou por uma turbulência. Natural para quem já havia colocado o seu possante avião para decolar. E, como num toque de mágica, aí entro na força do além, em quatro meses mudou sua rota. Uma temporada que tinha tudo para não somar, deu resultado  no momento certo. Especialidade dos grandes. Para alguns, gigantes. Voltou ao equilíbrio de 2012, mesmo sem uma estrela como Ronaldinho Gaúcho, mas como dizem os rivais: querendo. E o Brasil inteiro viu. Não só os que aplaudem, mas aqueles que competem dentro de campo. Quando o árbitro dá o primeiro apito e o Galo está em campo, o adversário sabe que tem gigante pela frente.

As melhores provas do estágio alvinegro vieram nas vitórias na Copa do Brasil, atropelando em mata mata adversários que sempre o humilharam nestas disputas. Pela ordem, Palmeiras, Corinthians e Flamengo. Quebrou a regra do passado.  Não podia ser melhor. Para fechar o circulo: 1 a 0 ontem, no Cruzeiro e um título  nacional depois de 43 anos. Parabéns nação atleticana. Seus dirigentes, Comissão Técnica, jogadores e, acima de tudo, esta massa torcedora. O 737 ganhou altura. Só quer voar nas nuvens. Lá dentro há um Galo querendo dar o seu grito para o mundo ouvir.






terça-feira, 25 de novembro de 2014

Ave Maria tchê



Luiz Felipe Scolari era língua felina quando técnico do Criciúma, Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro. Até chegar ao comando da Seleção Brasileira, em 2001, fazia fila com duras críticas. Não escapava ninguém. Muito menos o sistema que domina o Futebol brasileiro. De repente, porém, mudou sua postura. Foram mais de dez anos de silêncio. Voltou ao melhor estilo, domingo, depois da derrota do Grêmio por 1 a 0 para o Corinthians, por sentir sua equipe muito prejudicada pela arbitragem do mineiro Ricardo Marques Ribeiro. Deu o grito com ironia: “Não é interessante para o Futebol brasileiro ter dois clubes do Rio Grande do Sul na Libertadores e dois de Minas. É bom que tenha um de Minas Gerais, dois de São Paulo, e quem sabe um do Rio Grande do Sul. Quem sabe... São coisas que ficamos olhando...” Importante destacarmos que conhecemos o árbitro e ele não faz parte de esquemas.  O Futebol brasileiro foi sempre assim.  Rio, principalmente, por ficar ausente; mais os paulistas, não vão engolir Internacional, Grêmio, Atlético e Cruzeiro na Libertadores. É muito para eles.

Como há um pouco mais de transparência e informações fica complicado alguns esquemas, mas há as brechas e as manobras são feitas. Continuam aos nossos olhos. Vocês não acharam estranho aquele jogo antecipado São Paulo x Internacional, com o intuito de pressionar ainda mais o Cruzeiro, caso a vitória fosse do Tricolor (deu empate) e algumas arbitragens visivelmente prejudiciais à equipe mineira? Vamos voltar a 2012, quando o Atlético surgiu na frente do Brasileiro e o Fluminense era a ameaça. Acabou sendo o campeão, depois da CBF adiar um jogo contra o Flamengo, com desculpa de que o gramado do Engenhão estava com problemas. Mas o problema era o Flamengo que iria conhecer mais uma derrota. É bom perguntarmos, e os outros estádios do Rio e do País?Ainda a suspensão de Ronaldinho Gaúcho para o jogo contra o Internacional. O Galo levou de três. E muitas coisa mais.  Os poderosos sabem agir. Não é Portuguesa? Só que para a Copa do Brasil 2014 todas as manobras foram inúteis e vamos ter amanhã a grande finalíssima. Contudo não podemos deixar de agradecer. Ave Maria por Felipão ter acordado. Pode não adiantar nada, mas está sentenciado.

Por onde passamos, a pergunta é uma só: o que vai dar amanhã? Impossível antecipar. Apenas determinarmos que há uma grande vantagem para o Atlético, como foi também para o Corinthians e Flamengo, que não  aproveitaram. Ainda a promessa de um grande jogo. O Cruzeiro deslumbrado com a tríplice coroa e o Galo querendo o seu primeiro título nacional depois de 43 anos. Somos os privilegiados. Os outros têm apenas de bater palmas para Minas. Uma construção sólida. Uma tempestade não tem poderes para derrubá-la. 





segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Oito títulos nacionais para embalar o sonho celeste



Ao vencer o Goiás, por 2 a 1 ontem (23/11), no Mineirão, o Cruzeiro conquistou o oitavo título nacional, caminhando para a ponta da lista dos maiores vencedores da história do Futebol brasileiro. São quatro títulos do Brasileiro, os dois últimos consecutivos e com absoluta autoridade; e dois da Copa do Brasil, podendo na quarta-feira (26/11) fechar com chave de ouro seu momento mágico, caso consiga vencer o Atlético. Repetirá a tríplice coroa de 2003, histórica para o Futebol brasileiro no ano em que promovemos o Mundial, o que valoriza ainda mais a conquista azul. O título veio com duas rodadas de antecedência, como antecipamos quando o Cruzeiro derrotou o Santos por 3 a 0, no Mineirão, no dia 17 de agosto, ainda pela 15ª rodada. Vejam o que escrevi depois do jogo: “ O Cruzeiro, líder do Campeonato Brasileiro, e com convicção o melhor time da atualidade. Eficiente em todos os setores, taticamente seguro e definidor, o que é mais importante. Dá todas as demonstrações de que vai disputar o título. A vitória por 3 a 0 sobre o Santos resume tudo. Só que este ano a previsão é que não terá a facilidade do ano passado, mas pelo que tem jogado, pode conseguir a façanha sem atropelos”. Em vários momentos houve uma movimentação da mídia nacional na tentativa de quebrar o encanto celeste. Mas na verdade, tudo não passou de ensaios, porque o time, mesmo em queda, continuou soberano. A menor diferença para o segundo colocado, depois que embalou, foi na 21ª rodada, quando perdeu para o São Paulo por 2 a 0, e ficou  quatro pontos a frente do Tricolor, o que mostra sua superioridade.


Falar da vitória de ontem já faz parte do passado, diante da velocidade dos fatos. Mas é bom refletirmos quais são os responsáveis por mais esta conquista, além da força dada pela torcida. Primeiramente a Diretoria, por ter dado todo o respaldo para que o técnico Marcelo de Oliveira pudesse desenvolver seu trabalho. Nas mãos de outro treinador, o Cruzeiro dificilmente teria alcançado os mesmos resultados. Com simplicidade, Marcelo manteve a filosofia de seu trabalho, com base na união e o aproveitamento das características de seus comandados,  com uma proposta sempre ofensiva e segurança na marcação. Ele entrou no seleto grupo dos grandes técnicos do Futebol brasileiro. Não vou chamá-lo de treinador, porque vejo a palavra com descrédito para os grandes vencedores do Futebol. E nem de professor, palavra  banalizada pelos homens da bola. Marcelo é competente. A referência do momento. Façanhas como as dele, só foram alcançadas por Oswaldo Brandão, bicampeão pelo Palmeiras: Rubens Minelli, tricampeão – dois títulos com o Internacional, 1975 e 76 e, em seguida, pelo São Paulo, em 77. Mais Vanderlei Luxemburgo, em 2003, pelo Cruzeiro e, no ano seguinte, no comando do Santos. Parabéns Marcelo. Mais um talento mineiro sem fronteiras para alcançar os seus objetivos.

É difícil dizer que Fábio foi a peça principal dentro de campo. Ou Dedé,  Mayke, Henrique, Lucas Silva, Marquinhos, Moreno ou ainda a dupla Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro. Amigos, a conquista é de um grupo. Marcelo soube dar harmonia ao time e quando vínhamos a engrenagem, não foram poucos os momentos, o torcedor aplaudiu um futebol empolgante. Como não há uma ciência exata com a bola rolando, não podemos afirmar que foi o melhor que vimos nos últimos tempos no País, mas com certeza, não ficou a dever para ninguém. Comemore torcida celeste. Este é o seu grande momento.

Meu abraço especial de campeão vai para o presidente Gilvan de Pinho Tavares. Sem a pose dos demais dirigentes, já conquistou mais do que todos que passaram pelo Futebol brasileiro nos últimos dez anos. Siga nesta trilha,  que o Futebol vai lhe agradecer eternamente. 





sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Abre Telê, eu vou tocar


Em agosto de 1974, o mundo da bola falava do carrossel holandês que havia tirado o Brasil nas quartas de final do Mundial e chegado a finalíssima diante da campeã Alemanha. O Atlético Mineiro se preparava para disputar mais um Campeonato Brasileiro. O time era comandado por Telê Santana, campeão como técnico pelo Galo, em 71 e com carreira gloriosa como jogador do Fluminense, onde era conhecido como o fio da esperança. Magrinho, esperto e com uma capacidade incrível para decidir, especialmente nos grandes jogos. Telê começava a se firmar como o técnico de ponta do Futebol brasileiro. Tanto que em 1982 já estava no comando do Brasil, no Mundial da Espanha. Aquela Seleção é considerada como o último grande time da história do País. Era alegria. Simplesmente encantou, mas não ganhou. O Galo tinha estrelas como Vantuir, Cerezo, Reinaldo iniciando carreira. Lavras comemorava mais um aniversário de fundação e convidou o Galo para o amistoso na cidade contra  o Fabril. O jogo foi à noite, mas no final da tarde o estádio local já estava completamente lotado.

Para preliminar foi convidado o time da AMCE (Associação Mineira de Cronistas Esportivos) para enfrentar uma seleção de veteranos da cidade. Os jornalistas trocavam de roupa no vestiário quando apareceu nada mais nada menos que Telê Santana pedindo para jogar o primeiro tempo. Instantaneamente, Orlando José, que organizou o time forneceu o uniforme para Telê com a camisa sete. O time da AMCE tinha Kafunga, Orlando José, Erasmo Angelo, Antônio Melane, Rogério Perez, Luiz Fernando Perez, Ronan Ramos de Oliveira, Gilberto Santana, Lúcio dos Santos entre outros. Para completar o grupo Orlando José convocou o motorista do ônibus que levou os jornalistas à Lavras. Muito comunicativo, Severino logo se ambientou e à vontade, contando piadas, acabou fazendo a recepção a Telê.

Começa o jogo, o time de veteranos de Lavras demonstrou entrosamento e superioridade, abrindo o placar antes dos cinco minutos. Telê jogava no meio campo e mostrava ainda grande habilidade quando acionado, com domínio de bola e passes precisos. Severino, o motorista era só velocista. Não tinha intimidade com a bola. O placar já mostrava 3 a 0 para o time da casa quando Severino pegou um rebote da defesa e, numa velocidade incrível, saiu desviando dos adversários até a entrada da área. Já sem fôlego, foi desarmado pelo zagueiro. Telê então se aproximou de Severino e muito educadamente orientou: “Severino, isto aqui é uma brincadeira, mas para que todos se divirtam é preciso que joguemos coletivamente, então vamos jogar no 1, 2. Assim será mais fácil e não nos cansaremos rápido”. Severino olhou para Telê com semblante questionador e comentou com um dos jornalistas: “Pô, o cara que dar uma de técnico aqui, é mole?”

Alguns minutos depois tiro de meta para a equipe da AMCE, Kafunga bate rasteiro e curto para Telê, que domina e, com espaço, conduz a bola. De repente, um grito (claro que do Severino) e se ouve do lado esquerdo: “Abre Telê, abre Telê”.  E passou a bola. Por ironia do destino, na Copa do Mundo de 1982, Telê teve de aguentar os reclamos do personagem Zé da Galera, de Jô Sores : “Bota ponta,Telê”.





Pode comemorar nação celeste



Depois de fazer 2 a 1 no Grêmio, em Porto Alegre, alcançando o segundo resultado positivo como visitante  – o outro foi o 1 a 0 sobre o Santos, na Vila Belmiro, o que poucos acreditavam, depois de alguns jogos onde o cansaço estava se apresentando como o maior adversário, agora apenas a matemática impede o grito de campeão para os cruzeirenses. Mas não é preciso mandar nenhum aviso para a torcida azul. Ela sabe que pode soltar o grito. Já é campeã, independente dos demais resultados. Uma campanha espetacular, com uma arrancada digna de um time competente, melhor ainda para a Comissão Técnica comandada por Marcelo Oliveira, que sabe muito bem o que fazer. Parabéns Cruzeiro. Foi mais uma lição para o Futebol brasileiro, especialmente àqueles que ainda não acreditam na força de Minas, crescendo a cada momento, em condições de dominar por um longo período. O Futebol gaúcho já teve o seu grande momento com o Internacional nos Anos 70. Depois, o Grêmio. O carioca com o Flamengo e o Paulista, na maioria das vezes, graças a força, um período do São Paulo, depois do Palmeiras, um pouco o Corinthians e até do Santos. Muito ainda na Era Pelé. Agora é Minas. Um bicampeonato na sequência para orgulhar toda a nação celeste.

O time começou perdendo para o Grêmio, mas quando reagiu, foi para decidir, não deixando a menor dúvida quanto ao seu melhor futebol. Quando se tem uma organização, ela pode não dar certo hoje ou amanhã. Fica na dependência de uma jogada individual. Da sorte e outros detalhes que fazem parte do jogo. Mas quando a  harmonia se apresenta, muitos chamam de conjunto, como no segundo tempo, não tem como resistir. Os 45 minutos finais foram precisos. De Fábio a Júlio Baptista. Nota 10. É assim um grupo campeão. Não precisa contar com A ou B. Apenas acreditar em quem está em campo e as respostas se apresentam nas medidas certas.

Para fechar, que decepção o Fluminense, ao levar de 4 a 1 da Chapecoense, no Rio. O que mostra o nivelamento do Futebol brasileiro. Um lutando para ficar entre os primeiros e garantir sua vaga na Libertadores e outro no desespero do rebaixamento, mas com autoridade. Não foi a toa que  fez 5 a 0 no Internacional e muitos apontaram como zebra. Mas é a pura realidade do Futebol brasileiro. Há apenas no máximo três equipes  em condições de representar o que podemos dizer o melhor futebol do Brasil. E olhe lá. O resto como dizia no passado, são equipes medianas. Pobres no item qualidade do futebol. 






quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Para não deixar dúvidas, mais quatro no Fla


O Atlético fez uma exibição. Podemos chamar de exibição devido ao ritmo alucinante, para fazer 4 a 0 no Flamengo e conquistar mais três pontos na reta final do Campeonato Brasileiro, ontem à noite, no Independência. Não foi um espetáculo para encher os olhos, porque o Rubro Negro ficou mais atrás, apenas com a preocupação de defender. Segundo seu técnico, Vanderlei Luxemburgo, jogou como time rebaixado. A verdade é que não teve capacidade para impedir o ritmo do adversário e novamente levou quatro gols, como no jogo de volta das semifinais da Copa do Brasil, no Mineirão. Em resumo; três jogos, oito gols marcados pelo Galo e três sofridos diante do rival. Mostra exatamente a realidade do futebol das duas equipes. Destaque para Luan. Está jogando muito.

Vejam como o Futebol dá suas voltas. Há alguns anos, o Rio de Janeiro dominava. Tinha Botafogo, Flamengo, Vasco e Fluminense disputando as primeiras colocações em qualquer competição nacional. Ainda, América-RJ, que perdeu sua luz há mais de duas décadas; e o Bangu. Times como Olaria, Madureira e São Cristovão não podiam ser desprezados. Afinal, muitas das estrelas do Futebol brasileiro deram os primeiros passos lá. E vestindo a camisa destes clubes conseguiram vitórias históricas. Hoje, dá pena ver os grandes do Rio. O Flamengo leva um chocolate no Independência e se conforma; o Botafogo dá outro vexame, em casa, perdendo por 1 a 0 para o Figueirense – a segundona mandou avisar que chegou novamente para ele;  e o Fluminense, o único com algum alento, vive o sonho de chegar entre os quatro e disputar a Copa Libertadores 2015.  Ainda há o Vasco a caminho da Série A, mas não convence.  Suas atuações são ridículas.

Em contra partida, o Futebol mineiro parte em alta, graças à estrutura.  Cruzeiro e Atlético disputando a finalíssima da Copa do Brasil;  Boa Esporte e América tentando o acesso, com chances maiores para o time de Varginha e o Tombense já chegou a Série C. Em breve estará na B, porque investe. Que seja como time de aluguel, como muitos falam, mas perfeitamente integrado dentro do contexto de Tombos, orgulho para toda uma região. São 142 municípios e mais de 2 milhões de habitantes. Bom para o Futebol.  








quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O torcedor não é a Casa da Moeda


A cada ato dos dirigentes fica claro que eles desejam ver os torcedores longe dos estádios ou então imaginando que sejam a Casa da Moeda. Os preços dos ingressos cobrados na decisão da Copa do Brasil, no Independência e no Mineirão, totalmente fora do contexto do Futebol. Mais ainda em função do poder aquisitivo do torcedor brasileiro. Imagine pagar R$1.000,00 para ver uma partida de Futebol. Não será um espetáculo na broadway e as dificuldades são enormes para o acesso. Os serviços oferecidos não são o padrão para os preços abusivos.

De acordo com um estudo realizado pelo jornal inglês Daily Mail, o Campeonato Brasileiro possui o segundo ingresso mais caro do mundo, em análise proporcional à renda da população. A análise aponta que o preço médio de uma partida é de 12,73 libras (aproximadamente R$ 52). Assim, com a renda per capita semanal, um indivíduo poderia comprar 14,2 ingressos. Se colocarmos os preços das finais da Copa do Brasil, serão os mais caros do planeta. Sem concorrentes próximos. O ingresso mais caro do mundo segue sendo o chinês, que representa uma média de público superior à encontrada no Brasil, com 18,7 mil pessoas nos estádios.

Tudo é feito em busca da moeda. Com o desenvolvimento das ferramentas de marketing a camisa do seu time do coração funciona para o torcedor como o uniforme que o trabalhador usa diariamente em inúmeras funções por este mundo afora. Uma obrigação. Com um detalhe: como um torcedor de Futebol, aquele que frequentava as gerais dos estádios, pode usar 10% de seu salário para comprar uma camisa do clube de sua paixão? O espaço ficou para a elite. Daqui a pouco, nem ela terá chance de ocupar o seu lugar. Hoje 99% dos torcedores utilizam as camisas do seus times, sejam antigas, retrô, genéricas e as oficiais vendidas nas lojas dos clubes.

Os clubes aproveitam também seus momentos para vender a sua imagem. Vejam o anuncio usado pela empresa que representa o Icasa, um dos times da Série B do Campeonato Brasileiro, lutando contra o rebaixamento para obter uma boa renda com o patrocínio de sua camisa, sábado, diante do Vasco, no Maracanã:

  “SUA MARCA EXIBIDA NAS TVs DURANTE 90 MINUTOS E EM DIVERSOS OUTROS VEÍCULOS, A PARTIR DE R$ 50 MIL REAIS. ESTAMOS ENCAMINHANDO PROPOSTA PARA EXIBIR SUA MARCA NA CAMISA DO TIME DO CEARÁ ICASA. PÚBLICO JÁ ESTIMADO DE MAIS DE 50 MIL TORCEDORES, LEMBRANDO AINDA QUE ESTE JOGO SERÁ TRANSMITIDO PELO SPORT TV E PVW, PARA TODO O BRASIL E QUE A TORCIDA DO VASCO POSSUI CERCA DE 2,5 MILHÕES DE ASSINANTES NO PVW”.

Para o torcedor, apenas um melhor espaço para ver os jogos, com as arenas construídas para o Mundial e os preços dos ingressos não populares. A regra se aplica para todo o País, nos momentos decisivos das Séries A e B. Como críticos, não há como deixar de fazer mais um apelo: respeitem aqueles que representam a razão de ser do Futebol. Ou vocês estão querendo a sua morte?





terça-feira, 18 de novembro de 2014

Levir Culpi, agora líder


Quando Levir Culpi chegou para comandar o Galo, em abril, para o lugar de Paulo Autuori, encontrou o Galo fervendo.  Não vinha bem na Copa Libertadores – o time havia perdido o jogo de ida das oitavas de final para o Nacional de Medellin, por 1 a 0 – e o presidente Alexandre Kalil agiu rápido, surpreendendo os jogadores, que esperavam a sequência do trabalho de Autuori. Naturalmente houve uma rejeição, porque o que não agrada corre de boca em boca no Futebol, como praga.  O técnico chegava para arrumar a casa, com dois respaldos: o passado de 30 anos no Futebol e a amizade com os dirigentes do Galo: o presidente e o diretor, Eduardo Maluf. O golpe veio dias depois, com a eliminação, no jogo de volta, contra os colombianos, empate por 1 a 1, no Independência. O clima ficou tenso.

Alguns jogadores confirmaram que o técnico não duraria nem até a paralisação para a Copa do Mundo, porque demonstrava estar distante da realidade do Futebol brasileiro e devido a incoerência nas palavras. A verdade de hoje era contestada amanhã. Eles ficaram perdidos. O time conseguiu uma vitória importante por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, na primeira fase do Brasileiro; o técnico foi obrigado a dar oportunidades para alguns jogadores que já se julgavam fora dos planos (houve muitas contusões e chinelinhos) e quando publiquei aqui, no dia 6 de maio, que “Já colocaram Levir na gangorra¨”, ele conseguiu, a partir daquele momento, não em função do divulgado, mas pelas necessidades de melhorar o ambiente, uma de suas especialidades, a mudar o horizonte do Atlético. Foi um processo lento, porque até agosto não havia perspectivas de sucesso. Veio à conquista da Repoca. Ronaldinho Gaúcho foi embora, por atrito com o técnico; a linha “dura” foi sendo implantada e, ainda, foi dada a liberdade para que nos jogos em Belo Horizonte, os jogadores pudessem ficar em casa, sendo eliminada a concentração. Sinal de confiança.

O técnico, depois de dizer que tinha de armar o time durante os treinamentos, seguiu firme no trabalho, com muitas conversas e demonstrando humildade. Jamais era o foco.  Foi ganhando confiança do grupo, que sentiu sua sensibilidade e competência, e o Galo cresceu. Nem mesmo a dispensa de Jô, André e Emerson Conceição trouxe consequências. Veio a harmonia, também pela estabilidade dentro de campo. As respostas fortaleceram ainda mais quem faz parte do trabalho diário. Victor e Pierre já citaram o nome do técnico em entrevistas. Outros, não.  Preferem não manifestar, mas com o sentimento de um por todos, todos por um. A condição de líder caiu naturalmente para Levir, agora respeitado e querido. Tanto que se perguntar a qualquer um quem, quem deve ser o técnico do Galo em 2015, a resposta virá de imediato: Levir Culpi.





segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Cruzeiro, vitória para sacramentar


O Cruzeiro caminha firme em busca do tetracampeonato. Agora restam mais dois resultados positivos, depois de fazer 1 a 0 no Santos, na Vila Belmiro, chegando a 21ª vitória. Engraçado é que está jogando sob a medida. Quando a mídia imagina que ele está perdendo fôlego e cria seus fantasmas, há algum tempo o São Paulo, a resposta vem com precisão de sua capacidade superior aos adversários. Se teve problemas para fazer 3 a 1 no lanterna Criciúma, muito pelo desgaste físico, fez questão de na segunda etapa, diante do Santos,  mostrar seu poder. Venceu sem deixar dúvidas. A jogada do gol, obra de Ricardo Goulart, foi decisiva.  Do nível celeste.  Foi importante também a bronca que Marcelo Oliveira deu no intervalo porque o time não estava marcando como devia, dando espaços para que a bola chegasse muito ao gol de Fábio.  Agora é segurar o Grêmio, em Porto Alegre. Os gaúchos virão com tudo.

O Atlético teoricamente passaria fácil pelo Figueirense, mesmo usando o  time B, principalmente depois dos 2 a 0 no Palmeiras, no Pacaembu, com os mesmos jogadores. Na prática foi outra coisa. Os catarinenses defenderam bem, o Galo não foi preciso nas finalizações e funcionou a tática de jogar por uma bola para o Figueirense. O empate por 1 a 1 teve um peso maior para o Atlético que agora tem dois pontos atrás do Grêmio, quarto colocado, com 60. A verdade é que os times estão desgastados, especialmente aqueles mais exigidos, que lutam pelo título, vagas na Libertadores ou contra o rebaixamento.  A destacar a vitória do Corinthians por 2 a 1 sobre o Bahia, em Salvador. Trocou o discurso pelo futebol para chegar a uma das vagas para a Libertadores.

O América fez 3 a 0 no Avaí e continua a luta pelo acesso. Mesmo objetivo do Boa Esporte, mesmo depois da derrota por 3 a 0 para o Sampaio Corrêa.

Aplausos para o Tombense que empatou com o Brasil de Pelotas por 0 a 0 e fez 4 a 2 nos pênaltis para alcançar seu primeiro título nacional na história, campeão da Série D. Minas segue crescendo no interior.   

Opinião do torcedor

A escalação do nosso Atlético, ontem, foi praticamente a mesma do jogo contra o Palmeiras, só que os adversários eram diferentes. Em São Paulo seríamos atacados, jogamos com 4 volantes, sairíamos no contra ataque e deu certo. Aqui o adversário iria se defender. Então, não poderíamos ter a mesma formação de São Paulo. É preciso ter pessoas na nossa Comissão Técnica para observar o fato, simples, mas só detectado no segundo tempo e mesmo assim com substituição equivocada pois o correto seria colocar o Eduardo de segundo volante e manter o Marion que não jogava bem, apenas afoito como sempre foi. E O Luan jogando por um lado do campo, como fez e é um expert. Uma formação de mais criação poderia resultar numa vitória sem dificuldades. Mas vamos em frente, os números favorecem, o saldo é positivo e o foco será brilhar na segunda final da Copa do Brasil e conquistar este título inédito. 

Mauro Neves

Um jogo, um tempo e uma jogada. Assim podemos definir o jogo do Cruzeiro contra o Santos. Em um início de jogo totalmente apático e sem criatividade, o time Celeste quase terminou o primeiro tempo derrotado. Mostrou um futebol lento, sem força, com marcação falha dando espaço para o time santista. O segundo tempo foi diferente, a equipe mostrou um pouco mais de disposição. Apenas um pouco mais, correu, tentou preencher os espaços e com a entrada do Nilton, o meio ganhou mais força. Goulart relembrou seus bons momentos com a camisa Celeste e fez um belo gol.
Alguns jogadores estão em baixa, casos de Lucas Silva, Goulart, Everton, Dedé entre outros. O time sente quando estes jogadores estão mal. E contra o Grêmio, a força do meio de campo pode ser a diferença. Por isso seria bom deixar Nilton como titular com outro volante de força. O time precisa disso, agora estamos perto do tetra. Não se pode falhar.

Frederico Augusto