quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O torcedor não é a Casa da Moeda


A cada ato dos dirigentes fica claro que eles desejam ver os torcedores longe dos estádios ou então imaginando que sejam a Casa da Moeda. Os preços dos ingressos cobrados na decisão da Copa do Brasil, no Independência e no Mineirão, totalmente fora do contexto do Futebol. Mais ainda em função do poder aquisitivo do torcedor brasileiro. Imagine pagar R$1.000,00 para ver uma partida de Futebol. Não será um espetáculo na broadway e as dificuldades são enormes para o acesso. Os serviços oferecidos não são o padrão para os preços abusivos.

De acordo com um estudo realizado pelo jornal inglês Daily Mail, o Campeonato Brasileiro possui o segundo ingresso mais caro do mundo, em análise proporcional à renda da população. A análise aponta que o preço médio de uma partida é de 12,73 libras (aproximadamente R$ 52). Assim, com a renda per capita semanal, um indivíduo poderia comprar 14,2 ingressos. Se colocarmos os preços das finais da Copa do Brasil, serão os mais caros do planeta. Sem concorrentes próximos. O ingresso mais caro do mundo segue sendo o chinês, que representa uma média de público superior à encontrada no Brasil, com 18,7 mil pessoas nos estádios.

Tudo é feito em busca da moeda. Com o desenvolvimento das ferramentas de marketing a camisa do seu time do coração funciona para o torcedor como o uniforme que o trabalhador usa diariamente em inúmeras funções por este mundo afora. Uma obrigação. Com um detalhe: como um torcedor de Futebol, aquele que frequentava as gerais dos estádios, pode usar 10% de seu salário para comprar uma camisa do clube de sua paixão? O espaço ficou para a elite. Daqui a pouco, nem ela terá chance de ocupar o seu lugar. Hoje 99% dos torcedores utilizam as camisas do seus times, sejam antigas, retrô, genéricas e as oficiais vendidas nas lojas dos clubes.

Os clubes aproveitam também seus momentos para vender a sua imagem. Vejam o anuncio usado pela empresa que representa o Icasa, um dos times da Série B do Campeonato Brasileiro, lutando contra o rebaixamento para obter uma boa renda com o patrocínio de sua camisa, sábado, diante do Vasco, no Maracanã:

  “SUA MARCA EXIBIDA NAS TVs DURANTE 90 MINUTOS E EM DIVERSOS OUTROS VEÍCULOS, A PARTIR DE R$ 50 MIL REAIS. ESTAMOS ENCAMINHANDO PROPOSTA PARA EXIBIR SUA MARCA NA CAMISA DO TIME DO CEARÁ ICASA. PÚBLICO JÁ ESTIMADO DE MAIS DE 50 MIL TORCEDORES, LEMBRANDO AINDA QUE ESTE JOGO SERÁ TRANSMITIDO PELO SPORT TV E PVW, PARA TODO O BRASIL E QUE A TORCIDA DO VASCO POSSUI CERCA DE 2,5 MILHÕES DE ASSINANTES NO PVW”.

Para o torcedor, apenas um melhor espaço para ver os jogos, com as arenas construídas para o Mundial e os preços dos ingressos não populares. A regra se aplica para todo o País, nos momentos decisivos das Séries A e B. Como críticos, não há como deixar de fazer mais um apelo: respeitem aqueles que representam a razão de ser do Futebol. Ou vocês estão querendo a sua morte?





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