sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O poder do bife no Futebol



São muitas as histórias das dificuldades dos clubes, até mesmo dos chamados grandes, para dar uma boa alimentação aos jogadores em suas concentrações e repúblicas. A profissionalização começou em 1916, quando foi criada a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), com apoio de Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraná e Rio Grande do Sul. Mas engatinhou por décadas. No inicio, uma boa alimentação para os jogadores representava profissionalismo e status. Não por acaso, nos Anos 70 um atacante do Futebol do Mato Grosso se tornou conhecido no Brasil, jogando pelo Operário e o Mixto, com o apelido de Bife. Falecido em 2007, assinava José Silva Oliveira e fazia seus gols. Não negava que seu esforço era ainda maior quando alguém avisava: “Hoje no almoço vai ter bife à vontade”.

No Guarani de Divinópolis, nos Anos 60, Eduardo que hoje trabalha como um dos assistentes de campo no Atlético, lembra que em sua época de jogador do Bugre, presenciou uma cena que o tempo jamais vai apagar: “Depois do treino fomos para a refeitório. Era aquela correria, porque quem chegava a frente pegava os melhores e maiores bifes.  Um dia, o zagueiro Leston (seu filho e hoje treinador de futebol) ficou furioso porque  Pelezinho, um ponta direita, pegou o prato e colocou não apenas um bife, mas uns três. Leston deu o grito na hora: “Que absurdo. Eu quero meu bife”. Pelezinho não hesitou. “Se você deseja vai ter de tirar daqui no meu prato”. Leston foi em frente. Era valentão. Ao ver que o companheiro iria tirar seus bifes do prato, Pelezinho reagiu lhe dando uma garfada na barriga. E falou: “se quer bife então toma”. O sangue jorrou e teve até ocorrência policial.

No Siderúrgica, de Sabará, campeão mineiro de 1964, o atacante Silvestre conta que o técnico Yustrich conseguiu reunir os melhores jogadores, porque todos sabiam que lá a refeição seria farta e o técnico, mesmo tendo uma cozinheira contratada para a concentração - um privilégio para poucos clubes na época, principalmente os do interior, -fazia questão de preparar a carne. O treinador tinha um açougue fornecedor na capital e levava todos os dias bons pedaços de contra filé e alcatra para Sabará: “Era uma comida tão boa que mesmo aqueles casados e que moravam em Sabará, faziam questão de comer lá na concentração. O problema era a balança”, lembra Silvestre, que vive em Itabirito. Ele foi um dos craques do Futebol mineiro em sua época. Inclusive, na Seleção Mineira que inaugurou o Mineirão, em 1965, Tostão chegou a ser seu reserva, ganhando a condição de titular durante os treinamentos. Silvestre diz que Ernani, Tião e Ari sempre enfrentavam problemas de excesso de peso, porque no Siderúrgica, “a boia era farta”.

Valdir, volante que jogou no Cruzeiro e depois no Atlético – atualmente é assessor do deputado Marques, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, lembra que no Galo, nos Anos 80, Sérgio Araújo era conhecido por sua preferência pelos bifes: “Ele entrava na concentração falando alto para a cozinheira: "Hoje vai ter bife né?!”. O problema era nas viagens, já que não se contentava com um ou dois. Queria cinco e até mais. Numa das viagens do Atlético, como o hotel não servia as refeições, apenas o café da manhã, o almoço foi em um restaurante self service próximo ao hotel. O ex-jogador não recorda bem, mas acredita que foi em uma viagem ao Rio de Janeiro. Na hora em que Sérgio Araújo viu que havia uma balança e que a comida seria pesada, não pensou duas vezes. Pegou uns quatro bifes e os colocou no prato, com arroz por cima, escondendo a carne. Pesou e foi para mesa com os companheiros. Ao ser indagado porque escondeu os bifes no prato, respondeu: “Para a pessoa imaginar que era só arroz e não cobrar mais caro”.





Um comentário:

  1. O bife meu virou bicho .. se não eu estiver errado a liberação dos valores em R$ de arrecadação com os jogos de mata mata da Copa da Brasil e da venda de Bernard negociada com fisco pelos advogados do Atlético motivam os jogadores do ex-falecido Galo Mineiro ...se antes Cafunga, João Leite, Reinaldo, Cerezo,Luizinho. Marcelo, Dadá, jogavam por bife hoje Jô, André Bebezão, Ronaldinho, Emerson Conceição jogam por bala, algodão doce, pipoca e piscina de bolinhas... já a raça alvinegra que honra a camisa que veste, bem meus caros companheiros esses são espertos tratam o fino da bola, recebem seu bicho alguns tem macaco, outras araras e nós nossas galinhas que gostam de comer de graça com a ração dos cruzeirenses. Obrigado Cruzeiro !! E a seu blog Melane pelo espaço do torcedor..muita e prosperidade ao esporte mineiro em 2015.

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