A cidade de Caeté, distante 56 quilômetros de Belo Horizonte, hoje com um pouco mais de 45 mil habitantes, fundada há 300 anos, em pleno ciclo do ouro, tem a sua história não apenas por contar com um dos picos mais alto de Minas Gerais, a Serra da Piedade, com cerca de 1700 metros de altitude e ter um povo hospitaleiro. Sabe construir a sua história e muito bem mesmo não tendo os mesmos recursos de uma metrópole. Estar lá é se sentir bem. Suas festas são encantadoras. As mais tradicionais são as comemorações do dia 14 de fevereiro, aniversário da cidade; e as religiosas de Nossa Senhora do Bonsucesso, no dia 15 de agosto e a de Nossa Senhora de Nazaré, no dia 7 de setembro, no distrito de Morro Vermelho, com direito a cavalgada e tudo mais. São eventos que orgulham seu povo, que também já teve alguma ligação com o Futebol nos anos 60 e 70, graças a Companhia Ferro Brasileiro. Seu time chegou a disputar a Segunda Divisão do Futebol mineiro e revelar bons jogadores. Na época tinha uma das melhores estruturas para o Futebol do interior, além de um bom estádio. Há mais de 20 anos porém, a Companhia fechou suas portas e levou com ela o sonho do Futebol.
Em 1975, ainda com vestígios do esporte, o prefeito Raimundo Cassimiro Gomes, sentindo a necessidade de fazer uma promoção para movimentar a cidade, procurou o jornalista Lúcio do Santos, na Rádio Guarani, em Belo Horizonte, pedindo que levasse lá o time de Futebol da Rádio, com uma estrela nacional. Lúcio fez todas as consultas possíveis e como Gomes exigiu que a festa fosse com a presença de um tricampeão mundial (cinco anos depois o Brasil ainda falava com insistência dos jogadores campeões do mundo, em 1970, no México, para muitos com a melhor Seleção Brasileira de todos os tempos) acertou com Gerson, o canhotinha de ouro, sua participação em um amistoso contra a Seleção de Caeté. Três meses foram necessários para os preparativos e finalmente chegou o dia de Caeté, na época, com no máximo 20 mil habitantes, parar para receber um dos heróis do Futebol brasileiro.
Gerson veio a Belo Horizonte comentar um dos jogos do Flamengo pelo Campeonato Brasileiro – chegou um dia antes, de carro, por ter pavor de avião – e ao meio dia de sábado, em companha de Lúcio dos Santos, chegava à cidade. Foi um alvoroço. Tanto carinho que Gerson, em lágrimas, agradeceu por tudo, dizendo que como campeão tinha recebido muitas homenagens. Mas jamais com tanto afeto. O povo de Caeté o impressionou. O craque mostrou sua habilidade em campo, formando um meio campo com Aloísio Martins, tio do craque Tardelli; e Luis Chaves, narrador da Rádio Inconfidência. Os atacantes receberam tantas bolas, que o time da Rádio Guarani conseguiu uma expressiva vitória. Na época, estima-se que metade da população foi as ruas para aplaudir Gerson.
Muito bom seu blog. O esporte se estende por outras vertentes. É possível identificar a história das cidades e seus personagens, a psicologia dos envolvidos revela a dimensão humana das pessoas que participam e participaram do mundo esportivo. Curioso perceber a devoção dos profissionais que tem como trabalho colocar os leigos e apaixonados em contato com o dia-a-dia desse universo pelo lado de dentro. Isso vai muito além de só informar. Quem se aproxima e vê de fora tende a visualizar somente o lado festivo do futebol, mas para além das quatro linhas tal devoção cobra um preço tão ou mais alto que o dos próprios atletas. Continue na sua missão porque do lado de cá tem gente ansiosa e sedenta por histórias como essas. Só os que se dedicam como você são capazes de elevar o futebol a patamares mais amplos que a mera reprodução dos fatos. Saudações do Júnior. Vida longa ao blog do Melane.
ResponderExcluirJúnior,
ResponderExcluirMuito obrigado. Este foi sempre o meu compromisso. Abraços, Melane