sexta-feira, 13 de junho de 2014

A máxima de Felipão


A segunda história sobre o que rola no Futebol e raramente não se publica, mas é tão interessante ou mais do que a bola rolando, só poderia ter como personagem Luiz Felipe Scolari. Afinal, ele é o nome do momento como o responsável por nossa Seleção. Vê-lo fazendo aquele show, como ontem à beira do gramado, na vitória por 3 a 1 sobre a Croácia, fica difícil acreditarmos como sua mente é capaz de criar tantas histórias, mostrando o seu outro lado humano. Um brincalhão ao extremo. É um menino capaz de deitar no chão de tanto sorrir depois de aprontar mais uma.

Em 2000, quando o Cruzeiro contratou Felipão, ele chegou a Belo Horizonte uma semana antes de seu assistente Flávio Murtosa, amigos inseparáveis há quase meio século. No Futebol fala-se muito dos homossexuais. Da presença deles nas categorias de base. São muitas as histórias, claro que incluindo o Futebol gaúcho e mineiro. Scolari então preparou a melhor de todas para seu assistente, que ficou dirigindo o Palmeiras por dois jogos. Trabalhou os primeiros dias sozinho na Toca (era antiga), e telefonava para o assistente fazendo um relato do que encontraria no Clube e, ainda, usava o imaginário. Ai Murtosa assustou, mas como um bom gaúcho não vacilou. “Vou firme. Quinta tô aí”.  

Scolari lhe avisou: “Vai buscá-lo no aeroporto um funcionário do clube. É um rapaz muito gentil e delicado, mas bom de serviço. Não gosta de usar os carros oficiais para buscar as pessoas. Sua fama aqui nem te conto. Cuidado com ele. Gosta de homens sérios. Vai lhe fazer vários elogios, dizendo que você é uma pessoa educada. Não caia no papo dele, porque em minutos parte para o ataque, com aqueles toques.  Se der corda vai passar a mão em seu cabelo, nas pernas e até em seu bigode”.

Scolari aproveitou e contou tudo para o funcionário do Cruzeiro: “Seja bem delicado, fale dos filmes de sua preferência, dos programas que você gosta, passeios, de sua admiração pelos gaúchos, com aquele jeitinho.  Diga que a partir de agora ele será seu companheiro para as noites em Belo Horizonte”. Cenário armado lá se foi o funcionário buscar Murtosa.  O recebeu, o cumprimentou e já dentro do carro entrou em cena. “Pessoalmente você é mais interessante do que eu imaginava. Gostei, gostei muito de você. Vai fazer um belo trabalho no Cruzeiro com o Felipão. Chegou na hora certa”. A cada palavra Murtosa respirava fundo e o carro ficava pequeno para ele. De repente, a primeira efetiva tentativa. A mão no rosto, com uma desculpa: “Tem uma coisinha aqui. Murtosa reagiu com força, dizendo que não era não:  “Eu limpo”.  As cenas foram se repetindo, a cada uma delas deixando o auxiliar ainda mais incomodado. O funcionário lhe passou a mão nas pernas. Ele esbravejou:  “Pare, você está passando dos limites. Tu está me estranhando ”. Depois, o funcionário o irritou mais ainda: “Mas você está com raiva de que? Eu o acho lindo”.  Murtosa estava com os olhos fixos esperando o primeiro sinal de trânsito para saltar do carro, quando viu a mão direita do funcionário lhe tocando e falando “Mas que bigode lindo. Merece um tratamento especial”. Ele desceu do carro, bateu a porta e gritou: “ Seu filho.....”.  O funcionário parou um pouco a frente, caminhou em sua direção e antes que pudesse falar algo ouviu: “Agora vai ser porrada. Some seu desgraçado”. Já sem tanta delicadeza e com a voz normal, o funcionário explicou: “Murtosa foi a recepção que o Felipão preparou para você. Vamos embora”.  Quando eles chegaram, Felipão não aguentou: “Não avisei que aqui só tem macho”.






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