A derrota por 3 a 0 para a Holanda veio confirmar a decepcionante campanha do Brasil no Mundial e fechou da pior forma possível um momento que poderia ter sido maravilhoso, caso nossos dirigentes tivessem realmente compromissos com o Futebol. Foi um vexame. Culpa de uma estrutura, na qual estão englobados os nossos clubes e principalmente o comando da CBF. Mais a ganância de um segmento que deseja só levar vantagem. Enriquecimento o mais rápido possível, atropelando tudo que se encontra pela frente. Sem escrúpulos. As denuncias estão aí diariamente nos jornais.
Levamos dez gols nos dois jogos finais e fizemos apenas um. Mesmo assim, nosso técnico, Luiz Felipe Scolari não perde a pose, dizendo que os jogadores precisam ser elogiados pelo que fizeram. Não dá para entender. Ele esperava um jogo equilibrado hoje, mas o gol no primeiro minuto, na sua visão, atrapalhou tudo. Continua insistindo que a campanha deveria ter sido valorizada, já que 50% do projeto foram atingidos e, ainda, afirma que não precisa de reciclagem, com o seguinte argumento: “Quem ganha a Copa das Confederações está preparado. Ou não”. O mundo sabe que lhe falta o reconhecimento. A humildade.
Hoje, diante da Holanda, o Brasil foi aquele time confuso de toda a campanha, trocando passes sem objetividade, chutando sem destino, a espera do acaso para que alguém colocasse a bola para dentro; falhas constantes na marcação, no posicionamento e um futebol visivelmente sem força. Um time sem treinamento para buscar sua base. O pior é que perdemos a confiança. A vitória por 3 a 1 diante da Croácia, na estreia, mostrou que o Brasil, naquele momento, não estava seguro tática e tecnicamente. A consequência foi a drástica queda de produção. Emocionalmente jamais atingimos o ideal e em todas as atividades é importante estar bem para obtermos os resultados. Vejo o Futebol como uma prova escolar. O Brasil não se preparou adequadamente. Foi para a sala de aula tremendo. Ficou confuso em algumas questões simples e decidiu entregar a prova sem algumas resolvidas. E outras concluídas sem a mínima certeza de que fez o correto. Por este motivo, acreditava que nosso limite seria as quartas de final, mas conseguimos passar pela Colômbia. Contudo, há mais de dois anos, tenho escrito o que o mundo sabe há mais de uma década. Nosso Futebol é de segunda qualidade.
Fez falta uma geração acima de tudo com uma melhor qualidade técnica e, também, um treinador com uma visão correta de como se joga no mundo. Não era necessário copiar o tiki take da Espanha. Nem o toque de bola da Alemanha. Apenas jogarmos como no passado, fortalecendo a filosofia que nos deu cinco títulos mundiais. Quando vencemos, não copiamos absolutamente nada dos demais correntes. Precisamos voltar ao nosso forno de produção. A cada ano contarmos com uma nova geração de meninos de 10 a 15 anos mostrando qualidade na categoria de base. Para termos condições de formar uma Seleção com até 60 opções, como no passado.
Não podemos sair à caça das bruxas, mas ficou claro que os mais experientes não corresponderam. Vou dar um único exemplo: o goleiro Júlio César, nos 7 a 1, contra a Alemanha. Por que no segundo gol, ele não caiu em campo? Que ficasse ali uns cinco minutos em uma encenação para que todos pudessem refletir e a partir daquele momento o Brasil ter iniciado um novo jogo. Não é Júlio César? Para complicar, o comandante, que vou chamar de general, correu para o banco e deixou a sua tropa na linha do fogo. Agora, que todas as lições permanecem vivas, é importante não tomarmos uma decisão enquanto não chegarmos às raízes de todos os problemas que nos levaram para o fundo do poço. Que humilhação!
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