Em de 2004, Emerson Leão chegou para dirigir o time do Cruzeiro que estava em alta depois da tríplice coroa, em 2003, nas mãos de Vanderlei Luxemburgo e, em seguida, com seu assistente, Paulo César Gusmão. Começou a complicar no Campeonato Brasileiro e a diretoria decidiu investir em um técnico reconhecido pelos métodos firmes de trabalhar, sem regalias para as estrelas. Era a melhor receita para o momento ( dia 18 de maio) quando foi apresentado na Toca da Raposa II. Na época, eram os atacantes celestes Dudu, Tapia, Jussiê, Lima, Guilherme (não este que hoje joga no Atlético, mas o que foi ídolo da torcida do Galo) e Alex Dias. Na sua estreia, o Cruzeiro venceu o São Paulo por 2 a 1 no Mineirão pela sétima rodada do Brasileiro.
Dois meses depois, o Cruzeiro sentindo a falta de um homem gol, foi buscar de seu vizinho, o América, o atacante Fred, que havia se transferido para o Feyenoord, da Holanda, mas não deu certo. Tanto que nem completou dois meses no clube holandês e já estava na Toca. Leão usou a mesma soberba do escritor argentino José Luis Borges, quando este foi perguntado o que achava de Maradona, em um programa de televisão em Buenos Aires: “Quem és Maradona? Nunca ouvi falar”. Na entrevista coletiva do meio de semana, o técnico ignorou o jovem atacante que seria apresentado no outro dia. Ele usava como titulares, Tapia e Jussiê, e considerava que era o ideal para dar continuidade ao seu trabalho. Recomendou apenas a contratação do goleiro Doni. Pouco depois, ele já estava no clube.
Um jornalista perguntou ao técnico cruzeirense quais eram os seus planos para Fred. Resposta seca: “Nunca fui apresentado a este rapaz. Não sei de quem se trata”. Outro repórter insistiu, pouco depois, sem entender qual a mensagem que o técnico queria passar, já que naquele dia todos os jornais divulgavam a contração como a principal notícia celeste. Leão continuou incisivo: “Não sei. Como não o conheço, não faz parte dos meus planos”. Alguns minutos depois, falando com os dirigentes, oficialmente tomou conhecimento da contratação, claro que ele sabia, mas como não havia sido consultado, deu uma de marido traído. O último a saber.
Caiu na 19ª rodada, depois da derrota por 1 a 0 para o Corinthians, sem usar o atacante sequer em uma partida. Entrou Ney Franco e Fred fez sua estreia dois jogos depois na vitória por 2 a 0 sobre o Internacional, fazendo um dos gols. O outro foi de Wendell, pela 21ª rodada. Em 71 jogos pelo Cruzeiro, seu time de coração, marcou 53 gols.
Fred foi vendido no ano seguinte para o Lyon, da França, onde se destacou também como artilheiro e voltou ao Futebol brasileiro para jogar pelo Fluminense, tendo com a torcida uma relação de amor, quando está em alta, e de ódio quando os gols não acontecem. Os tricolores, porém, cantam com orgulho o refrão que é um dos mais ouvidos nos dias de jogos do Flu: “Cuidado, o Fred vai de pegar”. E como ele gosta de ouvir.
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