sexta-feira, 11 de julho de 2014

Os sinais do fracasso III


Duas cenas foram marcantes, provando que o Futebol brasileiro tinha mais de oba oba do que eficiência para encarar uma semifinal de Mundial, diante da Alemanha. O preparador físico da Seleção, Paulo Paixão, um dos homens de confiança de Scolari, quando restavam uns 20 minutos para o jogo começar, espalhou sal grosso por uma das partes do campo, a direita do banco de reservas dos brasileiros. O efeito foi contrário:  7 a 1. Engraçado é que ninguém explorou o fato. Antes quando estava no gramado, como que observando a grama, alguns comentaristas relataram que ele estava jogando o sal.  Depois a imagem lamentável da derrota do comandante que estava ali dentro como um dos símbolos para que o Brasil pudesse chegar ao hexa: Luiz Felipe Scolari. Ele caminhou para o banco e sentou depois que o Brasil levou o segundo gol. Não pode, em hipótese alguma, ser o comportamento de quem tem de transmitir a confiança, principalmente para ele, que sempre joga junto com o time. Até exagera em suas encenações, mas muitas vezes com bons resultados, diante da pressão que faz nos adversários e principalmente nos árbitros.

Também observei, graças ao serviço da mídia, que mostrou os mínimos detalhes das imagens dos treinamentos, Parreira, numa tarde qualquer, tentando mostrar algo a Luiz Felipe Scolari e este como o dono da verdade caminhando sem dar a mínima importância. É o estilo dele. Somos obrigados, também de certa forma, a respeitar algumas atitudes, porque estava enfrentando a maior pressão de sua vida. Nas entrelinhas  ficou evidente que não havia a tão encantada harmonia, natural quando se trabalha em grupo e os responsáveis são obrigados a administrar muitas vaidades. Mas o comportamento da maioria era de artista, atores perfeitos para que o Brasil tivesse um final feliz no dia 13 de julho. Porém a sentença já estava determinada há muito tempo. Por estas e outras, há mais de um ano, o ex-lateral Breitner, campeão do mundo em 1974, pela Alemanha, sentenciou: o Futebol brasileiro parou no tempo.

Está claro que o técnico errou na convocação. Teria de ter pelo menos dois jogadores mais experientes, não só Júlio César, diante da pressão para a disputa de uma Copa no Brasil. E o pior: como profissionais da bola, não poderiam levar o Brasil para o Mundial com dois centro-avantes - Fred e Jô - sem a capacidade necessária para termos certeza de que eles eram os homens dos gols. Teria de ser apenas um deles e o segundo, como falou recentemente o ex-zagueiro Ricardo Rocha, comentarista do Sportv, um atacante que todos respeitam pelo faro. Não necessariamente com amplos recursos técnicos, mas malandro quando o assunto é bola. Não vou citar nomes, mas a Comissão Técnica teria de ter preparado este jogador há mais de um ano. Ou não sabem que nos outros países a preparação começa exatamente quando termina um Mundial? Pior, a Alemanha há oito anos estava com o mesmo grupo em plena observação. Desde a derrota em 2006, em casa. O psicólogo da Seleção acompanha todos os 23 desde a categoria de base.

Para terminar o assunto, Neymar colocou ontem todos os pontos nos is. Foi firme. Nem parece um menino de 22 anos, com tanta personalidade e visão. Foi categórico, quando falou da maior lição da Copa, referindo-se a ele: “Faltou fazer um pouco mais de tudo”. Se para ele, que é um jogador diferenciado foi desta forma, então o que dizer para o resto? Não tinha mesmo como chegar a finalíssima. Fez uma revelação que chama muito atenção a respeito dos relacionamentos: a cara feia dos comandados e comandantes diante de adversidades. Normal esta relação, porque é um grupo em busca de acertos e objetivos. Mas, pela peça teatral preparada, parece que nem estes problemas havia. Sua grandeza maior foi ao falar sobre a continuidade ou não do trabalho de Scolari, dizendo que o Brasil, após as derrotas , terá a cultura da mudança, e no seu entendimento precisamos é corrigir o que está errado. Mas eu que tenho anos e anos acompanhando jogos e treinamentos, posso dar um curto recado para vocês: ele já manda e todas as trocas vão passar pelo seu aval. É assim o Futebol. Seleção Brasileira, mais ainda.

Os críticos do Futebol têm muito destes radicais da política, que ficam anos contestando todas as ações da situação e glorificam os opositores. Quando estes chegam ao poder, não hesitam quando questionados: “Não sabem de nada”. By by Scolari, Parreira, Júlio César, Dani Alves, Maicon, Fred e outros. A história de vocês foi bonita, mas o ciclo (Seleção) está vencido.





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