Quem foi que disse que Futebol é o Esporte mais democrático? Será mesmo? Claro que não! Lembro-me quando comecei a frequentar o Mineirão. Íamos todos lá de casa. Meu pai tinha uma Caravam daquelas que o banco da frente era inteiriço. A escalação era a seguinte: no banco da frente iam meu pai, meu irmão e minha mãe. O banco de trás era composto por Alberto (porteiro lá do prédio), Toninho da Cândida, Toninho pretinho e Adriano. No porta malas eu, Xandão e Rodrigo. Um time completo! O desespero tomava conta da galera quando minha irmã queria ir também. Alguém sobrava! Filha preferida do meu pai, e olha que ele nunca escondeu isso dos outros filhos, por isso que eu me tornei uma pessoa triste (kkkkk), um ia ter que ir de ônibus. Mas o pior é que todos no carro, inclusive meu pai, sabiam que ela era o maior pé frio. Mas deixa isso de lado!
De lá para cá o Futebol mudou muito. Fico pensando se hoje em dia, o porteiro de nosso prédio teria condição de ir ver a sua maior paixão jogar. Alberto era fanático! Sua boca não tinha sequer um dente, mas quando o Galo ganhava ele abria um sorriso que dava gosto de ver. E quando ganhava do Cruzeiro? Era pura felicidade a semana inteira! Toninho da Cândida marcou o gabarito do vestibular errado porque tinha que sair correndo para pegar carona com a gente. Lembro que quando ele contou isso, meu pai ficou tão nervoso que brigou comigo e com o meu irmão. Mas e daí! Isso tudo fazia parte do momento! Naquela época o Futebol era realmente democrático! Arquibancada com preço justo e Geral quase de graça! O Galo era da sua torcida, assim como Flamengo, Cruzeiro, São Paulo e tantos outros times também eram! E hoje? Eles são de quem?
Não sei! Mas tudo indica que cada time passou a ter um soberano. Um rei e não um presidente! Aquele que manda e desmanda sem se preocupar com a torcida. Pensam que podem enganar todos dizendo que precisam da renda para montar times cada vez mais fortes. Agora me digam: como podem dizer isso se 90% das suas contratações são um fiasco! No mínimo são escandalosas e obscuras! Jogadores são repatriados por uma fortuna. Passados alguns jogos e lá estão eles no banco de reservas. Tem alguma coisa errada aí! Claro que tem!
Com ingressos cada vez mais caros e com um futebol cada vez pior, os verdadeiros torcedores foram praticamente expulsos dos campos. Tirando uma pequena parte dos antigos torcedores que continuam a ir aos estádios, vários deixaram de lado, sendo a maioria deles pelo alto custo dos ingressos. Comprar um ingresso é fácil, quero ver é comprar para a família toda igual meu pai fazia. O púbico hoje é outro! Infelizmente existem vários babacas e patricinhas que vão ao campo desfilar suas camisas novas. Claro que nem todos são! Inclusive eu que também vou ao estádio! Mas quem não se lembra das camisas surradas da torcida do Galo que o preto virava quase azul de tanto lavar? Geralmente também eram furadas embaixo do braço.
E o racismo! Racismo? O que era isso? Se alguém chamasse um jogador de macaco apanhava na hora. Teria no mínimo uns 40 afrodescendentes ao lado. Veja bem: o racismo só está aparecendo no Futebol brasileiro porque estamos afastando os verdadeiros torcedores. Depois que o Galo passou a jogar no Independência, eu fui a quase todos os jogos e nunca mais vi pessoas como o Alberto, Toninho da Cândida, Toninho pretinho e tantos outros que por causa do alto valor dos ingressos não podem mais ver de perto a sua verdadeira paixão, o CAM! Uma pena! O pior é que isto está acontecendo com quase todas as torcidas do país!
*Leonardo Jeha
É vero!
ResponderExcluirNão vejo o racismo como algo inerente a uma exclusão de uma parcela da sociedade em detrimento a outra. Não enxergo que a extinção da geral e dos famosos geraldinos seja a porta para entrada de racistas.
ResponderExcluirConcordo que o futebol está inflacionado, mas afinal o que não está? Tudo e todos nós sofremos com a inflação. E infelizmente ela chegou ao futebol, o entretenimento mais democrático do mundo.
Mas convenhamos, é muito difícil para um clube manter o ingresso a 10 reais durante 20 anos. Se pegarmos desde a implantação do Plano Real, já se passaram 20 anos neste valor. E nisto o tropeiro, a cerveja, a água e demais ingredientes deste espetáculo sofreu com esta inflação. E por que não o ingresso?
Concordo que seu preço está muito alem da realidade, podemos copiar o Borussia, time de uma das maiores presença de publico no estadio e criar um setor "popular", afinal o que seria do futebol sem os geraldinos. Mas ao mesmo tempo vejo que está escalada no preço dos ingressos, espantaram alguns marginais ditos torcedores, trouxe mais tranquilidade ao estadio e as mulheres e famílias hoje podem estar presentes ao estádios com um pouco mais de segurança.
É um tema muito delicado que é preciso ver em todas as vertentes possíveis, será que pela processaria alguém por lhe chamar de negão, criolo ou neguinho? Será que o mesmo não sofreu na Argentina na decisão da Libertadores de 1963? Será que ele deixou de ser Rei por adjetivos que estamos cansados de ouvir? Não inocento quem faz destas palavras uma forma de agressão, só peço reflexão sobre a fragilidade que o ser humano está tendo em nossos tempos. Pele, Didi, Andrade, Claudio Adão, Dada, Zé Carlos entre outros, não deixaram de ser grandes jogadores por palavras mal ditas, sejam elas da geral, do camarote ou cadeira especial.
A questão do racismo transcende os gramados de futebol. O episódio com o Aranha é uma das consequências de um problema milenar que não atinge apenas os negros. As minorias são peças utilizadas por quem detém dinheiro e poder. E quando se tem dinheiro e poder, busca-se dinheiro e poder a qualquer custo
ResponderExcluirExiste e sempre existiu, o problema é que quando direciona-se para o negro rico ou para o homosexual rico, todos se calam. É ainda pior do que pensamos, não se trata de raça, orientação sexual ou crença religiosa, é simplesmente questão de status financeiro.
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